Ao contrário das gerações anteriores (III e IV), que se limitaram a reformulações estilísticas na carroceria que é popularmente conhecida como “Bolinha”, agora sim o novo Gol pode ser considerado como “nova geração”: 100% do carro é novo, desde seu conceito construtivo (mais compacto e com motor e câmbio dispostos transversalmente) até o design de sua nova carroceria, que foi criada pelo centro de estilo brasileiro, levando em consideração principalmente espaço interno e conforto.

Com este novo Gol, a Volks pretende virar o vento a seu favor e recuperar a liderança perdida do mercado nacional. O novo carro será oferecido inicialmente em três versões: básica, Trend (básica com pacote Trend) e Power – as duas primeiras com os novos motores 1.0 e 1.6 e a última apenas com o propulsor maior -, e opcionais que vão desde maçanetas na cor da carroceria até um sofisticado computador de bordo. Vai de popular a premium, conforme o gosto do consumidor.

Quando as formas quadradas foram aposentadas para dar lugar à carroceria “bolinha”, em 1995, houve a última grande mudança do Gol. De lá para cá, até a chegada deste novo carro, apenas reestilizações, sem nenhuma mudança contundente

CONSTRUÍDO NA PLATAFORMA PQ-25, O GOL É HOJE O COMPACTO MAIS MODERNO DA VW DO BRASIL

O novo carro é sensacional. Essa frase curta exprime a sensação que tivemos em nosso primeiro contato com ele. A VW trabalhou na gestação deste projeto por longos três anos e meio. Desde que foi tomada a decisão de que um novo carro iria suceder ao vitorioso Gol, que na sua essência não mudava desde 1995. Uma enorme responsabilidade foi assumida: a marca precisava criar um produto superior ao carro que liderava o mercado desde 1987 (e, por isso, considerado “preferência nacional”), conciliando bom preço e valor de revenda, manutenção fácil e barata, robustez, durabilidade, performance e um design que caísse no gosto do brasileiro. Um desafio difícil: uma decisão errada ou um produto que não conquistasse o mercado poderiam comprometer o futuro da Volkswagen aqui no Brasil. Mas, por sorte nossa, os técnicos que criaram o novo Gol acertaram no alvo. Por isso, o carro deverá certamente se transformar em um novo best-seller nacional.

Seus concorrentes, agora, terão que correr atrás do prejuízo. Sua plataforma (base na qual se apóia a carroceria e que contém praticamente toda a sua mecânica) é o projeto mais moderno da VW mundial, que só é utilizada por Seat Ibiza e Skoda Fabia, lançamentos recentes.

Batizada de PQ-25 (Passenger, para passageiros; Quer, em alemão, para motor e câmbio transversais; 2, classe ou tamanho da base; e 5, a geração), é a base mecânica conceitualmente mais moderna da Volkswagen neste segmento e que deve nortear os futuros projetos da marca para carros desse porte. O Polo europeu, que, como o nosso, utiliza a plataforma PQ-24, só receberá a nova PQ-25 em sua próxima geração, em 2009 – o que também deverá ocorrer com o Fox, quando for reformulado.

Por isso, o novo Gol é hoje mecanicamente superior a seus irmãos mais caros, Fox e Polo. Essa nova base permite que o novo modelo tenha volante com regulagem de altura e profundidade, novo sistema de direção, tanque de combustível com 55 litros (antes 51) debaixo do assento traseiro (favorecendo a segurança e a distribuição de peso por eixo), além de novas e mais eficientes suspensões dianteira e traseira, ambas com amortecedores a gás em todas as versões. Os motores são 1.0 e 1.6 da nova geração EA 111VHT, com torque mais acentuado que, em ambos os casos, vem em rotações mais baixas, favorecendo a dirigibilidade e as retomadas. No 1.6, são 101/104 cv (gas/álc.) com torque de 15,4/15,6 kgfm que ocorre a baixos 2.500 rpm.

Mais compacto, o novo Gol está menor, mas apenas alguns milímetros, o que não fará rigorosamente nenhuma diferença a bordo. Já o volume do porta-malas manteve-se inalterado e a lista de equipamentos de série e opcionais cresceu bastante

AS LINHAS BELAS E FLUIDAS DERAM UM AR

Já o Gol 1.0 gera 72/76 cv com destacáveis 9,7/10,6 kgfm de torque a ainda razoáveis 3.850 rpm. As relações de marchas adeqüadas proporcionam melhor desempenho e menor consumo que os obtidos no Fox e no Polo com motores da geração anterior (agora ambos utilizam este conjunto). Mesmo disposto transversalmente, o câmbio propicia engates precisos e rápidos, facilitando a condução.

A versão Power, top de linha da gama, só é comercializada com o motor 1.6 e, entre os equipamentos de série, conta com direção hidráulica, ajuste de altura e profundidade do volante e rodas aro 14. Mas o ar-condicionado, as rodas de liga aro 15 e o CD Player com MP3 e entrada para USB e SD Card ,ficaram na lista de opcionais

A nova carroceria foi concebida pelos designers brasileiros, considerando as vantagens da nova plataforma para obtenção de um maior espaço interno, mesmo com menores dimensões tanto no comprimento quanto no entreeixos. Com 3,899 m, cerca de 3 cm mais curto que o anterior e com entreeixos 3 mm menor, o novo carro enquadra-se nos padrões mundiais ditados pela nova base. O porta-malas continua com 285 litros.

Sabendo das condições de nossas ruas e estradas, os engenheiros conceberam uma carroceria robusta: sua rigidez dinâmica e estática superou em 12% os objetivos do projeto. Na carroceria, um capítulo à parte foi dedicado à aerodinâmica. Cientes de que um carro econômico deve “furar” o ar com mais facilidade, os designers trabalharam em conjunto com os técnicos, traçando o melhor perfil para o novo carro. Os primeiros passos foram realizados em simuladores no computador e o acerto final no túnel de vento da Volkswagen na Alemanha, onde brasileiros trabalharam com alemães para encontrar as melhores soluções para a carroceria. Quando iniciaram os trabalhos, os técnicos mediam um coeficiente de forma de 0,38, pior que o do modelo anterior. Depois de muito trabalho, atingiram a vitoriosa marca de 0,34, que, para o porte e a proposta do carro, é fantástico. Mais um ponto positivo.

Custando a partir dos R$ 29.000, a versão básica (1.0, pintura sólida, sem direção hidráulica), com ótimo pacote tecnológico, este novíssimo Gol certamente pode ser colocado como um digno sucessor do modelo que o brasileiro aprendeu a respeitar e, por isso, o coloca como o carro nacional mais vendido há 22 anos. Pelo que avaliamos do novo carro neste contato inicial, ele tem tudo para continuar sendo o carro mais vendido no mercado brasileiro pelo menos por mais dez anos.

Na versão mais simples do novo Gol, com preço na casa dos R$ 29 mil, as calotas imitam bem o desenho das rodas, mas é no interior que se notam mais diferenças. O contagiros não faz parte do pacote básico e o volante tem apenas três raios, diferente das demais versões, com quatro raios. Há ajuste de altura do banco do motorista e porta-malas acarpetado, mas nada de vidros elétricos e outros itens de conforto. Ainda assim, seu preço final, sem dúvida, é bem atraente.

Versão de ENTRADA