02/01/2019 - 13:18
Como minha carreira na Fórmula 1 foi de 1970 a 1980, não pilotei em dois grandes desafios de alta velocidade da F1 de hoje. Competi em circuitos incríveis e assustadores que não existem mais ou já mudaram – Kyalami, Zandvoort, Watkins Glen, Brands Hatch, Nurburgring e Interlagos – mas nunca em Spa ou em Suzuka. Suzuka é maravilhoso, e eu adoraria ter enfrentado lá velhos rivais como Stewart, Regazzoni, Reutemann e Hunt. Então, enquanto a F1 vai a Suzuka, lembro do primeiro GP japonês, de 1976, em Fuji.
Antes de falar dessa famosa corrida, quero levá-los a 1975, quando fui a uma coletiva de imprensa em Fuji que pretendia despertar interesse pelo Japão. Eu era o único piloto e aproveitei para ver o circuito. Logo saquei que era uma pista rápida, com apenas seis curvas em 4,4 km. Estava claro que os carros de F1 teriam médias acima de 210 km/h, valor raro naqueles dias (Laffite conquistou a pole em Monza no mesmo ano com 205,9 km/h, e isso antes de a as chicanes terem sido acrescentadas).
A pista de Fuji era larga e suave, e eu estava animado por viajar ao Japão pela primeira vez – era não só meu primeiro GP no Japão, mas também o primeiro na Ásia. Fiz recomendações de segurança que foram postas em prática pelas autoridades japonesas. Quando chegamos a Fuji um ano depois, em outubro de 1976, para a última etapa do campeonato, e com Niki Lauda apenas três pontos à frente de James Hunt, a excitação era imensa, assim como a pressão – para James e Niki e para McLaren e Ferrari, pelo menos.
Já eu tinha sentimentos conflitantes. No fim de 1975, depois de visitar Fuji como piloto número 1 da McLaren, decidi abandonar a equipe para me juntar à do meu irmão Wilson. Ela se chamava Copersucar-Fittipaldi e teve uma temporada fraquíssima. Pontuei três vezes – três sextos lugares, em Long Beach, Mônaco e Brands Hatch – enquanto o McLaren M23, que eu cuidadosamente ajudei e tornar um rápido e confiável vencedor de corridas, tinha seis vitórias com James ao volante.
Não me levem a mal: fiquei feliz por James, mas era natural que minha alegria fosse contaminada por inveja, já que estava pilotando o carro que me levou à conquista do campeonato em 1975, e que recentemente havia ajudado a tornar ainda mais rápido e melhor para a temporada de 1976.
De qualquer modo, a classificação em Fuji foi mais ou menos o que esperávamos – James ficou na primeira fila, na P2, com Niki logo atrás, na P3. A surpresa foi Mario Andretti levar a pole. Ele estava desenvolvendo cuidadosamente o Lotus daquele ano, o Type 77, mas foi sua primeira pole, depois de um péssimo nono lugar no GP anterior, Watkins Glen.