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No mundo das picapes, a Fiat Toro e a Renault Oroch são as mais novas estrelas. Brilham como devem brilhar, pois iniciam uma nova geração que deverá nortear os futuros projetos de todos os fabricantes mundiais: o das picapes montadas sobre monobloco.

Basicamente, as picapes médias e grandes de nosso mercado e dos mercados internacionais são feitas como se fazem os caminhões: duas longarinas reforçadas de aço, onde toda mecânica (motor, câmbio, suspensões, direção, freios, eixos, e por aí vai…), a cabine e a carroceria são fixadas. As vantagens desse sistema construtivo estão, principalmente, na robustez. Como nos caminhões.

E é exatamente essa receita que Henry Ford utilizava nas primeiras picapes, aquelas derivadas do Ford Modelo T lá pelos anos de 1910 e 1920. Um conceito antigo e que demorou para ser revisto pelo mundo. A pergunta que não quer calar é: por que ninguém construía picapes médias utilizando os mesmos conceitos dos automóveis?

A Honda foi pioneira nesse tipo de construção de picapes médias, no inicio dos anos 2000, utilizando estrutura monobloco de chapa de aço estampada no modelo Ridgeline. Seu sucesso não foi estrondoso principalmente pelo conservadorismo do consumidor norte-americano. Mas um grande passo foi dado rumo à modernidade. Os engenheiros e os fabricantes perceberam que era possível fazer picapes robustas e mais seguras utilizando a estrutura monobloco em aço estampado ao invés das velhas longarinas com carrocerias e cabine parafusados.

O velho tabu fora quebrado e a Fiat e a Renault, quando partiram para seus novos projetos, já utilizaram esse novo conceito. Assim nasceram às ótimas Fiat Toro e Renault Oroch. Projetos moderníssimos que criaram picapes a partir de conceitos construtivos dos carros. As vantagens dessa construção? Todas!

A robustez está na rigidez da estrutura da carroceria, a rigidez de um conjunto de chapas estrategicamente posicionadas e soldadas de maneira a construir uma carroceria rígida, que suporte os impactos das batidas e os socos que a suspensão recebe nas estradas de terra. Mas há outras vantagens. O assoalho fica mais baixo, pois faz parte da estrutura da carroceria e não é uma cabine fixada sobre um par de longarinas, que a coloca em uma altura muito desconfortável para quem entra e sai do veiculo. Além disso, o motor e o câmbio podem ser posicionados transversalmente, economizando espaço e melhorando a distribuição de peso sobre os eixos, melhorando a direção e a estabilidade.

Por isso, o comportamento dinâmico dessas novas picapes se assemelha a de um carro. Essa forma construtiva permite até mesmo que se utilizem suspensões independentes nas quatro rodas. Anos-luz à frente dos pesados e instáveis eixos rígidos utilizados nas velhas picapes.

E a construção em aço estampado de uma estrutura monobloco permite que os designers trabalhem mais livremente em linhas modernas e atraentes para o novo carro, uma limitação que os desenhistas tinham no momento de definir as linhas das velhas cabines. A aerodinâmica também foi favorecida com esse novo conceito construtivo.

Claro que, diante de tanta maravilha e sensível avanço técnico desses veículos, o consumo de combustível também foi favorecido pelo menor peso e aerodinâmica da nova construção. O desempenho também é um destaque: mais leves e ágeis na maneira de conduzir, as novas picapes andam mais, gastam menos, poluem menos o ar, são mais seguras para conduzir, mais confortáveis para entrar e sair e mostram, em termos práticos, uma condução que se assemelha muito ao de um automóvel, e longe da dinâmica de um caminhão como são as picapes que ainda usam o velho conceito construtivo.

Outra vantagem inegável é que o processo construtivo do tipo monobloco premia o consumidor com um preço bem mais atraente do que as picapes construídas pelo velho sistema longarinas-cabine-carroceria. Basta olhar os preços para lá de competitivos dessas novidades quando comparadas aos preços a das velhas picapes convencionais. Que sejam bem vindas as novas picapes com jeitão de carro!