A vida não está nem um pouco fácil para o Argo. Ele chegou ao mercado brasileiro no meio do ano passado e entrou em um nicho que, certamente, tem a maior disputa pela preferência do consumidor: os hatches compactos. No ano passado, os três carros mais vendidos do mercado nacional (Chevrolet Onix, Hyundai HB20 e Ford Ka) são ferrenhos concorrentes desse segmento. E olha que o Argo está se saindo muito bem: suas vendas estão em alta, um claro indício de que o consumidor está gostando do que a Fiat está oferecendo.

Optei por avaliar o Argo Drive 1.3 com câmbio manual de cinco marchas. Não tão despojado quanto o 1.0 três cilindros de entrada e nem tão caro quanto as versões superiores, equipadas com motor 1.8. Esse moderno 1.3 é um bom motor quatro cilindros de exatos 1.330 cm³, que produz 109 cv (com etanol) e um torque máximo de 14,2 kgfm, que mostra brilho, principalmente, por apresentar valores sensíveis de torque desde as baixas rotações. Se a potência máxima não é seu forte, esse projeto recente de motor da Fiat se destaca pela força que, na prática, se traduz em boa dirigibilidade e baixo consumo. Construtivamente simples, possui um único comando de válvulas no cabeçote e apenas duas válvulas por cilindro.

Segundo o PBE Veicular, do Inmetro, o consumo urbano desse Argo 1.3 é de 9,2/12,9 km/l (etanol/gasolina) e o consumo rodoviário é de 10,2/14,3 km/l (etanol/gasolina). Esquecendo um pouco as medições laboratoriais, fiz algumas medições de consumo práticas. Na estrada, com etanol, as médias giravam ao redor de 12,5 km/l com o carro carregado. Com gasolina e na estrada, nas mesmas condições, os resultados foram substancialmente melhores: na casa dos 17 km/l. Na cidade, com etanol, o consumo girou ao redor dos 9 km/l. Já com gasolina, foi para generosos 12 km/l. Definitivamente, esse modelo 1.3 é econômico. O fato do Argo 1.3 apresentar um consumo contido de combustível não significa que ele tenha um desempenho ruim, tanto que sua velocidade máxima gira em torno dos 180 km/h, fato que demostra um certo vigor do hatch da Fiat.

Algumas coisas me surpreenderam no Argo. Uma delas é o bom aproveitamento do espaço interno. O trabalho de ergonomia desenvolvido pelos técnicos é elogiável: o painel baixo e recuado mais para perto do para-brisa dá uma boa sensação de espaço para quem vai na frente. Os bancos dianteiros, mais finos e estreitos e o curto assento do banco traseiro acabaram gerando também uma agradável sensação de espaço para quem vai atrás.

Com 2,52 m de distância entre-eixos, a habitabilidade para motorista e passageiros chega a surpreender. Outro destaque é a maciez do estofamento, que proporciona uma agradável sensação de conforto. As caixas de ar baixas com relação ao assoalho e o bom ângulo de abertura das portas, certamente facilita muito a vida daqueles mais idosos ou com dificuldades de locomoção para entrar e sair do carro. Com 300 litros de capacidade no porta-malas, o Argo serve bem a uma família de até quatro pessoas e suas tralhas. As críticas ficam por conta do câmbio e motor, com ruídos acima do esperado. Uma forração acústica mais caprichada resolveria fácil essa questão.

A versão Drive 1.3 com câmbio manual que avaliei é oferecida a partir dos R$ 54.990 em seu modelo básico, um preço atraente com relação aos concorrentes do segmento. Mas, esse modelo de entrada é mais simples que o carro das fotos. Com todos os opcionais (faróis de neblina, rodas de liga leve de 15 polegadas, vidros elétricos traseiros e retrovisores elétricos, sensor de ré e câmera de estacionamento), o Argo Drive 1.3 custa R$ 60.190. E deixa de ser tão atraente…

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