A falta de peças nas montadoras, aliada ao agravamento da pandemia de covid-19 e o aumento do ICMS pelo Governo de São Paulo são alguns dos fatores por trás da queda de vendas de carros registada em fevereiro. os emplacamentos de veículos novos, considerando todos os segmentos automotivos (automóveis, comerciais leves, caminhões, ônibus, motocicletas, implementos rodoviários e outros), somaram 242.080 unidades, o que representa uma retração de 17,48%, na comparação com fevereiro do ano passado (293.357 unidades). Na comparação com janeiro de 2021 (274.081 unidades), o resultado também foi negativo, representando queda de 11,68%.

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Os números referentes às vendas de carros fazem parte do levantamento divulgado pela Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores) nesta terça-feira, 2 de março. No acumulado do 1º bimestre de 2021, houve queda de 12,78%, com 516.161 unidades emplacadas, contra 591.816 veículos comercializados, no mesmo período do ano passado.

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Para o Presidente da Fenabrave, Alarico Assumpção Júnior, alguns fatores impactaram negativamente nas vendas de carros como a falta de componentes para normalizar a produção e o aumento dos casos da COVID-19. Na indústria, mesmo com os esforços das montadoras, para aumentar a produção, a falta de disponibilidade de peças e componentes ainda persiste, fazendo com que algumas fábricas tivessem de paralisar, temporariamente, a produção em fevereiro, afetando, de forma importante, a oferta de produtos. Além disso, o aumento dos casos de covid-19, que provocou o retrocesso da abertura do comércio em várias cidades, também contribuiu para a queda de vendas do mês de fevereiro”.

Assumpção Júnior destacou o aumento do ICMS em São Paulo como um dos principais vilões do mercado. “Os preços dos veículos, tanto novos quanto usados, ficaram mais caros em São Paulo, em função do aumento de alíquota do ICMS– Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, que passou de 12% para 13,3% para veículos novos e de 1,8% para 5,53% para usados, tornando os negócios das concessionárias e lojistas quase que impraticáveis. Todos saíram perdendo com isso: consumidor, empresários, empregados e o próprio Governo de São Paulo que, certamente, não terá aumento de arrecadação, pois há tendência de os negócios serem realizados fora do estado, onde o ICMS é menor”.

No ranking histórico de vendas de carros (entre todos os meses de fevereiro, desde 1957), fevereiro/2021 e o acumulado do bimestre estão na 13ª posição.

Vendas de carros

Os segmentos de automóveis e comerciais leves, somados, apresentaram queda de 17,85% em fevereiro de 2021 (158.237 unidades), nos emplacamentos, se comparados com o mesmo período do ano passado (192.610 unidades). Com relação ao mês de janeiro, quando foram licenciadas 162.556 unidades, houve queda de 2,66% nas vendas de carros.

No acumulado do ano, a retração foi de 14,85%, totalizando 320.793 unidades, contra os 376.722 emplacamentos, registrados no mesmo período de 2020.

“Mesmo com o cancelamento do feriado de Carnaval e os esforços feitos pelas montadoras para normalizar a produção, o mês de fevereiro fechou em baixa, o que já era esperado, dadas as dificuldades, com paralisações por escassez de peças e componentes, que fazem com que haja falta de alguns modelos no mercado”, analisou Assumpção Júnior.

No ranking histórico de vendas de carros, o mês de fevereiro/2021 está na 11ª posição e, no acumulado do ano, está na 12ª colocação.

Caminhões

As vendas de caminhões continuam aquecidas. Em fevereiro, foram emplacados 7.719 veículos, 18,46% acima do resultado de igual mês de 2020 (6.516 unidades).

Já na comparação com janeiro de 2021, quando foram emplacadas 7.262 unidades, houve crescimento de 6,29% e, no acumulado do ano (14.981 unidades), o resultado ficou positivo em 9,37%, quando comparado a igual período do ano anterior (13.697 unidades).

“O que dita o número de emplacamentos, hoje, é capacidade de produção das montadoras, já que, praticamente, não há estoque de caminhões nas concessionárias. Assim como os demais segmentos, os caminhões vêm enfrentando a escassez de peças e componentes, o que limita a oferta. Como a demanda se mantém aquecida, tanto pelos resultados das commodities, quanto pela boa disponibilidade de crédito para o segmento, a falta de produtos faz com que os pedidos atuais tenham a entrega de alguns modelos programada até para os meses de setembro e outubro”, comentou Assumpção Júnior.

