Confira qual dos dois oferece mais versatilidade, conforto e conveniência para transportar sua família.

A forma de um carro diz muito sobre ele. As linhas arrojadas de um esportivo como o  Jaguar F-Type, por exemplo, resultam em um aproveitamento de espaço terrível – mas são justamente essas formas que o fazem tão bonito, rápido e equilibrado. Em um monovolume, ocorre exatamente o contrário. O que importa é aproveitar o espaço. Por isso mesmo, o segmento é dominado por modelos “quadradões”, que tentam encontrar, mesmo que só em detalhes, alguma beleza. Estamos falando de gosto pessoal, claro. Mas o Nissan Livina e o Chevrolet Spin, por exemplo, parecem não ter sido tão felizes nessa tarefa quanto o novo Honda Fit e seu desa ante aqui, o vencedor de nossa Compra do Ano 2014 na categoria, o Citroën C3 Picasso. 

Avaliamos as versões automáticas, mais interessantes em carros familiares para uso principalmente urbano. Preços e equipamentos de cada uma delas estão na tabela da página seguinte. Para quem prefere câmbio manual, o Honda pode vir nas versões DX (R$ 49.900) ou LX (R$ 54.200), enquanto o Citroën, cuja linha 2015 chega também neste mês, é oferecido nas con gurações Origine (R$ 46.490) e Tendance (R$ 49.390), com o motor 1.5 de até 93 cv, ou Exclusive (R$ 55.490), com o mesmo bloco 1.6 do Exclusive automático avaliado. Os itens de série são os mesmos dos modelos automáticos. Uma análise mostra que o Citroën é sempre mais equipado e mais barato que o Honda. Itens de conforto como arcondicionado automático, sensor de chuva, faróis automáticos, navegador por GPS e porta-luvas refrigerado são encontrados só no C3 Picasso, enquanto, de exclusivo, o Fit tem os bancos de couro e os airbags laterais (na versão EXL), a câmera de ré (EX e EXL), o cinto de segurança traseiro central de três pontos e o Iso x (em todas as versões). Em conteúdo, o Citroën, apesar de oferecer menos itens de segurança, ganha fácil do rival.

Voltando à forma e função, porém, o Fit dá o troco. Suas linhas de nitivamente mais jovens e esportivas não impedem que seja mais funcional. A capacidade total do porta-malas é superior, principalmente com os bancos traseiros rebatidos, graças à carroceria maior. Mas a engenhosidade do sistema de bancos do Fit é imbatível. Enquanto os assentos traseiros do Picasso podem ser apenas dobrados para a frente da maneira tradicional (e aí precisam car presos por ganchos nos apoios de cabeça dianteiros), os do Fit sobem, descem, deslizam. 

Fazem o assoalho car plano, somem com os assentos traseiros e até viram uma cama! Tudo fácil, com alavancas simples, sem ganchos e amarrações. A Citroën parece não ter perdido tanto tempo com esses tipo de solução, embora a cabine, com ampla área envidraçada e bandejinhas tipo avião, seja um ambiente gostoso. O espaço traseiro do Picasso não é ruim; perto do Fit, porém, não se destaca.
Falando em função, o importante em um carro é transportar com e ciência – e nisso, novamente, o Fit é melhor. Embora os motores sejam similares, 1.5 no Fit e 1.6 no C3, ambos ex sem tanquinho de partida a frio e com comando de válvulas variável na admissão, os resultados são distintos. Não tanto pela potência e pelo torque, similares, mas pelo fato de o C3 Picasso ser 300 quilos mais pesado e ter um câmbio ultrapassado, de apenas quatro marchas. Assim, enquanto o Honda com seu moderno CVT é mais ágil e está entre os mais econômicos do Brasil, o Citroën sofre para encontrar a marcha certa em subidas e retomadas – e acaba consumindo bastante sem entregar muito, mais ou menos como era o Fit automático que sai de linha, com nota D no programa do Inmetro (o novo ganhou nota A em todas as versões).

Ao volante, nenhum deles é para quem busca prazer de dirigir. Se é isso que você procura, melhor comprar um sedã ou um hatch. Mas o Fit se destaca do rival por ser incrivelmente competente, muito leve e manobrar, fácil de conviver. Faz tudo direitinho, sem incomodar. E ainda é mais leve, econômico e versátil. Para completar, a nova geração acaba de chegar, garantindo visual atualizado por mais tempo – o C3 Picasso deve mudar em 2015. No m, a Compra do Ano, aqui, perde para a novidade. A Honda aprimorou seu Fit, melhorou quase tudo nele. Ter perdido freios a disco traseiros e alguns itens em uma
versão ou outra não ofusca o brilho dessa nova geração. Aqui é o melhor carro. Conquista pela enorme vantagem na forma e na função, enquanto o Citroën ganha só em conteúdo. Mas há um preço a pagar por essa vantagem do Honda, pois ele é também mais caro.