28/10/2025 - 9:00
Funções ADAS – sigla para Advanced Driver Assistance Systems (Sistemas Avançados de Assistência ao Condutor) – como a frenagem automática de emergência e desvio de faixa serão sistemas obrigatórios em todos os automóveis produzidos no Brasil ou importados a partir de 1º de janeiro de 2029. A iniciativa engloba uma nova regra do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), que começará a ser colocada em prática a partir de 2026.
Para que essa inserção nos veículos seja mais acessível, as principais montadoras do setor automotivo nacional estão investindo R$ 44 milhões em um parque tecnológico, chamado Senai Park, que fica em Suape, Pernambuco, inaugurado recentemente.
Vale destacar que esses mecanismos de ADAS, atualmente, são importados e destinados a modelos premium ou de luxo.
+ Setor automotivo corre para atender obrigatoriedade de frenagem automática de emergência
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Entenda
Frenagem automática de emergência (AEB): sistema de segurança que usa de sensores para detectar riscos de colisão, como veículos, pedestres ou ciclistas.
Desvio de faixa: sistema que reconhece quando um veículo sai de sua faixa de rodagem, intencionalmente ou por falha do motorista.

Como vai acontecer esse projeto?
Para se ter uma ideia, o projeto que envolve sistemas de frenagem automática e mudança de faixa está sendo desenvolvido no âmbito do Mover.
“É um projeto que tem sido construído no âmbito do Mover, do programa de Mobilidade Verde, dentro da linha de pesquisa e desenvolvimento, especificamente na categoria de projetos estruturantes, que são projetos que têm como objetivo impulsionar a indústria brasileira e ajudar a indústria brasileira a se desenvolver. Um projeto que não resolve o problema de uma única empresa, mas que beneficia a cadeia como um todo”, explica Oziel Alves, diretor de inovação e tecnologia do Senai-PE, com exclusividade à MOTOR SHOW.
Primeiro, os engenheiros vão trabalhar na arquitetura do sistema do sensor radar. Depois, a fase do projeto avança para a integração desse sensor nos devidos sistemas ADAS de cada montadora, já que cada uma tem suas especificações.
“Então, o projeto foca nesse ciclo de desenvolvimento do produto e depois na industrialização disso. Desenvolver uma linha de produção piloto, de pequena escala, para fabricar, industrializar esses sensores radares aqui. Depois, uma etapa de integração desses sensores com o sistema ADAS nos veículos, e uma etapa de teste e validação desses sensores já aplicado nos veículos”, ressalta Alves.
Com isso, o objetivo final é desenvolver o sensor e, por consequência, uma cadeia de fornecedores que possam produzir e nacionalizar essas tecnologias. O resultado da aprovação desse projeto sairá no dia 3 de novembro. A partir daí, sai o recurso para o desenvolvimento.
Haverá a participação da Stellantis, Volkswagen, Valeo (que é uma grande sistemista que produz ADAS globalmente), TE (sistemista), Tron (empresa regional pernambucana que trabalha com sistemas eletroeletrônicos).
Estão presentes também o Instituto de Ciência e Tecnologia, o Senai Pernambuco, o Instituto Senai de Inovação para TICs, o Senai de Santa Catarina (que trabalha com sistemas embarcados), o Instituto Eldorado de Campinas, a Universidade Federal de Pernambuco e a Universidade de Brasília.
“Nesse sentido, o sensor radar é o principal elemento para embarcar esse tipo de inteligência no veículo. Com isso, a expectativa é que o volume [da indústria nacional] passe de aproximadamente 200.000 sensores radar para 2,5 milhões nos próximos anos.”

Senai Park
O Senai-PE (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial de Pernambuco) inaugurou nesta semana um parque tecnológico chamado de Senai Park. Dois projetos já estão em execução no local e somam investimentos de R$ 100 milhões, com previsão de mais R$ 200 milhões em captação.
O primeiro desenvolve um protótipo nacional de bateria de lítio de baixa tensão para veículos híbridos. Neste, há a participação das empresas Moura, Stellantis, Volkswagen, Iochpe Maxion e Horse.
O segundo tem como foco a digitalização da cadeia de produção do hidrogênio sustentável, com empresas como Neuman & Esser, Siemens, White Martins, Hytron, Compesa e CTG Brasil.

O que é o Senai Park?
Senai Park está instalado no Complexo Industrial Portuário de Suape, em Ipojuca, Pernambuco. De acordo com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, “a estrutura foi criada para atender às demandas da indústria pernambucana e nacional, promovendo o desenvolvimento tecnológico e a integração entre empresas, instituições de ensino e centros de pesquisa”. O objetivo é validar projetos e acelerar o lançamento de produtos no mercado nacional.
Instalado em uma área de 1,4 hectare, o Senai Park possui estrutura modular e laboratórios voltados à pesquisa e ao desenvolvimento de soluções industriais. O espaço conta com plantas-piloto, linha de produção de baterias de lítio em pequena escala e equipamentos para a produção e uso de hidrogênio verde, que inclui eletrolisador, célula a combustível e estação de abastecimento.
“A ideia do parque surge a partir de um uma pesquisa, uma análise estratégica. Também existe trabalhos acadêmicos de mestrado, doutorado que a gente desenvolveu nesse sentido, fundamentando o conceito de como criar um cluster de inovação e tecnologia industrial. Então, olhamos o que vinha sendo feito globalmente, os modelos, as principais potências globais. E basicamente o que a gente identificou foi o modelo de ser estruturar clusters de tecnologia e inovação e nos inspiramos neles. Olhamos um pouco do que tinha acontecido ao longo do mundo e depois começamos a analisar as características do nosso país e do nosso estado.”
