A briga pelo segmento de sedãs compactos promete esquentar. O Chevrolet acabou de apresentar a sua segunda geração do Prisma. Apesar de surpreendente, ela terá que dividir as atenções com o também recém-lançado HB20S, versão três volumes do Hyundai HB20, que completará a família ao lado do aventureiro HB20X, nas concessionárias ainda este mês. Está na hora de o líder Fiat Grand Siena mostrar a que veio, já que essas novidades parecem ter qualidades capazes de abalar seu desempenho.

O HB20S chega em um momento oportuno e pega uma carona nos bons resultados do irmão dois volumes. “No ano passado foram vendidos 22 mil carros”, diz Roberto M. Carvalho, gerente-geral de vendas e desenvolvimento da rede. Isso considerando que o modelo foi lançado próximo do final de 2012. A expectativa agora é emplacar 40 mil unidades em 12 meses. Toda a produção da fábrica de Piracicaba (SP) será destinada ao nosso mercado e estão descartadas as exportações. Segundo a marca, também está no plano ativar o terceiro turno de funcionários no complexo industrial.

O remodelado Chevrolet Prisma foi graduado com o título de Sports Sedan – uma clara jogada de marketing. Assim como a ideia de manter o nome da geração passada, lançada em outubro de 2006 e que somou mais de 325 mil unidades vendidas. “Mantivemos o nome por acharmos uma marca forte e consolidada”, explica Hermann Mahnke, diretor de marketing de produto.

O representante “italiano” dessa trupe, há um ano ganhou nova geração, mudou de nome e passou a ser uma alternativa maior e mais equipada aos Siena “básicos”. O Fiat pode ser adquirido nas versões Attractive 1.4 (R$ 37.20), Essence 1.6 16V (R$ 41.770) e TetraFuel (R$ 46.190). E quem desejar mais conforto pode escolher ainda a transmissão automatizada Dualogic. Com praticamente os mesmos itens de série que os rivais (leia quadro), financeiramente é o mais atraente deste embate. Além de oferecer opcionais exclusivos como airbags laterais e teto-solar.

O Hyundai de entrada é vendido com motor um litro e tem preço inicial a partir de R$ 39.495, mais alto que o do Grand Siena 1.4. Com o motor 1.6, seu valor salta para R$ 44.995, chegando a R$ 50.795, dependendo da versão escolhida (Comfort Plus, Comfort Style e Premium).

Fora o câmbio automático, não há opcionais. “Aprendemos que não vale a pena vender um carro sem os vidros elétricos ou sem o rádio”, explica Rodolfo Stopa, gerente de produto da Hyundai do Brasil. A Chevrolet segue essa mesma linha de raciocínio. O Prisma têm três configurações de acabamento: LT 1.0 (R$ 34.990), LT 1.4 (R$ 39.090) e LTZ 1.4 (R$ 45.990). Segundo a marca, a transmissão automática de seis marchas deverá estar disponível ainda no segundo semestre deste ano.

A base do HB20S é a mesma do hatch e o sedã tem apenas dez quilos a mais. “Utilizamos materiais leves na construção e o motor é feito de alumínio”, explica Stopa. E não é que, visualmente, ele ficou semelhante ao Elantra? O Prisma é derivado do Onix e montado sobre a plataforma que a GM chama de “arquitetura global de veículos pequenos para mercados emergentes”. Apesar do nome estranho, ela já é nossa conhecida: originou o Spin, o Cobalt e o Sonic. Comparado a sua geração passada, o coeficiente aerodinâmico (Cx) do sedã melhorou 11% e a rigidez torcional, 25%.

A sensação de amplitude é maior no Grand Siena, mas é o Prisma que oferece o maior espaço para as pernas atrás. Tanto o Chevrolet como o Hyundai não têm o encosto de cabeça para o terceiro ocupante. O interior do Hyundai manteve-se idêntico ao do hatch e é bem resolvido. Traz a coluna de direção ajustável em altura e profundidade (no Prisma e Siena é somente em altura), mas os pinos das portas aparentes lembram carros mais antigos. O Grand Siena tem uma falha de acabamento: o fio que conecta o retrovisor eletrocrômico fica à mostra.

O interior do Chevrolet é o mais arrojado, com um moderno painel de instrumentos digital e uma tela 7” sensível ao toque. Por ela se controla o sistema MyLink (de série no LTZ), que passa a ter o BringGo (GPS), o TuneIn (para ouvir rádios mundiais) e o Stitcher (para escutar podcast). Para usar as funções, o proprietário deve ter um smartphone a partir do iPhone 3GS ou Samsung Galaxy SII com pacote de dados.

Quem procura um sedã, pelo menos em tese, está interessado no tamanho do portamalas. Nesse quesito, ponto positivo para o Grand Siena – o menor deles é o HB20S. No Hyundai ainda há a comodidade da abertura interna e também da portinhola do bocal do tanque de combustível.

No desempenho, nenhum deles tem espírito nem pretensões esportivas. No Hyundai as respostas são mais rápidas ao comando do acelerador. Já o Siena sofre um pouco com a falta de fôlego nas baixas rotações e pede mais reduções de marcha. O Chevrolet, que tem a menor unidade, decepciona. Demora um tempo para deslanchar, mas depois que embala vai bem. Os engates do HB20S e do Prisma são leves, macios e precisos. O Siena, nesse quesito, sai perdendo. Não que seja ruim, pelo contrário. No entanto, tem um acionamento mais áspero que o dos rivais.

Com foco no conforto, os três modelos têm suspensões macias e tratam bem os ocupantes. No Hyundai, as molas traseiras foram substituídas por outras mais rígidas, mas, dos três, ainda é o mais molenga. Na hora da manutenção, ponto positivo para o HB20S com seus cinco anos de garantia. pesa contra ele, no entanto, a rede menor e o preço mais elevado das peças, apesar de a diferença ser pequena.