Fórmula 1 evolui a cada ano para tentar elevar a competitividade e a emoção nas provas – e assim não perder seu público, que já reclama da redução no ruído dos motores atuais. Por isso, a FIA planejou uma série de mudanças nos carros e nas regras da temporada 2019. Elas ajudarão a dar uma sobrevida à categoria até a grande mudança no regulamento e no visual dos monopostos, que está prevista somente para 2021.

Nesse McLaren MCL34 dá para notar bem como a asa dianteira tem um design mais simples

OS CARROS

Um dos destaques da temporada está no aumento do tamanho dos carros, agora grandes como um sedã executivo, com cerca de 5 m de comprimento, 2 de largura e impressionantes entre-eixos, na faixa de 3,7 m. Eles estreiam um novo pacote de regras para a aerodinâmica que busca aumentar as ultrapassagens. A asa dianteira traz um design simplista e novas proporções: está mais larga (2000 mm), profunda (1225 mm da extremidade até o centro da roda) e alta (225 mm). A de 2018 tinha 1800 mm, 1200 mm e 200 mm, respectivamente. Outra alteração está nos dutos, que atuam melhor quando há downforce (pressão aerodinâmica).

Os Mercedes-Benz W10 continuam sendo pillotados pela dupla Lewis Hamilton e Valtteri Bottas

Os monopostos ainda receberam nova asa traseira de 1050 mm de largura e 870 mm de altura. A zona de atuação do DRS (Drag Reduction System ou sistema de redução do arrasto) cresceu de 65 para 85 mm. Mais uma novidade: as aletas ao lado da célula de sobrevivência (bargeboard) foram espichadas em 100 mm no comprimento e estão 15 mm menores para cooperar na distribuição de ar. Além disso, os espelhos retrovisores foram redesenhados e a câmera onboard, reposicionada. Na balança, o peso dos bólidos agora é de 743 kg, já incluindo os cerca de 80 kg do piloto, enquanto a quantidade máxima de combustível passou de 105 para 110 kg.

Os motores da Renault deixam de equipar os carros da Red Bull Racing após doze temporadas e quatro títulos mundiais de construtores/pilotos. É a Honda quem passa a fornecer as unidades de potência para a RBR e também para a Scuderia Toro Rosso. Embora tenha apresentado muitos problemas de confiabilidade com a McLaren ao longo das temporadas de 2015, 2016 e 2017, a expectativa dos japoneses é reduzir a distância para a Mercedes-Benz e a Ferrari.

OS PILOTOS

Entre novatos e veteranos, a temporada 2019 trouxe o retorno de Robert Kubica à Fórmula 1. Em 2011, quando disputava o rali “Ronde di Aurora”, o polonês bateu o seu Skoda Fabia contra a proteção da pista sofrendo múltiplas fraturas no braço direito, na perna e na mão. Passados oito anos, ele agora assume o cockpit da Williams ao lado do estreante George Russell, atual campeão da Fórmula 2. Lance Stroll deixou a equipe de Sir Frank Williams para correr em seu próprio time, a Racing Point Force India.

Ao lado da célula de sobrevivência, as aletas estão mais compridas e menos altas. Na foto, o RB15

O novo titular da Ferrari é o jovem Charles Leclerc (antes, da Sauber), que substituiu o finlandês Kimi Räikkönen e será companheiro do tetracampeão Sebastian Vettel. Räikkönen e o italiano Antonio Giovinazzi vão defender a Sauber – é a primeira vez que teremos um piloto da Itália na F1 desde 2011, à época com Vitantonio Liuzzi e Jarno Trulli. O tailandês Alexander Albon, terceiro colocado na Fórmula 2 em 2018, assume pela Scuderia Toro Rosso (STR) junto de Daniil Kvyat, que foi demitido do time júnior da Red Bull Racing no meio da temporada 2017.

Na Mercedes-Benz continuam como pilotos o pentacampeão Lewis Hamilton e o finlandês Valtteri Bottas. O primeiro, no time desde 2013, possui contrato para mais duas temporadas, enquanto Bottas permanece até o final do ano. A dança das cadeiras também envolveu Daniel Ricciardo, que foi da Red Bull Racing para a Renault. Já a sensação Max Verstappen continua na RBR, mas na companhia de Pierre Gasly (antigo piloto da STR).

Como os RB15, os bólidos da Toro Rosso também trocam o motor Renault por um Honda

Como já esperado, o bicampeão Fernando Alonso saiu da McLaren e recentemente venceu as 24 horas de Daytona pelo Mundial de Endurance. Em seu lugar entrou Carlos Sainz Jr. e o belga Stoffel Vandoorne foi demitido do time de Woking para a vinda de Lando Norris. Embora a F1 não tenha um piloto brasileiro no grid de largada, dois vão trabalhar como pilotos de testes: Pietro Fittipaldi e Sergio Sette Camara (leia mais sobre eles abaixo).

O CALENDÁRIO

Ao todo, serão 11 circuitos na Europa, quatro nas Américas, um na Austrália e cinco na Ásia. Comparado ao ano passado, houve uma troca entre as etapas do México e dos Estados Unidos. Dois fatos históricos marcam a temporada: o milésimo GP da F1 será realizado em Abril, na etapa da China, e o mítico circuito de Hockenheim volta ao Calendário. Interlagos também já está confirmado. Veja a programação completa ao lado.

OS BRASILEIROS

Pietro Fittipaldi, neto do bicampeão Emerson Fittipaldi, nasceu em 25 de junho de 1996, e aos 15 anos de idade, conquistou o campeonato norte-americano da Nascar na categoria Limited Late Model. Embora jovem, possui um currículo vitorioso, com títulos no campeonato da F-Renault britânica, em 2014, e a taça da F3.5 V8 (antiga World Series by Renault) em 2016. O brasileiro é o novo piloto de testes da HAAS F1 Team. Já o mineiro Sérgio Sette Camara nasceu 1998, em Belo Horizonte (MG). Formado no time de jovens pilotos da Red Bull, Sérgio Sette Camara já andou de Fórmula 3, Toyota Racing Series, Fórmula 2 e agora vai à Fórmula 1 – onde atuará como piloto de testes da McLaren.