Acima, Paulo Trevisan e a Maserati 4CM 1938 no final da restauração. Ao lado, painel da Maserati 4CLT de 1948

Brasileiro é apaixonado por carro. Essa frase usada em várias propagandas de uma empresa de petróleo ganha muito mais sentido quando se conhece a pequena Passo Fundo, no Rio Grande do Sul. A cidade de 190 mil habitantes já teve 200 carros de corrida e, atualmente, tem cerca de 500 veículos antigos, divididos entre alguns colecionadores. O mais importante acervo da cidade – e um dos mais notáveis do País – está no Museu do Automobilismo Brasileiro, que conta atualmente com 102 carros de corrida, 18 karts e vários troféus.

O DKW Vemag usado em competições na terra. No centro da página, alguns dos modelos restaurados pelo construtor Tony Bianco: Carcará, Fórmula Júnior, Barchetta Alfa Romeo e Berlinetta Biotto

Carro da Mecânica Continental usado por Edmundo Bonotti

Tudo começou quando Paulo Trevisan, um empresário da construção civil e piloto, restaurou seus primeiros carros de corrida: um Gordini 1985 para disputas na terra e um Fórmula Ford Berta 1992.

Pegou tamanho gosto pela coisa que montou um galpão com o nome Trevisan Racing Colection para abrigar sua pequena coleção. Alguns amigos passaram a guardar seus carros no espaço e a quantidade de exemplares foi aumentando. Aficionado por automóveis e competições nacionais, Trevisan resolveu construir um espaço maior e montar um local que pudesse ser aberto à visitação, onde estivessem alguns carros importantes do automobilismo brasileiro.

São dois andares projetados para abrigar, no máximo, 50 carros de competição. Mas a coisa cresceu demais. Alguns proprietários de veículos antigos e até pilotos, vendo a dedicação e o carinho com que Trevisan restaurava os modelos e cuidava de seu acervo, passaram a doar, emprestar ou vender seus veículos a ele. O resultado foi a coleção mais significativa do automobilismo brasileiro.

O Museu do Automobilismo Brasileiro, de Paulo Trevisan, tem o maior acervo de carros de corrida do País e vai ganhar casa nova e exposições temáticas

 

Único exemplar do Maverick Berta da equipe Hollywood pilotado por Luiz Pereira Bueno e Tite Catapani

São 30 Fórmulas, entre eles os de Fittipaldi, Clovis Morais, Alfredo Guaraná, Chico Lameirão, Pedro Muffato e Barrichello

 Em um dos salões, oito carreteras autênticas ao lado de uma fileira de protótipos (acima)

Entre os carros mais antigos estão duas Maserati que correram na categoria Mecânica Continental e estão com suas mecânicas originais. Já entre os preferidos de Trevisan está outra Maserati: a 4CM 1938, que acabou de ser restaurada e ilustra a abertura desta reportagem. Ela venceu o GP de Berna, na Suíça, pilotada por Armand Hug, em 1938, e correu na África do Sul, na França, na Líbia, na Argentina e no Brasil. Trevisan achou seu chassi em Fortaleza e começou a restauração, comandada pelo construtor Tony Bianco. Aliás, foi ele quem projetou e restaurou muitos dos carros do museu, que tem, inclusive, uma ala em sua homenagem. Alguns veículos são exemplares únicos, com um valor inestimável, como o Maverick Berta Hollywood, que foi pilotado por Luiz Pereira Bueno e Tite Catapani. São tantos carros memoráveis que o espaço ficou pequeno. Em algumas alas é impossível acessar os modelos, guardados em fileiras.

Opala Hodroplás pilotado por Ingo Hoffmann

Carcará e F-Júnior. Abaixo, modelo daLegend Cars americana

Todos os carros funcionam e é comum vê-los rodando no Autódromo de Guaporé. A ideia do museu é manter esse dinamismo

Mas isso vai mudar. O empresário está construindo um novo espaço para sua coleção. O local será um anexo do Prix Hotel, na cidade de Passo Fundo, que será inaugurado em 2012. “A ideia é fazer um museu dinâmico, com exposições temáticas por épocas, categorias ou sobre um determinado piloto. A cada três meses, esse tema será mudado e a mostra permanecerá aberta por 15 dias”, explica Trevisan.

O acervo conta com oito carreteras autênticas, 18 karts, 30 fórmulas, dez stock cars, 20 protótipos e vários troféus