29/04/2025 - 12:00
Após o tarifaço de Donald Trump, a tendência é que o Brasil receba mais produtos importados de países asiáticos, como a China. Um deles será o pneu. Mas qual o efeito disso para o nosso mercado? E o preço vai aumentar ou cair após as medidas?
Indústria de pneus no Brasil
De forma geral, a Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (Anip) enxerga o momento com muita preocupação.
“Com o aumento das tarifas, os países asiáticos, que estão sendo fortemente penalizados, devem intensificar suas exportações para outros mercados. O Brasil poderá ser um dos seus alvos preferidos, o que tende a intensificar ainda mais a entrada de produtos importados no país, colocando em risco a competitividade da indústria nacional e ameaçando a manutenção de empregos e investimentos no setor.”
Vale destacar que a indústria brasileira de pneus possui 21 fábricas, de 11 fabricantes, localizadas em sete estados do país. O setor gera 32 mil empregos diretos e mais de 500 mil indiretos.
“Há cerca de 4 anos estamos enfrentando a invasão de pneus importados da Ásia que muitas vezes entram no país a preços abaixo do custo de produção do pneu nacional.”
Mesmo que o governo federal mantenha ativos todos os mecanismos de defesa comercial atuais, o setor entende que são necessárias medidas rigorosas de proteção e controle que limite eventuais acréscimos das importações.

+ Dunlop pavimenta estrada para chegar a 30 mil pneus por dia
+ Inspirada no automobilismo, Pirelli apresenta mesa de pebolim no Salão do Móvel de Milão
Importadores
Rogério Gonçalves, diretor de supply chain da Magnum Tires, empresa que faz parte da Associação Brasileira dos Importadores e Distribuidores de Pneus (Abidip), concorda que o setor no Brasil sofrerá um impacto das tarifas sancionadas pelos Estados Unidos, assim como o mercado nacional se tornará um dos principais destinos para pneus de países que perderão competitividade no mercado norte-americano.
“No caso de Vietnã, Camboja e Tailândia, esse efeito tende a ser sentido após o período de trégua de 90 dias estipulado por Donald Trump — se ao final dele as sobretaxas forem confirmadas. Já no caso da China, maior exportador de pneus para o Brasil (com representatividade estimada entre 60% e 70% de todo o volume importado, somando todos os segmentos), as tarifas foram não só mantidas como majoradas, o que deve provocar um redirecionamento mais rápido de produtos chineses para outros países, como o mercado brasileiro.”
Para ele, dois movimentos principais são esperados. O primeiro é o aumento da oferta de pneus importados no Brasil, com esses países buscando escoar sua produção redirecionada após a perda de competitividade nos Estados Unidos.
O segundo é o aumento das exportações de pneus produzidos no Brasil para o mercado americano, por conta da sobretaxa menor de 10%, custo de logística menor, câmbio favorável e o possível espaço deixado pelos concorrentes asiáticos.
“Isso pode, inclusive, provocar uma inversão no mercado interno com mais pneus importados e uma indústria nacional aumentando o percentual de exportação.”
E o preço?
Devido a esse movimento, o consumidor brasileiro pode esperar preços mais em conta dos pneus, caso haja um excesso de oferta, segundo Gonçalves.
“Por outro lado, se a indústria nacional aumentar significativamente suas exportações e houver pressão para restringir a entrada de pneus de fora, o preço interno pode subir. A possibilidade de o governo brasileiro ser pressionado a sobretaxar novos países também pode influenciar.”
