Ao chegar ao mercado no ano passado, o novo Hyundai HB20 teve divulgado seus resultados do crash-test realizado pelo instituto Latin NCAP. Com a carroceira hatchback, o modelo, nas versões com dois airbags, teve um resultado que não foi brilhante, mas satisfatório: quatro estrelas para adultos e três para crianças (leia aqui). Agora, porém, o instituto realizou o teste de auditoria e rebaixou o modelo, na mesma versão, para apenas uma estrela na proteção para adultos (manteve as três para crianças).

Segundo o Latin NCAP, o resultado do teste de auditoria do Hyundai HB20 “mostra que o modelo ofereceu menor proteção no tórax do ocupante adulto do que no teste original, ultrapassando por pouco os limites biomecânicos máximos permitidos para o corpo no teste de impacto lateral.”

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O instituto afirma ainda que “De acordo com os requisitos dos protocolos de avaliação, o Latin NCAP tem o direito de auditar qualquer teste patrocinado a qualquer momento.” A nota divulgada ainda explica que “o tórax do adulto apresentou níveis de proteção mais baixos no impacto lateral do que o mesmo modelo testado em setembro de 2019”.

Mas ressalta que “durante o impacto lateral, o tórax do dummy adulto ofereceu proteção ruim (cor vermelha), apresentando valores que excedem o limite biomecânico permitido pelo Latin NCAP.” De acordo com o protocolo do Latin NCAP 2016-2019, sob o qual o veículo foi avaliado, uma área crítica do corpo com cor vermelha limita o resultado a, no máximo, uma estrela.

O Latin NCAP divulgou ainda a seguinte “entrevista” (não são perguntas formuladas por nós, já vieram prontas) com Alejandro Furas, secretário-geral do Latin NCAP. Aguardamos um posicionamento da Hyundai sobre o assunto. O instituto não testou as versões com airbags laterais, mas certamente têm resultado melhor.

Quão surpreendente é esse resultado da Hyundai?

É surpreendente e decepcionante que um fabricante como a Hyundai, líder em segurança nos mercados globais, seja caracterizado por um fraco desempenho de segurança na América Latina. O HB20 é concorrente direto do Novo Chevrolet Onix, cujo modelo original é o mais vendido do Brasil. O Novo Onix oferece melhor desempenho, cinco estrelas para proteção do ocupante adulto e infantil, seis airbags, Controle Eletrônico de Estabilidade e proteção para pedestres como equipamento de segurança padrão. É possível produzir veículos populares cinco estrelas no Brasil; portanto, os brasileiros deveriam questionar a Hyundai sobre por que eles estão sendo tratados como cidadãos de segunda classe, enquanto outros fabricantes como a Chevrolet oferecem aos latino-americanos a mesma segurança básica que a proporcionada aos clientes em outros mercados globais.

Quais as principais diferenças encontradas no desempenho do HB20 testado em 2019 e do auditado em 2020?

O Latin NCAP não encontrou diferença na construção dos dois veículos, mas no próprio desempenho. Na verdade, a deformação da estrutura parece a mesma, com deformação interna semelhante e pontos de impacto similares no dummy. Notamos uma desaceleração diferente sob as mesmas condições de teste e um comportamento ligeiramente diferente no painel interno das portas durante a colisão. Os sistemas de segurança não devem mostrar essas variações de um teste para outro. Esta situação levanta sérias questões sobre a estratégia da Hyundai dos sistemas de retenção de impacto lateral do HB20.

Como foi a reação da Hyundai?

O Latin NCAP perguntou à Hyundai se eles poderiam explicar as diferenças de desempenho. O Latin NCAP também incentivou a Hyundai a melhorar o veículo auditado e a desenvolver uma abordagem de segurança mais robusta para o sistema já instalado no carro. Até o momento, a Hyundai não reagiu aos comentários do Latin NCAP.

De quem é a responsabilidade e há alguma maneira de evitá-lo?

O monitoramento para evitar esse tipo de oscilação na qualidade da produção é de responsabilidade do fabricante. Sob estruturas regulatórias mais robustas, que pressionam os fabricantes de automóveis a reforçar o controle de qualidade e o monitoramento, essas variações são facilmente aparentes. Os governos são responsáveis por estabelecer estruturas regulatórias robustas e apoiar os NCAPs locais, seguindo as recomendações da Década de Ação para a Segurança Viária das Nações Unidas em 2030 .