01/09/2015 - 0:01
Chegando a Londres, o caminho óbvio era a Fórmula Ford. Mas eu não tinha dinheiro e fui trabalhar como mecânico para Dennis Rowland em Wimbledon, ao sul de Londres, acertando motores do Ford Cortina. Meu pagamento era um motor para meu Fórmula Ford, um Merlyn, com o qual planejava correr na Inglaterra durante a primavera e o verão de 1969.
Ganhei várias corridas com aquele Merlyn, um grande carrinho. Ele foi apelidado de Magic Merlyn, pois o vendi no final de 1969 e todos que correram com ele venceram em 1970 e 1971. Ele foi de Jody Scheckter, que correu em 1971, e o comprou de volta alguns anos depois. Depois, o Merlyn foi restaurado, e hoje está na sua coleção em uma mansão em Hampshire, Inglaterra.
Voltando a 1969, Jim Russel observava minhas corridas na Fórmula Ford e me convidou para correr com seu Lotus 59 de Fórmula 3 em Brands Hatch. Meu mecânico era Ralph Firman, também calouro na Fórmula 3, e trabalhamos muito bem juntos. Não me classifiquei na primeira bateria, ganhei a segunda e terminei a última em terceiro. Nada mal para a estréia na Fórmula 3. Mais importante: mostrei que podia competir com os melhores jovens pilotos da Europa. Naquele dia, eu venci Ronnie Peterson e James Hunt, só para citar dois pilotos.
Colin Chapman, fundador da Lotus, reparou na minha performance, assim como Frank Williams, dono da Williams. Os dois me telefonaram. Depois da minha terceira vitória na F-3, Colin me ligou de novo, oferecendo um teste na Fórmula 1. Eu estava maravilhado. Tão maravilhado que recusei. Achava que ainda não estava pronto. Depois, Frank Willians foi me ver na minha casinha in Norwich, Norfolk. Também recusei.
No ano seguinte, 1970, eu me senti pronto. Quando Colin me ligou novamente para pilotar um de seus carros em um GP, aceitei. Testei o carro, um Lotus 49, em Silverstone. Tudo correu bem. Minha estréia na Fórmula 1 seria no GP da Inglaterra, em julho, em Brands Hatch, um circuito que conhecia bem e amava. Meus colegas de equipe eram Jochen Rindt (com o Lotus 72, mais novo e mais rápido) e o grande Graham Hill (com um Lotus 49 como o meu), um dos meus heróis, já duas vezes campeão mundial. Eu estava nervoso e excitado.
Classifiquei em 21º lugar, que não era bom, mas se classificar num GP era atingir o alvo apenas um ano depois de aterrissar em Londres. E, ainda melhor, Graham Hill estava ao meu lado, na 22º colocação. Nunca esquecerei do dia seguinte. Estava na última fila com Graham Hill ao meu lado. Durante 117 minutos, cavamos nosso caminho juntos. Graham terminou em sexto, e eu, em oitavo. Jochen venceu. E eu enfim chegava à Formula 1.