4.3 V8 de 510 cv

0 a 100 km/h: 3s4

Máxima: 320 km/h

208.151 Euros

Sessenta milisegundos, só sessenta milisegundos. É esse o pensamento que vem à cabeça quando, em rápida seqüência, se acende o último LED na parte superior do volante, indicando que chegou o momento de acionarmos a borboleta da direita para engatar a marcha seguinte. Na realidade, não há tempo de pensar em nada – só o impulso de acionar o comando – e imediatamente há uma mudança no rugido do motor e um grande número em vermelho no display do painel indica “5”: a quinta marcha foi engatada em um tempo menor que uma piscada de olhos. Realmente fantástica essa emoção de pilotar a Ferrari F430 Scuderia F1. Este tempo de troca só perde para um Fórmula 1, cujo mecanismo leva míseros 40 milisegundos para trocar de marcha. Uma sensação deliciosa de se experimentar.

À esquerda, o volante com parte superior em carbono e LEDs luminosos do conta-giros. À direita, os instrumentos: prioridade para as rotações do valente motor

O indescritível som dos oito cilindros girando rápido (até 8.500 rpm) inunda todo o habitáculo e a pilotagem fica ainda mais prazerosa. Enchendo a quinta marcha, já estamos perto dos 300 km/h, com o asfalto a poucos centímetros do assento. Longe da situação que enfrentamos em nossos carros no dia-a-dia.

Selo comemorativo de 60 anos da marca. À direita, o banco esportivo com cinto de quatro pontos

Na realidade, a Scuderia é apenas parente, apesar de próxima, daquela belíssima esportiva Gran-Turismo que é a F430 F1, tantas foram as alterações feitas tanto na carroceria quanto na aerodinâmica e mecânica do modelo “normal”. A Scuderia quase se transformou em outro carro, alterou-se sua essência: seu peso é cerca de 100 kg menor, e foram usados materiais como fibra de carbono para substituir o metal, e a resistência do titânio onde antes era utilizado o aço. As rodas são do tipo super leves. No motor V8 de 4,3 litros, os técnicos conseguiram mais 20 cv com relação ao motor da F430 e chegaram aos 510 cv, o que corresponde a uma inédita potência específica de 118 cv/litro e a um torque de também respeitáveis 48 kgfm. Um apuradíssimo sistema eletrônico que comanda injeção e ignição permite que o motor opere com uma altíssima taxa de compressão de 11,88:1, operando com gasolina super.

No câmbio, o sistema automatizado permite que os eletroatuadores efetuem as trocas rapidamente. O segredo do F1 Super-Fast2 (nome oficial) está nos novos software e hardware capazes de gerir abertura e fechamento do platô da embreagem e o desengate e engate da nova marcha em um tempo incrivelmente baixo, os já citados 60 milisegundos. Os freios também são especiais: a Ferrari desenvolveu discos carbocerâmicos específicos para o esportivo sendo que os dianteiros têm enormes 398 mm. Neste ponto, a contribuição de Michael Schumacher, sete vezes campeão mundial de Fórmula 1, foi fundamental. O heptacampeão realizou muitos testes e ajudou os técnicos com informações precisas sobre os resultados de comportamento dinâmico da Scuderia sob as mais diversas condições de utilização. Além disso, o piloto alemão contribuiu para o acerto do comportamento do carro para cada um dos SCUDERIA cinco setups ajustáveis através de um comando no volante. No velho circuito de Nurburgring, Schumi dedicou-se principalmente a afinar suspensão, freio e respostas do motor do carro com o seletor na posição “race”, sua especialidade. Mas com todas as outras regulagens (sport, chuva, sem controle de tração e sem controle de tração e estabilidade) Schumi esforçou-se para que a Scuderia ficasse “redonda”, andando como um bólido: um verdadeiro acerto de campeão.

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É possível até usar a Scuderia no dia-a-dia: basta selecionar a opção “chuva” que a fera fica calminha e fácil de conduzir: as suspensões ficam dóceis, as respostas do motor bem tranqüilas, o volante passa a ter respostas mais lentas, o freio fica menos agressivo e o motorista comum fica com controle total da situação. Dá até para passear com a Scuderia e curtir os olhares invejosos. Agora para andar realmente forte – e a tocada da Scuderia é fortíssima – é outra conversa. Para desfrutar 100% de sua capacidade é preciso ter uma sensibilidade e uma capacidade de condução fora do comum. Para verdadeiros pilotos.