04/07/2025 - 14:00
Poucos carros da Fiat estrearam tão mal quanto a Titano, lançada em 2024. Antipatizada pela crítica por suas limitações técnicas, fechou o ano na última posição: enquanto a líder Toyota Hilux vendeu 50.010 unidades, a Titano registrou 6.223 emplacamentos, segundo dados da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores).
Contudo, a primeira picape média da marca italiana está em plena recuperação. Já não é mais a última, mas quarta colocada, atrás somente de Hilux, Ranger e S10. E ao desembarcar na linha 2026, resolve quase tudo que lhe causou má fama.

O antigo motor 2.2 BlueHDi, de 180 cv e 40,8 kgfm, oriundo da PSA, foi substituído pelo Multijet 2.2, de 200 cv e 45,9 kgfm. A transmissão automática era de seis marchas, agora é de oito velocidades. Dados da Fiat apontam para consumo no ciclo urbano de 9,9 km/l e rodoviário de 10,8 km/l; a aceleração de 0 a 100 km/h passou de 12,4 segundos para 9,9 segundos.
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Nova calibração da suspensão, direção elétrica, freios traseiros a disco e novo sistema de tração integral permanente completam as evoluções mecânicas. Na cabine, console central e alavanca do câmbio foram redesenhados, enquanto a central multimídia de 10 polegadas ganhou uma página exclusiva para condução fora de estrada.

A gama segue enxuta, com a Endurance abrindo o catálogo por R$ 233.990, seguida por Volcano, de R$ 263.990, e Ranch, de R$ 285.990, a única com quadro de instrumentos (7 polegadas) colorido.
Campo de provas
Os esforços da Titano foram comprovados no Circuito dos Cristais, em Curvelo (MG). Na pista principal, o novo motor demonstrou o que se espera para um veículo utilitário, com boa entrega de torque em baixas rotações e casamento harmonioso com a transmissão de oito marchas.

No setor do campo de provas que simula quebra-molas e ruas esburacadas e de paralelepípedo, é nítida a sensação de que a Titano passa a tratar melhor os ocupantes, sem o sacolejo dos primeiros exemplares, sensação maximizada pela maciez da direção elétrica.
O próximo desafio é fora da estrada, com lamaçais facilmente vencidos pela picape e pirambeiras que colocaram à prova a competência do Hill Descent Control, o recurso que segura o carro em aclives muito acentuados. Minutos depois, surge uma Titano rebocando uma carreta com 3,5 toneladas de troncos de madeira.
Quando já havia nos convencido de que se tornara uma picape muito melhor, aparece um guindaste içando um saco com 700 kg para depositá-lo na caçamba. A ordem era seguir por uma estrada confirmar que a picape mantém a desenvoltura mesmo carregada.
Apenas o acabamento não evoluiu, exceto pela alavanca do câmbio mais refinada. Nas portas, o material usado é áspero até mesmo para um utilitário.
Para Alexandre Clemes, diretor de Marketing de Produto da Fiat, as mudanças devem garantir a permanência da picape na quarta colocação do ranking de vendas. “Sabemos que há um trabalho de reputação pela frente. Nesse segmento, a tradição e a confiança são elementos importantes”, explica.
A estreia da Titano marca o início da operação do Hub de Picapes da Stellantis no Polo Automotivo de Cordoba, na Argentina. De acordo com a empresa, serão gerados 1.800 empregos, 50% ocupados por mulheres.