23/09/2013 - 13:59
Que barulho farão 20 monopostos elétricos com desempenho similar ao de um Fórmula 3 correndo juntos em um circuito de rua? Essa é uma das questões que surgem quando tentamos imaginar a primeira corrida do campeonato mundial de Fórmula E, uma nova categoria reservada para carros movidos exclusivamente a eletricidade. Afinal, não adianta negar: o ruído alto e penetrante, quase doloroso, é um dos elementos mais emocionantes de uma prova de Fórmula 1.
Mas o que vai fazer da Fórmula E uma categoria apaixonante é, principalmente, a mudança de mentalidade que trará ao mundo do automobilismo. O mentor e promotor do novo campeonato é Alejandro Agag, 42 anos. Filho de pai belga e mãe espanhola, ele é dono de um fundo de gestão de capitais com sede em Londres e da equipe Barwa Addax, da categoria GP2. Casado com a filha do exprimeiro-ministro espanhol José Maria Aznar, de quem era conselheiro pessoal, era também sócio de Flavio Briatore, Bernie Ecclestone e do magnata do aço Lakshmi Mittal na equipe de futebol Queens Park Rangers.
Acreditando no futuro da Fórmula E, Agag investiu muito dinheiro nela. “Há dois pontoschave do campeonato: o uso de monopostos totalmente elétricos e a organização de corridas apenas em grandes centros urbanos”, explica. “Queremos que o público evite usar o carro para chegar ao autódromo, reduzindo a pegada de carbono do evento.” E o campeonato já tem um calendário que envolve três continentes: Europa, Ásia e América – incluindo a cidade do Rio de Janeiro.
Para criar os carros da competição, Agag chamou parceiros de primeira grandeza. Embora o regulamento seja livre na primeira temporada, a Fórmula E começará com monopostos iguais. Agag adquiriu 42 carros (dois para desenvolvimento), que serão disponibilizados para dez equipes. Na ilustração ao lado, você confere os envolvidos no desenvolvimento dos bólidos, liderados pela Spark Racing Technologies, sociedade do engenheiro francês Frédéric Vasseur com Nicolas Todt (filho de Jean Todt). Considerando o “pedigree” dos envolvidos, não é estranho que os pedidos de participação no campeonato tenham sido numerosos: “Tivemos cerca de 40 candidatos de países e níveis diferentes, explica Agag. “Vamos escolher dez equipes, das quais duas já são certas” (a do inglês Lord Drayson e a do governo chinês).
Os carros elétricos, porém, têm uma limitação ainda não superada: a autonomia das baterias – que, para garantir um desempenho similar ao dos Fórmula 3 (máxima de 220 km/h e 0-100 km/h em 3 segundos), não possibilitará mais que 25 minutos de corrida. Esse foi o motivo de inventarem um novo formato para o evento, com testes, classificação e corrida em um só dia. Cada piloto terá à disposição dois carros, e a prova terá cerca de 45 minutos, com dois pit stops obrigatórios. A qualquer momento, o piloto poderá ir para os boxes e trocar de carro. “Não se preocupem, ninguém vai parar com as baterias descarregadas”, garante o mentor da prova. E completa: “Nosso campeonato não quer incentivar o desenvolvimento de chassis e aerodinâmica. Queremos estimular pesquisas sobre motores elétricos.”