Se me perguntassem como seria o futuro da Audi, eu responderia “A6 e-tron”. Talvez não exatamente com essa pegada de sedan coupé, mas mantendo o estilo, funcionalidades, pegada tecnológica e por aí vai. Por R$ 650 mil em versão única aqui no Brasil, ele parece adiantar o que a marca alemã vai criar daqui alguns anos.  

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Audi A6 Sportback e-tron – Foto: Lucca Mendonça

Bonito e muito fluído, o A6 e-tron já enquadra a nova fase de nomes da Audi, e substitui o A6 Sedan, que esteve presente em nosso mercado por mais de 30 anos, desde a primeira geração. Do antecessor, parece só trazer o nome, afinal ganha outras linhas, motorização 100% elétrica e naipe de carro futurista. É, inclusive, o primeiro e único carro com tração traseira que a fabricante já vendeu por aqui. 

A dianteira, predominantemente fechada, junto com carroceria coupé, maçanetas embutidas, rodas especiais, saias laterais e perfil bem “liso” fazem dele o rei da aerodinâmica: tem Cx (coeficiente de arrasto) de impressionantes 0,21. No que isso influencia? Silêncio, performance, autonomia, e até na dinâmica de condução, dependendo do caso. Em resumo, só faz bem ao carro. 

Audi A6 Sportback e-tron – Foto: Lucca Mendonça

A bordo do A6 Sportback e-tron

Durante o test-drive do A6 e-tron, passei pelas três etapas de um ocupante: passageiro traseiro, passageiro dianteiro e, por fim, ao volante. Os dois primeiros, parte na cidade e parte na estrada, porém só pude guiá-lo na estrada. É, de fato, outra era dos Audi, totalmente diferente, por exemplo, do antigo A6 Sedan. Ainda assim, o alto nível de conforto foi mantido, para a minha surpresa: o elétrico roda macio e suave, absorvendo o máximo de imperfeições da pista, em que pese os pneus de perfil baixo e as grandes rodas aro 21.  

Audi A6 Sportback e-tron – Foto: Lucca Mendonça

Além disso, o silêncio também impera, como esperado num EV de alto nível. Lembra do menor arrasto aerodinâmico? Pois é. Assim, ele briga menos com o vento e, por consequência, pode enfrentar a estrada sem muita turbulência. Mérito também das câmeras externas que substituem os retrovisores físicos (vilões do baixo Cx), opcional do modelo por R$ 20 mil e que equipava o exemplar do teste. É uma melhor forma de aproveitar, também, o bom sistema de som 3D da Bang & Olufsen.  

Audi A6 Sportback e-tron – Foto: Lucca Mendonça

De início, no banco traseiro, a ausência de um túnel central elevado já foi um alento para o conforto de quem vai atrás. Com tração apenas traseira e propulsão elétrica, o A6 e-tron não tem cardã para passar no meio do carro. Em contrapartida, o assoalho é bastante elevado, como acontece nesse tipo de propulsão. A enorme distância entre-eixos, de 2,95 m, garante amplo espaço para pernas e pés de quem viaja atrás. Apesar do estilo baixo e coupé, também não foi problema a altura da sua carroceria. Ou seja, sim, é espaçoso, inclusive nos porta-malas dianteiro e traseiro: juntos, tem 530 litros. 

Audi A6 Sportback e-tron – Foto: Audi/divulgação

Soluções bacanas no A6 Sportback e-tron

Algumas soluções bacanas para a cabine do carro chamaram a atenção. O ar-condicionado tem regulagem de temperatura independente atrás e, mais do que isso: há saídas de ventilação no fim do console central, como de costume, e também nas colunas. Ninguém passa desconforto por frio ou calor. Outra tecnologia legal é a do teto panorâmico, que dispensa a clássica “redinha” e aposta numa espécie de cortina digital: uma placa de cristal líquido vai entre duas camadas de vidro do teto, e, assim como uma tela, permite controlar seu nível de opacidade.  