No ranking histórico, tanto o mês de fevereiro/2021 quanto o acumulado ocupam a 7ª colocação para caminhões.

Ônibus

Em fevereiro, o mercado de ônibus emplacou 1.428 unidades, o que significa retração de 22,43% sobre fevereiro de 2020, quando foram negociadas 1.841 unidades. Quando comparado com o mês de janeiro (1.324 unidades), a alta foi de 7,85%. No acumulado de 2021 (2.752 unidades), o resultado do 1º bimestre foi negativo em 31,18%, na comparação com 2020 (3.999 unidades).

“Este segmento foi e continua sendo o mais atingido pelos efeitos da pandemia. O avanço da segunda onda da COVID-19, que continua provocando restrições de circulação e cancelamento de viagens, afeta muito as empresas do setor”, disse Assumpção Júnior.

No ranking histórico das vendas de ônibus, o mês de fevereiro e o acumulado de 2021 ocupam a 12ª colocação.

Implementos rodoviários

O mercado de implementos rodoviários emplacou, em fevereiro/2021, 6.596 unidades, apresentando crescimento de 49,77% sobre o mesmo mês do ano passado (4.404 unidades), mas retraiu 1,93% sobre janeiro/2021 (6.726 unidades).

No acumulado do ano, houve crescimento de 47,22% (13.322 unidades) sobre igual período de 2020 (9.049 unidades). ”O segmento vive um momento parecido com o de caminhões: demanda aquecida, assim como o mercado de commodities e boa oferta de crédito”, explicou o Presidente da FENABRAVE.

Motocicletas

Em fevereiro de 2021, o mercado de motocicletas licenciou 57.428 unidades, o que significa uma baixa de 28,07% sobre fevereiro de 2020, quando foram emplacadas 79.837 unidades. Houve, também, queda de 33,10% sobre janeiro desse ano (85.839 motos).

Os emplacamentos, no acumulado de 2021, somam 143.267 unidades que, comparadas às 171.528 unidades, de igual período de 2020, resultam em uma queda de 16,48%.

“O mês de fevereiro foi, fortemente, impactado pela segunda onda da pandemia da COVID-19, que fechou as fábricas, afetando a produção em Manaus (AM), também prejudicadas pela escassez de peças e componentes nos últimos meses, causando um desajuste de oferta. O estoque de motos, nas concessionárias, está extremamente baixo e, para alguns modelos, a espera chega a até 40 dias. A demanda segue aquecida, fomentada pela consolidação da motocicleta como meio de transporte individual pessoal e de trabalho (delivery/serviços), dado o incremento das vendas do e-commerce, além da boa oferta de crédito pelas instituições financeiras, que estão aprovando 45% das propostas apresentadas”, avaliou Assumpção Júnior.

No ranking histórico das vendas de motos, o mês de fevereiro/2021 está na 19ª colocação e, no acumulado do ano, na 14ª posição.

Tratores e máquinas agrícolas

Por não serem emplacados, os tratores e as máquinas agrícolas apresentam dados com um mês de defasagem, pois dependem de levantamento junto aos fabricantes.

Em janeiro/2021, as vendas de tratores e máquinas agrícolas (3.085 unidades) registraram queda de 36,67%, na comparação com o mês de dezembro (4.871 unidades). Na comparação com janeiro de 2020, quando foram vendidas 2.468 unidades, a alta chegou a 25%.

“A demanda continua forte, impulsionada pelo bom desempenho do agronegócio, assim como pela valorização do dólar e em função da grande demanda externa de nossas commodities. Mas a indústria ainda sofre com a falta de insumos e componentes, que cria uma situação de baixa oferta, fazendo com que o agendamento das entregas seja postergado para o mês de junho de 2021.

Os agentes de crédito estimam um crescimento da carteira de financiamento para o setor, na ordem de 25%, devendo atingir R$ 24 bilhões. Vale salientar que a postergação e até o cancelamento das feiras de negócios, que representaram, nos últimos anos, entre 50% a 60% das transações efetivadas, não devem exercer influência no ano de 2021”, explicou o Presidente da FENABRAVE.