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A Ranger mudou. Já na linha 2017, a picape da Ford começa a ser vendida em maio com design atualizado, interior novo e motor recalibrado, além de mais segura e mais equipada. Seu alvo principal não podia ser outro que não a consagrada Toyota Hilux, líder absoluta de vendas. Por isso, já colocamos aqui as duas em confronto direto (e a avaliação completa da Ford Ranger você confere aqui). Com cabine dupla, ambas partem de cerca de R$ 130.000 (mas a Ranger é muito mais equipada). Aqui, brigam as versões topo de linha: Ranger Limited (R$ 179.900) e Hilux SRX (R$ 188.120).

Em comum, elas têm a robustez da construção sobre chassi, o tamanho da caçamba, a capacidade de carga e os ótimos pacotes para o uso off-road (auxílios de partida em rampas, controle de velocidade em descidas, tração selecionável por botão, bloqueio do diferencial traseiro e reduzida) e de segurança (sete airbags, controles de tração/estabilidade e isofix), além de visual externo imponente, com grades enormes e cromadas, e “interior de sedã”, com elementos emprestados do Ford Fusion (na Ranger) e do Toyota Corolla (na Hilux).

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Olhando apenas preços e equipamentos, a vantagem é da Ranger. E grande. Mais barata, ela já vem de série com santantônio e capota marítima (vendidos como acessórios para a Toyota), além de itens exclusivos no segmento, como piloto automático adaptativo (mantém a distância do carro adiante), alerta de colisão (freia automaticamente), aviso de mudança involuntária de faixa (capaz até de interferir no volante), farol alto automático e monitor de pressão dos pneus. Deve poucos itens para a rival, como a chave presencial e os faróis de LED, que iluminam bem melhor (mais detalhes na tabela “Equipamentos”).

Dentro da cabine, elas apostam em cromados e querem parecer com carros. A Ranger ganhou um belo painel com telas configuráveis, como no Fusion – mas irrita ter que escolher entre ver o conta-giros ou o computador de bordo. Já a Hilux tem painel alto com iluminação azul, como no Corolla, e tela central também configurável. O uso de couro é contido, com discreta vantagem na Ranger. No painel, as duas têm plásticos duros – mais escuros e de aparência mais refinada na Hilux, onde até imitam couro com costuras. Quem viaja atrás vai mal acomodado em ambas. Como todas as picapes, elas têm encostos muito verticais e assentos baixos, que deixam os joelhos mais altos que o quadril.

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Mas na Hilux pelo menos há saídas de ar na traseira e banco bipartido, que pode ter o assento elevado para acomodar objetos (mais protegidos que na caçamba). Já nas centrais multimídia, vantagem da Hilux pela tevê digital e da Ranger pela posição da tela (reflete menos luz), controles mais fáceis e comandos de voz completos. Enquanto a Hilux ganhou nova geração no ano passado, a Ford apenas atualizou a Ranger de 2012. Ou seja, o modelo da Toyota está um passo adiante. Talvez por isso, o refinamento extra da Hilux na cabine se repete no rodar.

Com exceção da ótima direção elétrica – outra novidade da linha 2017 da Ranger e bem mais leve que a hidráulica da rival –, tudo é mais suave e sofisticado na Hilux. O ruído do motor, embora ainda alto nas esticadas, é mais moderado; o motor da Ranger, por outro lado, vibra menos em marcha lenta. A Toyota ainda leva vantagem pelo entre-eixos menor, que melhora as manobras e a deixa mais ágil na cidade, sem se refletir em menos espaço na cabine, e principalmente pelas suspensões. Enquanto a carroceria da Ranger pula muito em buracos, a Hilux é bem mais macia e confortável.

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As transmissões são iguais, automáticas de seis marchas com a opção de trocas sequenciais na alavanca, mas a Ranger tem um motor maior, mais potente e mais forte. Assim, mesmo sendo 171 kg mais pesada, acelera melhor que a concorrente – mas também consome um pouco mais de combustível. Durante nossa avaliação, marcamos 8 km/l na cidade e 10,5 km/l na estrada, contra 9,5 e 12 km/l da Hilux, respectivamente. No uso cotidiano, porém, incomoda bastante a falta de sutileza nas respostas da Ranger ao pé direito. A força não é entregue progressivamente, mas sempre com trancos.

E isso irrita em congestionamentos. Ela é mais bruta até que a Hilux no modo Power (selecionável por botão; há ainda os modos Normal e o Eco, que reduz ainda mais o consumo, mas a deixa um tanto “preguiçosa”). Agora, se tem uma coisa que os consumidores da Toyota admiram na marca é o atendimento pós-venda. E isso a Ford agora tenta combater nessa linha 2017 aumentando o intervalo entre as revisões da Ranger de seis meses para um ano ou 10.000 km (como na Toyota) e estendendo a garantia total de fábrica de três anos – o que oferece a Hilux – para cinco.

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Mas nosso pacote padrão de peças (excluindo rodas) ainda é mais barato para a picape da Toyota (R$ 10.758 contra R$ 12.979), assim como o custo das três primeiras revisões (3 anos/30.000 km), que saem por R$ 2.464 no modelo da Ford e R$ 2.300 na Hilux. Nesse quesito, portanto, a briga aqui é bastante equilibrada. No fim, a Ranger deve até ser uma compra mais vantajosa nas versões de entrada, embora ainda não reveladas por completo, pois as Hilux mais baratas são muito menos equipadas.

Nessas versões topo de linha, a oferta inédita de equipamentos sofisticados e o desempenho superior pesam bastante a favor da Ranger, e podem até te fazer acabar optando por ela, que ainda é mais barata. Mas a Hilux responde com um projeto mais atual, um passo adiante da rival. Tem enorme vantagem no conforto e na suavidade ao rodar, além de um consumo mais contido e um interior um pouco mais sofisticado. A Hilux é a vencedora, mas claro que a escolha final vai depender das suas prioridades.

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