O automobilismo esportivo está mudando. Duas iniciativas quase contemporâneas mostram que as corridas estão andando na direção ecocompatível, com pleno apoio da FIA (Federação Internacional de Automobilismo) e de outras organizações. Assim como os carros de rua, o mundo das pistas está em busca de alternativas para sobreviver em um mundo ecologicamente sustentável, ainda que seus apaixonados fãs tenham que abrir mão de parte da emoção e da diversão. O primeiro passo foi dado pelo Automobile Club e L’Ouest, entidade que organiza e faz o regulamento das 24 Horas de Le Mans – que permitiu, em 2012, a entrada do original Nissan  Delta Wing na mais importante prova de longa duração do mundo. Este ano, um novo competidor chega à corrida: trata-se do GreenGT H2, uma revolucionária máquina movida à célula de hidrogênio.

A segunda iniciativa, ainda mais ousada, vem de um monoposto elétrico e do anúncio de um campeonato mundial de modelos exclusivamente elétricos que será realizado a partir de 2014. As provas serão disputadas
principalmente em circuitos de rua nos cinco continentes (a cidade do Rio de Janeiro já é candidata a sediar um dos GPs). Serão 10 equipes e um total de 20 pilotos, mas isso deve aumentar depois de um ano ou dois.O  desenvolvimento do modelo, chamado de Formulec, está sendo feito pelo brasileiro Luca di Grasasi, que tem uma passagem pela F-1.  Mas desse projeto, falaremos adiante, na página 88. Por ora, voltemos ao carro de Le Mans. O GreenGT H2 é fruto da companhia GreenGT, do engenheiroespecialista em propulsão elétrica Jean-François Weber. Nascida em 2008, ela tem em seu portfólio projetos importantes, como o sistema detração do Citroën Survolt, e outros mais excêntricos, como a transformação de um Jaguar E-Type para propulsão elétrica a pedido de um importante industrial alemão do setor de energia eólica. O modelo utiliza dois motores
elétricos e dispõe de uma potência total de 540 cv. “Cada propulsor aciona separadamente uma das rodas”, explica Weber. A energia é gerada por  uma célula de combustível com 18 módulos, alimentada por hidrogênio
condicionado em altíssima pressão (350 bar) em dois reservatórios de alumínio de 160 litros cada . A quantidade total de hidrogênio disponível é de oito quilos (equivalente a 25 litros de gasolina), o que garante uma autonomia de cerca de 40 minutos – depois dos quais é necessário fazer um pit-stop para reabastecimento.A ideia é que isso seja feito em apenas um minuto, muito provavelmente com a troca do reservatório em si. O controle da eletricidade produzida é feito por uma borboleta que controla a passagem de ar. A carroceria e a célula de sobrevivência são ambas de fibra de carbono, enquanto a suspensão prevêos clássicos quadriláteros duplosna dianteira e na traseira. O peso total é de 1.240 kg, mas os técnicos pretendem reduzi-lo em, pelo menos,40%. O resultado final, no entanto, só será conhecido durante as provas do campeonato – quando todas as atenções estarão voltadas para esse veículo inovador.