Sempre achei o Kia Soul um carrinho bem bacana. Mas essa foi a primeira vez que o avaliei subjetivamente. Como propõe esta nossa seção, usei o carro no meu cotidiano para ir ao trabalho, passear, fazer compras… Tudo isso sabendo que, ao final do teste, precisaria ter uma opinião formada sobre a funcionalidade do carro no meu dia a dia e dar uma opinião direta, sem rodeios: gostei ou não gostei. E eu gostei de usar o Soul, principalmente por ser o modelo de entrada.Talvez não pagasse R$ 65 mil pela versão top, mas R$ 53 mil por um familiar 1.6 com ar-condicionado, airbag duplo, direção elétrica, CD com MP3 e banco com regulagem de altura, entre outros itens, já considero um preço interessante – principalmente porque o Soul tem uma funcionalidade semelhante à das minivans, só que com mais tempero.

Primeiro, o design externo. Quem usa uma minivan passa recibo de mãe (ou pai) de família. Ninguém que não tenha que carregar ao menos duas crianças, com suas respectivas cadeirinhas e assentos elevatórios, compra uma minivan – ou pelo menos não deveria comprar, já que essa é a proposta desse tipo de carro. Não que eu não goste de ser mãe de família, mas seria bom transmitir também uma imagem de mulher moderna, profissional, antenada. E é exatamente isso que o design jovial e descolado desse Kia proporciona. Por isso as pessoas gostam tanto dele.

Por dentro, você volta à realidade, acomodando a todos sem atropelos e brigas por espaço. Assim como o porta-malas, o porta-luvas é amplo (cabe um monte de tranqueiras que a gente adora carregar no carro) e a posição de dirigir é alta – mas não elevada demais a ponto de fazer você se sentir navegando um barco.

Se não é um esportivo, pelo menos também não aderna tanto nas curvas, contornadas sempre com competência e sem sobressaltos. O motor 1.6 16V desempenha bem seu trabalho, auxiliado pelo câmbio manual de engates precisos (a caixa automática piora um pouco a performance). Para ser bem sincera, a única coisa que me incomodou de verdade no carro foi na hora de abastecer. Já estava parada na bomba de etanol quando lembrei que o carro não é flex. E isso é bem ruim

 

As linhas quadradas são sutilmente quebradas pelas curvas da lanterna e outros elementos arredondados, como suas salientes caixas de roda

CONTRA

PONTO

O Soul é um carro muito peculiar. Mesmo disputando mercado com monovolumes, ele tem ar de crossover e comportamento de compacto. Gostei muito do desempenho na cidade: o motor 1.6, se não empolga muito, também não deixa a desejar. Mas o que realmente encanta no modelo é o design futurista, que chama bastante a atenção.

Só acho que ele deveria ter um interior mais ousado – afinal, por dentro ele é bem mais comportado do que deveria. Faz falta também o ajuste de profundidade do volante. Mesmo assim, a posição de dirigir agrada: garante boa visibilidade e os comandos ficam à mão. O Soul pode ser uma excelente opção para quem busca amplo espaço, pacote de equipamentos generoso, agilidade na cidade e visual arrojado. Se essas fossem minhas prioridades, ele seria minha opção de compra – mas certamente substituiria essas rodas menores pelas imponentes aro 18 do modelo top de linha (que podem ser adquiridas como opcional para esta versão de entrada). Com elas, este coreano fica ainda mais bonito.

Rafael A. Freire | Repórter