23/09/2025 - 6:00
Muito têm se falado da Ram Dakota, que será a próxima grande aposta da Stellantis no mundo das picapes. Derivada diretamente da Fiat Titano que, por sua vez, vêm da Peugeot Landtrek (essa é “cria” da chinesa Kaicene F70, numa longa história), ela traz visual dianteiro exclusivo, com a cara mais bruta das Ram. Também deve diferir com interior exclusivo, bem mais esmerado que o da Titano.
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A Ram Dakota será feita em Córdoba, na Argentina, ao lado da Titano e do Cronos. A chegada no país dos Hermanos, aliás, acontecerá antes do Brasil: no final de 2025. Nós só teremos o modelo por aqui no primeiro semestre de 2026, possivelmente integrando a linha 2027. Vale lembrar que, até agora, ela só foi mostrada no formato de conceito, batizado de “Nightfall”, com a mesma receita básica do carro definitivo.

Sob o capô, é quase certo que ela mantenha o mesmo 2.2 turbodiesel de quatro cilindros da Rampage e da própria picape-irmã da Fiat, atrelado ao câmbio automático de oito velocidades. Nelas, o powertrain rende 200 cv de potência com cerca de 46 mkgf de torque, contanto sempre com tração nas quatro rodas e função de reduzida.

Ela deverá justamente preencher a lacuna entre a Rampage (hoje com preço máximo de R$ 270 mil) e a 1500 (começa em R$ 585 mil), atuando como caminhonete média mais luxuosa do Grupo Stellantis. Apesar do parentesco com a Titano, seguirá um estilo mais refinado e diferenciado, para atrair outro público, mais seleto. Baterá de frente com opções mais refinadas de Toyota Hilux, Ford Ranger, Chevrolet S10 e cia.
Nome Dakota já é conhecido

Quem tem pelo menos 35 ou 40 anos de idade vai lembrar que já existiu outra Dakota no mercado brasileiro, mas que fez pouco sucesso e esteve presente no mercado por apenas três anos. Sua chegada por aqui deu-se em abril de 1998, época em que a Chrysler, então dona da Dodge, estava indo de vento em popa mundo afora: tinha bons lucros, uma linha de produtos feliz e queria expandir horizontes. A Chrysler, vale falar, estava fora do mercado nacional desde o comecinho dos anos 80.
Como era a Dodge Dakota?

Voltava assim, em 1998, com a Dodge Dakota, uma caminhonete média que, na época, superava um pouco o tamanho das rivais, como Ford Ranger, Chevrolet S10 ou Toyota Hilux. Como grande diferencial, a Chrysler decidiu erguer uma fábrica brasileira em Campo Largo, no Paraná, apenas para fazer a Dakota. Ainda assim, a picape tinha alto índice de peças vindas dos EUA, seu país de origem.
De início, a Dodge Dakota nacional veio nas configurações de cabine simples e cabine estendida, atendendo desde o público que queria um veículo de trabalho (versões basiconas) até quem buscava uma caminhonete mais diferenciada (motores de alta cilindrada e recheada de equipamentos). Sob o capô, na estreia, podia ter um 2.5 de quatro cilindros ou um V6 3.9, ambos norte-americanos, que bebiam só gasolina.

Na época, fazia falta um motor turbodiesel, e isso foi resolvido no ano seguinte, 1999: naquele momento chegava um 2.5 turbodiesel, que, assim como as outras opções mecânicas, vinha acoplado a um câmbio manual de cinco marchas. Na época, a picape superava as rivais com um projeto mais moderno, além de também oferecer 1 tonelada de capacidade de carga e tecnologias como airbag duplo, freios ABS e afins.

Teve até versão R/T
Já era 2000, e ali ela passava a usar uma sigla que hoje conhecemos na Ram Rampage: R/T, que significa “Road and Track”, ou “Estrada e Pista”. Com perfil mais esportivo, tinha acertos próprios de suspensão, câmbio automático de quatro marchas (de série) e um motor V8 5.2 a gasolina com 232 cv de potência e 40 mkgf de torque. Para efeito de comparação, a Ram Rampage R/T atual usa um 2.0 turbo a gasolina, com 272 cv e 40,8 mkgf.

Posicionada na época como automóvel nacional mais potente do mercado, a Dakota R/T era esperta para uma picape: demorava menos de 10 segundos para ir de 0 a 100 km/h, e passava dos 180 km/h de velocidade máxima. Ainda assim, tinha o pênalti de não oferecer tração 4×4, item que, aliás, não estava disponível em nenhuma Dakota brasileira. Somava-se a isso as suspensões altas, pneus off-road e uma dinâmica pouco trabalhada para o quanto ela acelerava.
Depois, em 2001, a picape da Dodge finalmente ganhou a opção da cabine dupla, que chegou bem atrasada para praticamente toda a linha, inclusive com opção do V8 e transmissão automática. Era a única Dakota com seis lugares (3+3), também.

Prejuízo e fim de linha
A operação de produção nacional, enquanto isso, amargava prejuízos: a fábrica do Paraná, programada para fazer 40 mil carros ao ano, estava trabalhando com 10 ou 15% da sua capacidade, apenas. A Dakota passava longe da liderança do segmento. Por essas e outras, em abril de 2001 interromperam sua produção, exatos três anos após a estreia, com o fechamento oficial da fábrica em setembro daquele ano.