10/01/2013 - 14:42
“O Model S está para a Tesla assim como o iPod Nano está para a Apple.” Essas são as palavras de George Blankenship, ex-guru comercial que trabalhava para Steve Jobs e hoje é diretor de vendas da Tesla. A surpreendente fabricante de veículos elétricos de Palo Alto, Califórnia (EUA), construiu toda sua reputação a partir do Tesla Roadster, o primeiro carro elétrico da era moderna.
O segundo filho da Tesla é um sedã de cinco metros com ares de Aston Martin. Tem a missão de tirar a marca dos “supernichos” e conquistar clientes ricos que buscam um carro versátil, para viajar com a família. É um rival para Mercedes S 400 Hybrid e BMW ActiveHybrid 7 (já vendidos no Brasil, enquanto o Tesla não deve chegar tão cedo).
Para cumprir a missão, o Tesla Model S tem, na versão topo de linha que avaliamos, uma autonomia de excelentes 500 quilômetros. Claro que, para atingir esse número, você deve dirigir com o pé leve e jamais ultrapassar os 120 km/h. Mas, mesmo que você descumpra essas regras, a carga das baterias ainda é suficiente para eliminar o “medo de ficar sem energia”, que é considerado um dos maiores problemas dos carros elétricos hoje. Com isso, o plano é que mais pessoas comprem a ideia de ter um modelo totalmente elétrico e a Tesla aumente sua penetração. Daí a missão do Model S de “democratização” da tecnologia e a analogia com o iPod Nano.
Ao entrar na cabine, no entanto, o que vem à cabeça é o iPad – a coisa que mais se assemelha à tela gigante de 17” no centro do painel. Sem dúvida, a maior tela sensível ao toque da indústria automobilística. É difícil encontrar botões. Tudo – ar-condicionado, navegador GPS e até mesmo a abertura do enorme teto-solar panorâmico – é comandado por toques. Em uma cabine tradicional, nada como esse display para lembrá-lo de que está em um carro que olha para o futuro.
Uma vez em movimento, pensamos que definitivamente é o silêncio que nos projeta na era pós-combustão. Aqui, enfatizando a entrega dos 416 cv da versão S Performance, há um silvo similar ao de um trem do metrô – mas um metrô que acelera de zero a 100 km/h em meros 4,6 segundos. No mais, como em qualquer elétrico, todo o torque está disponível a 1 rpm. Assim, apesar dos mais de 2.100 quilos, que são sentidos em mudanças bruscas de trajetória, o S é bem equilibrado e bastante ágil. A direção, com assistência elétrica, é ajustável em três níveis, de superleve a esportivo.
O objetivo do Model S é conquistar mais 25 mil consumidores ao ano para a marca. Além dele a marca pretende vender 15 mil unidades do Model X, um novo crossover feito na mesma base. Mas a grande jogada está prevista mesmo para o fim de 2015, com o modelo que a Tesla chama de “terceira geração”: trata-se de um ambicioso rival para o BMW Série 3, que vai custar metade do Model S. “Será o nosso iPhone”, diz Blankenship, com brilho nos olhos.