A General Motors completou nesta segunda-feira (26) os 90 anos da sua chegada ao Brasil. E muita coisa aconteceu nesse meio tempo.

O sucesso do café no mercado internacional fez com que os automóveis deixassem de ser um artigo restrito a uns poucos milionários para se tornar um produto mais acessível no país. No início da década de 20, mais de 30 mil veículos já circulavam por aqui. Isso fez com que a General Motors seguisse os passos da concorrente Ford (no Brasil desde 1919) rumo ao sul do continente americano. A primeira unidade industrial da empresa foi um galpão localizado na av. Presidente Wilson, no bairro do Ipiranga, na capital paulista.

Com capacidade para produzir 25 veículos por dia, a planta era responsável apenas pela montagem de modelos de marcas como Chevrolet, Pontiac, Cadillac e Buick, que eram importados desmontados dos Estados Unidos. A procura por veículos estava em alta e, em 1928, a fábrica já somava 50 mil automóveis montados no Brasil. A capacidade de produção da planta do Ipiranga havia atingido o ponto máximo. Assim surgiu a necessidade de construção de uma nova fábrica, em São Caetano do Sul (SP), que foi inaugurada em 1929.

MADE IN BRAZIL

A partir de 1934, a empresa começou a trabalhar na nacionalização dos seus veículos. Foi neste ano que a primeira carroceria de ônibus foi produzida na unidade local da GM.  Em 1940, 77% dos veículos pesados fabricados pela GM no Brasil tinham carroceria nacional.

O próximo passo da empresa no país rumo à nacionalização da sua linha de produtos aconteceu em 1948. Neste ano, foi fabricado o primeiro ônibus com carroceria de aço do País. Apesar do conjunto mecânico ainda ser importado, itens como pneus, bateria, tinta,  componentes de borracha, além da carroceria, já eram nacionais.

O ponto alto desse processo foi o lançamento em 1957 do caminhão Chevrolet Brasil. Modelo específico para o mercado nacional, o veículo tinha um índice de nacionalização de quase 50%. Este projeto deu origem às picapes da mesma linha e também à Chevrolet Amazonas, versão da Suburban americana projetada para o Brasil.

Poucos anos depois, em 1959, a empresa inaugurou a sua fábrica de motores, em São José dos Campos (SP).

CARROS

Neste período em que a General Motors focava na nacionalização de sua linha de veículos comerciais, os automóveis ainda eram montados com componentes americanos. O primeiro carro nacional da marca, o Opala, foi lançado apenas em 1968. Exclusivo para o Brasil, o modelo combinava a carroceria do alemão Opel Rekord com a mecânica de 4 e 6 cilindros da GM americana.

Em 1973 veio o Chevette, compacto que era a versão local do Opel Kadett de terceira geração.

Outro ponto marcante da empresa foi o lançamento do Monza, em 1981. O médio foi o primeiro carro mundial da marca e chegou a liderar o mercado local de automóveis em 1985 e 1986. O último lançamento da empresa nos anos 80 foi o Kadett, duas gerações na frente do Chevette brasileiro, mas chegou em 1989 para concorrer em um segmento superior.

Os anos 1990 foram marcados pela chegada de novos modelos da Opel. O grande Omega chegou em 1992 para substituir o veterano Opala. Dois anos depois, foi a vez compacto Corsa e do médio Vectra para ocupar a vaga do Chevette e do Monza. Em 1998, o Astra nacional chegou para ocupar a vaga do Kadett.

MUDANÇAS

A chegada do século XXI ficou marcada também por algumas tempestades na empresa. Depois do lançamento da segunda geração da família Corsa e do popular Celta, produzido em uma nova fábrica em Gravataí (RS), a linha só foi ganhar novidades em 2007 com a terceira geração do Vectra brasileiro (na verdade, uma versão local do Astra Sedan europeu) e o compacto Ágile, em 2009, que aproveitava a plataforma do Corsa de primeira geração. Reflexo da crise mundial da GM.

O ano de 2011 marcou o início da retomada da empresa no Brasil. O médio Chevrolet Cruze veio para substituir o Vectra e junto dele o sedã compacto Cobalt, que estreava por aqui a nova plataforma global GSV. A esses modelos seguiram uma nova linha de compactos para substituir os já defasados modelos lançados no início dos anos 2000, formada pelo hatch Onix, o sedã Prisma e a minivan Spin.

Nove décadas e 14,5 milhões de veículos depois, a fabricante iniciou o ano de 2015 como a segunda maior fabricante de automóveis do país, na liderança de segmentos como o de sedãs compactos, com o Prisma, e de picapes médias, com a S10.