Quattro, primeiro Audi com tração 4×4, foi atração do Salão de Genebra de 1980

Em março de 1980, durante o Salão de Genebra, os refletores revelaram ao mundo o primeiro Audi de tração integral. Foi uma das principais novidades da mostra suíça daquele ano. O modelo Quattro era um cupê com motor cinco cilindros turbo de 2,1 litros e 200 cv que começou a ser comercializado no final daquele ano. Hoje, o grupo contabiliza mais de três milhões de veículos vendidos com o sistema Quattro (que acabou virando uma marca registrada). Agora chegou a vez do A1, o caçula da família, ganhar a festejada receita 4×4. Por enquanto, trata-se apenas de um protótipo, que deverá ser apresentado este ano. Mas a Audi afi rma que o modelo de série chega só daqui a dois anos. Mesmo assim, conseguimos autorização para experimentar o modelo, com motor sobrealimentado de 1,4 litro e 185 cv. “A versão de série terá um motor ainda mais exuberante”, afirma Josef Schlossmacher, responsável pela comunicação da Audi.

O pequeno A1 vermelho estava estacionado no meio do bosque de Mont Tremblant, em Montreal, no Canadá. “Lembre-se de que o carro está sem ESP (sistema eletrônico de estabilidade)”, advertiu. “Mas os pneus têm pregos para neve”, completou. Não era excesso de zelo. Dirigir um carro pequeno e leve em uma pista com neve, sem o auxílio do controle de estabilidade, é sempre muito arriscado (leia mais na página 65). Não teria melhor lugar para avaliar a nova tração. Seria apenas ela a responsável por manter o carro nos trilhos.

O interior deste A1 é igual ao das versões com tração dianteira: o espaço é bastante limitado, mas o acabamento e a lista de equipamentos são ótimos

Sento a bordo, rumo ao trajeto cheio de curvas e buracos. Engato a primeira e movo o carro lentamente, para sentir a aderência daquela placa de gelo. Os pneus ajudam bastante. O atrito é bom e me sinto seguro para iniciar o teste. Melhor assim, já que – exceção feita aos freios ABS – não poderei contar com nenhuma ajuda da eletrônica.

A primeira impressão é boa. O A1 apresenta um comportamento franco e previsível, sem reações bruscas. Mesmo nos momentos mais complicados, me movimento com facilidade, graças à transferência de parte do torque da dianteira para a traseira. Dá até para pesar um pouco o pé. Você não precisa dirigir devagar para ter controle da situação. Nas retas, ele se mantém neutro mesmo quando se passa por trechos cheios de irregularidades. O esterço é preciso e rápido, mas nas curvas sente-se falta do ESP. Para aproveitar a tração integral e evitar as saídas de frente, antecipo bastante a entrada nas curvas, tiro o pé do acelerador por apenas um segundo e deixo o pequeno carro escorregar docemente antes de voltar a acelerar. Depois de pegar o jeito, o Audi A1 Quattro mostra que tem potencial para ser um carrinho dinâmico, ágil e obediente. Foi um prazer guiá-lo!

O SISTEMA 4×4

Distribuição ideal do torque

Para o A1 Quattro, a Audi apostou em um esquema de tração integral que, basicamente, é bastante similar ao do A3 e do TT. Concebido especificamente para ser aplicado em carros com motor transversal, funciona com frição Haldex de acionamento hidráulico e gestão eletrônica. Em condições normais, a embreagem manda a maior parte do torque para o eixo dianteiro, com transferência progressiva para as rodas traseiras, conforme a necessidade. Isso exigiu uma articulação específica no lugar do eixo de torção traseiro utilizado no carro 4×2. No modelo de série, essa mudança das rodas de tração será feita mais rapidamente que no modelo avaliado.