07/11/2025 - 14:00
A Geely praticamente chegou com os dois pés no peito da arquirrival BYD agora que lançou o EX2. Hatch compacto com jeitão de monovolume (teto alto, frente curta, linha de cintura mais elevada), ele conseguiu unir os preços atraentes do Dolphin Mini com tamanho, espaço, motorização e equipamentos do Dolphin GS. Como diz o ditado, ele meio que “matou dois coelhos numa cajadada só”.
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Preços e equipamentos do EX2
Oferecido em duas versões, ele já está nas concessionárias por R$ 119.990 (Pro) ou R$ 135 mil (Max), dependendo do que você escolher na lista de equipamentos. A primeira, lógico, é mais simples, perdendo rodas de liga-leve (trocadas por calotas de desenho bem duvidoso), assistentes de condução, carregador de celular sem fio, ajustes elétricos para o banco do motorista, tweeters no sistema de som e por aí vai. A Max, topo de linha, já oferece muito mais do que qualquer hatch compacto a combustão.

Como se comportou?
Seu test-drive compreendeu duas fases: uso urbano comum, seguido de uma voltinha num traçado cheio de curvas, desvios bruscos e pontos de frenagens fortes, para ver qual é a do carrinho numa tocada mais apimentada. E, surpreendentemente, ele uniu com méritos qualidades de um carro racional com um produto mais emocional.

Acabamento e ergonomia
Logo de cara, o acabamento aposta mais em partes macias do que os rivais da BYD. Cores, formatos e texturas são bem acertados, ainda que algumas decorações não façam muito o perfil do brasileiro, como por exemplo a gravura de prédios e arranha-céus no painel, que ganha uma luz de fundo ao dar a partida no carro. Uma boa vida a bordo, com direito a bancos ergonômicos e posição de guiar agradável, certamente farão a alegria de motoristas de app país afora. Eles deverão comprar muito o EX2.

Espaço interno
Não é para menos que esse Geely tem um “pezinho” no Uber, 99 e afins. Oferece amplo espaço interno (teto alto, cabine arejada, janelas grandes, amplo vão para as pernas), comodidades para passageiros (saídas de ar ou portas USB são de série para quem vai atrás), bastante conforto e silêncio a bordo (aqui, de fato, um capricho de engenharia), além do menor custo por km rodado dentre os elétricos vendidos por aqui, como a Geely tanto comemora: são R$ 0,09/km, diz a marca.
Direção e suspensões
De qualquer forma, de volta ao test-drive. Logo na saída, o bom raio de giro deixa claro que o EX2 é fácil de ser manobrado. Ajuda muito na cidade, assim como o campo de visão generoso do motorista. Câmera de ré e sensores de estacionamento traseiros estão presentes nas duas versões.

Há quem diga que só é possível saber bastante sobre o carro enfrentando a buraqueira de uma cidade grande. No caso, São Paulo. Logo nos primeiros obstáculos, o carrinho mostrou que filtra com competência as imperfeições do nosso solo lunar, só que com curso de suspensão um tanto curto. Parte desse mérito de absorção vai para os pneus, de composto tão confortável quanto o das suspensões, que, aliás, são independentes nas quatro rodas. No que isso ajuda? Estabilidade e maciez.

Telas e mais telas
O painel digital é fácil de ler e entender, tal qual a enorme multimídia de 14,6”. Só que os dois são cheios de menus, configurações e funções, o que deixa a operação um tanto confusa. É preciso de algumas aulinhas para comandar ar-condicionado, trocar modo de condução, mexer no computador de bordo, ou mesmo espelhar o celular pelo app “provisório” Carbite, já que Android Auto e Apple CarPlay ainda não estão disponíveis para ele. Segundo a Geely, os sistemas virão depois, por atualização.

Espertinho
O EX2 se mostrou mais silencioso e ágil que os dois rivais da BYD, Dolphin Mini e Dolphin GS. Pudera, ganha do primeiro no torque (tem cerca de 15,5 mkgf) e do segundo na potência (116 cv), contando com a tração traseira de série. A ficha técnica aponta para 10,2 segundos no 0 a 100 km/h, mas a impressão real é de algo até melhor do que isso. Em resumo, se vira muito bem nas saídas de semáforo, ultrapassagens em avenidas, ou então na hora de encara uma subida sem perder o pique.

Durante o teste rápido, o que mais se ouvia dele era o som de posição, emitido por qualquer carro elétrico em baixas velocidades, para alertar pedestres ao redor. O silêncio impera na cabine, também em um naipe superior ao que é encontrado nos outros hatches elétricos dessa faixa de preço. Vidros mais espessos e a adoção de mantas acústicas sem economia aparentemente fizeram a diferença.

Na tocada esportiva
Logo em seguida foi a hora de colocá-lo no teste que simula o uso em pista. Ali toda sua força foi posta à prova. Em curvas rápidas fez valer a direção direta e bem multiplicada (exige menos voltas do volante), mantendo-se no controle com o centro de gravidade baixo típico dos elétricos e a carroceria próxima do solo. Aqueles pneus de composto macio para aumentar o conforto “gritaram” bastante, mas nada que prejudicasse a dinâmica do EX2.

Na hora de frear, os quatro discos cumpriram bem o papel. Vale falar que os acertos de direção e pedais são bem macios. Ainda assim, se bem manuseado, o EX2 pode ser pra lá de divertido. Freia bem, faz curva bem e é espertinho para acelerar.
Dá para melhorar?
Pontos passíveis de melhora? Sempre tem. Bancos dianteiros rasos (pouca inclinação do assento), coluna de direção com ajustes limitados (só altura, e curso curto), ou, para muitos, a centralização de vários controles e ajustes nas telas, que complica algumas operações durante o uso. Botões físicos são poucos, apenas para funções indispensáveis como pisca-alerta ou freio de mão eletromecânico. Há quem, como eu, prefira teclas de verdade ao invés de menus e páginas numa multimídia. E, por algum motivo, seu ar-condicionado digital não oferece modo automático: vacilo.

Quem ganha com isso…
No frigir dos ovos, o EX2 é mais um carro elétrico que promete balançar o mercado e fazer a concorrência repensar seus preços. A Geely foi agressiva com o lançamento do EX2, tal qual a BYD fez com o Dolphin GS lá em 2023. E assim, aparentemente, vamos caminhando para democratizar a eletrificação automotiva por aqui. Quem ganha somos nós, consumidores…








