O novo Sonata impressiona por suas linhas extremamente futuristas: elas indicam uma tendência mundial na confecção de sedãs, a exemplo das formas já apresentadas no novo Ford Fiesta. São formas esguias, que dão jovialidade ao que deveria ser um pacato e conservador sedã. Se observarmos o design de seus concorrentes mais diretos oferecidos em nosso mercado hoje – Ford Fusion, Chevrolet Malibu, Honda Accord e Toyota Camry –, percebemos de imediato a ousadia do coreano Sonata, apresentado ao mundo em 2009. Atrevimento semelhante, apenas no seu irmão quase gêmeo, o Optima, da Kia (que faz parte do mesmo grupo): ambos são montados sobre a mesma plataforma e compartilham, basicamente, da mesma mecânica.

Na realidade, o Sonata só têm mesmo de coreano, a marca Hyundai: o carro foi desenhado nos estúdios da montadora no sul da Califórnia, nos Estados Unidos. Sua produção se concentra em dois polos: no sul da Coreia e no Estado do Alabama, nos EUA. O modelo vendido aqui é um legítimo coreano: como o motor 2.4 CVVT do americano tem injeção direta de gasolina que gera quase 200 cv, mas poderia ter problemas com nossa gasolina (com alto grau de enxofre em sua composição), a versão brasileira é equipada com um motor 2.4 semelhante ao norte-americano, mas com injeção indireta, convencional, que, nesse caso, produz 178 cv de potência – ainda assim um bom resultado para um motor 2.4, principalmente se observarmos os motores dos concorrentes com a mesma cilindrada.

Vendido em uma versão única, o modelo é oferecido já completo, sem opcionais. Fazem parte de sua lista de equipamentos rodas aro 18 com pneus 245/45, arcondicionado digital com dutos para os bancos traseiros, sistema de áudio com seis CDs, entradas auxiliares e comandos no volante, computador de bordo com tela LCD de sete polegadas, bancos com regulagem elétrica e forração em couro, teto-solar panorâmico, faróis de xenônio com acendimento automático, freios com ABS e EBD, controles de tração e estabilidade, airbags frontais, laterais e de cortina, entre outros itens. Um ótimo pacote se considerarmos que alguns concorrentes têm preços mais atraentes, mas uma lista de equipamentos que deixa a desejar para os consumidores mais exigentes.

Na mecânica, uma composição interessante e atraente para o segmento. O motor 2.4 permite a constante variação de seus dois comandos de válvulas, tanto de admissão quanto de escapamento. Com isso, os técnicos conseguem um acerto que permite as melhores respostas nas baixas rotações, associadas a um menor consumo e emissão de poluentes: o Sonata é bom nas acelerações e ultrapassagens, sem que isso comprometa sua performance nas altas rotações. E esse propulsor ainda tem coletor de admissão de comprimento variável, que reforça ainda mais o bom torque em baixas rotações. Quanto à potência, ela seria, sim, melhor com o uso da injeção direta – mas isso exigiria a utilização da gasolina Podium, com baixos índices de enxofre. Por isso, a Hyundai optou pelo sistema tradicional.

Mesmo assim, o motor é moderníssimo, todo fundido em alumínio. Acoplado a ele, há uma moderna caixa automática de seis velocidades, criando um powertrain bem interessante. Mesmo com apenas quatro cilindros, o Sonata consegue acelerar de 0 a 100 km/h em bons 9,5 segundos e atingir 208 km/h de velocidade máxima. Claro que, para aquele consumidor que não mira somente no desempenho, mas está interessado também na menor emissão de poluentes e em índices mais contidos de consumo, essa configuração mecânica permite ao Sonata boas marcas de consumo e, consequentemente, menor emissão de gases. Andar rápido ou economizar, de acordo com as necessidades do motorista naquele momento, são opções permitidas pela boa tecnologia construtiva deste sedã coreano.

Suspensão independente e freio a disco nas quatro rodas são elementos integrantes da plataforma moderna do Sonata. Esse conjunto, bem calibrado, garante boa estabilidade direcional e aderência em curvas, além de frenagens em espaços curtos e sem desequilíbrios nas reduções de velocidades emergenciais. São recursos que combinam com a modernidade do projeto do sedã coreano.

Quanto ao preço, trata-se do item mais polêmico do novo carro. Oferecido na rede de revendedores da Hyundai por R$ 105 mil, o Sonata é aparentemente o mais caro dos carros de seu porte equipados com motor quatro cilindros – um fato incontestável. Mas a situação começa a mudar de figura quando analisamos o pacote de equipamentos oferecidos em cada um deles. Sob esse prisma, o Honda Accord 2.0 é o mais caro: quase “pelado”, ele custa pouco menos de R$ 100 mil. O Chevrolet Malibu, por quase R$ 90 mil, não tem forramento em couro nas portas, faróis de xenônio e outros “mimos” importantes em um carro desse segmento. Já o Toyota Camry é oferecido só na versão V6, e custa R$ 126.833. Quem tem um preço bastante competitivo, nesse caso, é o Ford Fusion: a versão 2.5 16V é vendida por pouco mais de R$ 80 mil, enquanto a versão 3.0 V6 é ofertada por cerca de R$ 100 mil – com câmbio automático de seis marchas e tração integral.

E ainda há o Kia Optima, seu irmão coreano produzido na mesma linha de montagem e que utiliza a mesma mecânica. Com preços ainda não divulgados, ele pode surpreender o mercado. De qualquer forma, acreditamos que o excelente Sonata deva ter preços mais atraentes depois de passada a “onda” do lançamento. Acreditamos que, no segundo semestre de 2011, o sedã já possa ser adquirido por preços ao redor dos R$ 95 mil. Mas isso é o mercado quem vai dizer…

O painel, acima, tem linhas ousadas como as externas, e a lista de itens de série é completíssima. Abaixo, os instrumentos, com iluminação so sticada, as borboletas no volante para trocas de marcha – que também podem ser feitas na alavanca do (bom) câmbio sequencial de seis marchas – e os confortáveis bancos dianteiros, com ajuste elétrico. Com quase 2,80 m de entre-eixos, o espaço interno é bastante amplo

OS PRINCIPAIS CONCORRENTES

Kia Optima

O design também é inovador e ele usa a mesma base mecânica e plataforma do Sonata. Chega ainda neste semestre, mas não teve seus preços sugeridos divulgados.

Volkswagen Jetta

O novo sedã chega maior e mais espaçoso neste trimestre. Tem motor 2.0 turbo de 200 cv e transmissão de dupla embreagem. O preço o cial não foi revelado.

Chevrolet Malibu

Importado dos EUA, tem uma lista de equipamentos menor que a do Hyundai e é vendido por cerca de R$ 90 mil. No conjunto de motor e câmbio, é equivalente ao rival.

Ford Fusion V6

Além da versão 2.5 com potência equivalente à do Sonata, há a V6 – com tração integral e bem completa – por cerca de R$ 100 mil. É, hoje, o maior desa o para o Hyundai.