Audi A6 Sportback e-tron – Foto: Lucca Mendonça

Sob o sol de 12h00, o sistema cumpriu o que prometeu: criou a proteção necessária para ofuscar a claridade e também o calor dos raios solares. O tal aparato, que não parece ser nem um pouco barato ou fácil de trocar, conta com alguns modos de operação: desligado (um vidro comum), totalmente opaco, listrado (intercala entre faixas com proteção solar e outras sem), ou corrediço, que funciona exatamente como uma cortina elétrica de outros tetos panorâmicos (você abre e fecha pelo botão).  

Audi A6 Sportback e-tron – Foto: Lucca Mendonça

Passei para o banco da frente. Ali já estava com os joelhos em posição mais ergonômica, por conta do banco mais alto e ângulo do assento. Na frente do passageiro, a terceira tela do painel (11”) permite conexões com o celular, regulagens de áudio e outras configurações, replicando o que vai na multimídia principal (14,5”). Por segurança, ela fica oculta para o motorista acima de 5 ou 6 km/h, mas os ocupantes continuam a operando normalmente.  

Ao volante

Audi A6 Sportback e-tron – Foto: Lucca Mendonça

Na frente, notei o que mais me atraiu no A6 e-tron: o posto de condução extremamente elevado. É algo, no mínimo, curioso para um Audi Sportback, normalmente com bancos colados ao chão e sensação de cockpit de carro de corrida. Dirigindo o novo sedanzão elétrico, me senti ao volante de um SUV Q3 ou Q5, dada a altura do banco: já em regulagem mais baixa, me sobravam cerca de quatro dedos até o teto, comprovando seu bom espaço para a cabeça (lembrando que tenho 1,87 m de altura). 

Sentar-se alto assim num Sportback é uma sensação diferente, mas tem seus lados bons: melhora a visibilidade (o A6 e-tron é bem envidraçado), facilita algumas manobras (enxergar o capô, por exemplo), e ainda deixa o movimento de entra-e-sai mais tranquilo (não parece que você está saindo de um buraco). Porém, quem curte uma dirigibilidade puramente esportiva, talvez sinta falta dos bancos baixos. Ergonomia, ajustes, conforto e bem-estar, esses não faltam. 

Audi A6 Sportback e-tron – Foto: Audi/divulgação

Dirigindo o A6 e-tron, notei as vantagens da nova plataforma modular PPC. Esses Audi feitos sobre ela estão mais sólidos, firmes, especialmente esses com motorização elétrica e pesadas baterias no assoalho. Mesmo com tração traseira, esse cara faz curvas com maestria, fazendo valer a fama da engenharia alemã no acerto de suspensões. A direção, macia e confortável, também não abre mão da precisão.  

Audi A6 Sportback e-tron – Foto: Audi/divulgação

Baixo e próximo do solo, o modelo também conta com centro de gravidade reduzido. Com isso, inclina pouco mesmo em curvas rápidas, e a rolagem lateral da carroceria é mínima. Em determinadas situações, lembrou, e muito, carros com tração integral. Desempenho? 367 cv de potência e 57 mkgf de torque imediato, números que já falam por si só. De qualquer forma, o tempo de aceleração divulgado pela Audi, com 0 a 100 km/h ao redor dos 5,5 segundos, pareceram bem fiéis a realidade.  

Rende (bem) mais

Audi A6 Sportback e-tron – Foto: Audi/divulgação

Diferente da autonomia medida pelo Inmetro: são 445 km com uma carga cheia, oficialmente. Mas, ele vai muito além disso com suas baterias de 100 kWh de capacidade. Pelo ciclo europeu WLTP, são quase 700 km de alcance divulgado. No teste prático, espere um meio-termo entre um e outro: algo ao redor dos 600 km rodados por carga. De qualquer forma, rende muitíssimo bem.  

O A6 e-tron já pode ser comprado pelos tais R$ 650 mil. Para poucos, não tem jeito. Mas, talvez, você possa “babar” por ele e levar para casa um A5 de nova geração, que sai por R$ 380 mil e segue uma receita parecida, porém com motor a combustão (2.0 turbo de 272 cv), tração nas quatro rodas e, claro, o cockpit esportivo digno de um Audi que queima gasolina.  

Audi A6 Sportback e-tron – Foto: Audi/divulgação