O universo automotivo há tempos deixou de respeitar classificações tradicioniais de carroceria. Em busca de nichos de mercado, as marcas passaram a investir em modelos inusitados. O segmento de cupês de quatro portas, por exemplo, foi inaugurado com o lançamento do Mercedes CLS em 2004. E não demorou muito para que surgissem concorrentes como Audi A7 Sportback, VW CC, Aston Martin Rapide, Jaguar XF e Porsche Panamera. Alguns têm porta-malas integrado à cabine, podendo ser chamados de cinco portas, outros são apenas sedãs com linhas de cupê (com o terceiro volume “disfarçado”). A própria BMW já vendia o BMW Série 5 GT e até o X6, uma mistura ainda mais estranha de SUV e cupê. Agora, ataca com um cupê de quatro portas mais tradicional, com linhas menos polêmicas – o Série 6 Gran Coupé. A primeira versão a chegar, que começa a ser vendida por R$ 399.950 é a 640i, com motor seis cilindros. Mais adiante, chega também a 650i, com motor V8 de 450 cv e tração integral.

Apesar de o Gran Coupé ter só 1,39 m de altura, não é difícil acessar seu interior. Seus cinco metros de comprimento garantem bom espaço para as pernas de quem viaja no banco traseiro, mas ele é um “4+1”. Quatro adultos viajam confortavelmente, mas o quinto ocupante só vai topar viagens curtas: a posição é pouco cômoda, não só pelo desenho do banco, mas, principalmente, em função do exagerado túnel central – com comando do ar-condicionado. No mais, tudo dentro da cabine exala sofisticação, deixando a impressão de se estar em um jato executivo. A lista de equipamentos de conveniência é vasta, com ajuste elétrico dos assentos dianteiros e da coluna de direção, ar-condicionado digital de quatro zonas, sistema de som da renomada (e cara) marca dinamarquesa Bang&Olufsen, teto solar panorâmico e sistema de navegação com tela de 10,2 polegadas e acesso à internet.

Sob o enorme capô de alumínio (material também empregado nas portas para reduzir o peso), está o motor de seis cilindros em linha. Com turbocompressor de duplo caracol – chamado pela BMW de TwinPower – e comando variável Valvetronic, a unidade responde rápido e com eficiência em qualquer faixa de rotação. O ótimo torque impulsiona o modelo sem esforços mesmo em baixíssimos giros e o turbo lag é bem discreto. A potência é superior à de um de seus principais rivais, o Mercedes CLS 350 (320 contra 306 cv). O bom conjunto mecânico é completado pela transmissão automática de oito marchas, atualmente usada em quase toda a linha de modelos da marca bávara. Há opção de trocas sequenciais usando a alavanca ou as borboletas no volante.

Para completar a excelente dirigibilidade, as respostas da direção com assistência elétrica são rápidas e bastante precisas e a distribuição do peso é perfeita, com 50% para cada eixo. Já as suspensões, apesar de não terem sido adaptadas para o nosso piso, filtram bem as imperfeições do asfalto. Além disso, os amortecedores também podem ser ajustados para maior conforto ou esportividade.

Como já é tradição da marca, o Série 6 Gran Coupé também é equipado com o Adaptive Drive, que permite mudar, por meio de um botão junto à alavanca de câmbio, o comportamento do carro. Para maior economia de combustível, há ainda os sistemas de recuperação de energia de frenagem e o start-stop, que desliga e liga o motor durante breves paradas. Para completar, selecionando-se o modo ECO-Pro, o carro indica ao motorista, por meio de mensagens no painel, a maneira mais econômica de guiar.

A lista de equipamentos de série é bem caprichada na tecnologia: head-up display, piloto automático adaptativo, faróis de xenônio com controle automático de facho e sistema de visão noturna, que identifica pedestres à distância. No fim das contas, esse BMW consegue combinar luxo e esportividade com perfeição. Quase um Série 7, mas com uma tocada bem mais esportiva.