29/06/2020 - 12:40
Há pouco menos de 20 anos, Madonna voltava às páginas dos jornais em uma história digna de tablóide: a estrela multimilionária era humilhada pelo então marido Guy Ritchie em um BMW M5. A atitude arrogante dela foi punida com um motorista irresponsável que a lançava no tapete vermelho, com a maquiagem borrada e as calças molhadas.
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Mas tudo não passava de ficção. A sinopse tratava de uma série de filmes bancada pela BMW para promover seus carros. A estratégia cinematográfica viralizou, e estamos falando de uma época em que pré-YouTube. O curta dirgido por Ritchie e chamado de Star foi um dos que mais chamou a atenção.
Ao som de Song 2, do Blur, o motorista sem nome, vivido por Clive Owen em toda a série de curtas, faz as maiores acrobacias. Com seu esportivo, enquanto leva a estrela pop para o local do show. A atitude arrogante de Madonna logo vira pavor e cambalhotas involuntárias no banco de trás do BMW M5, até a cantora ser despejada e humilhada, na frente de um exército de papparazzi.
Tudo é (apenas) marketing
Star faz parte da série The Hire, que tem ao todo nove curtas dirigidos por cineastas do gabarito do finado John Frankenheimer, ao neo cult Alejandro González Iñárritu. Ambush, inclusive, é o último trabalho de Frankenheimer, que morreria em 2002, um ano depois da estreia da série.
A ideia foi concebida 20 anos atrás por Jim McDowell, líder supremo do departamento de marketing da montadora alemã nos EUA. A estratégia dele nasceu como uma forma de divulgar a marca, que não teria nenhum grande lançamento para aquele ano. Mas é impossível que McDowell tivesse ideia da proporção que a coisa iria tomar.
A série de 5 curtas logo viralizou, mesmo em uma época em que streaming praticamente inexistia, e o YouTube sequer tinha sido criado.
Mas a colagem de histórias de drama, ação e comédia envonvendo um motorista de alguel anônimo, sempre com um BMW diferente, fez tanto sucesso, que The Hire estreou no Festival de Cannes. O boca a boca funcionou, e logo a montadora viu a oportunidade de ampliar a divulgação com DVDs que eram dados de brinde a quem comprasse um carro.
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Os discos sumiram do mapa em poucos dias e, em seguida, começaram a aparecer aos poucos em serviços de download pré-torrent. Era preciso vasculhar os arquivos de serviços como eMule ou Kazaa para conseguir assistir aos episódios. Hoje, felizmente, todos eles foram publicados no YouTube em HD pela própria BMW.
Onde é que já vi esse filme?
Se você está se perguntando se o roteiro dos filmes da BMW não é parecido demais com embrião da franquia The Transporter (ou Carga Explosiva em português), a resposta é sim. E a afirmativa vem do prórpio idealizador Luc Besson. Em diversas entrevistas ele disse que se inspirou na série de curtas para conceber os filmes estrelados por Jason Statham. A começar pelo BMW E38 Series 7 usado pelo protagonista Frank Martin no primeiro filme.
O “casamento” entre Martin e a BMW durou pouco. A partir do segundo filme da franquia, a também alemã Audi correu atrás do prejuízo e passou a ser o carro oficial da quadrilogia e da série de TV que surgiu após o sucesso nas bilheterias.
O casamento de Ritchie e Madonna também não sobreviveu e os dois se divorciaram em 2008. Mas a colaboração em Star é, de longe, o melhor trabalho do casal no cinema. Fora o curta, Madonna também estrelou Destino Insólito, dirigido por Ritchie. A bomba arrematou cinco estatuetas do Framboesa de Ouro, o Oscar dos piores fimes.
