A importância do mercado brasileiro só vem crescendo nos últimos anos, assim como o volume de vendas. Ao mesmo tempo, nos mercados desenvolvidos, a crise bate forte ameaçando gigantes como a Chrysler (que já pediu concordata) e a GM (com situação indefi nida até o fechamento desta edição). A crise deles está se tornando uma oportunidade para nós. Montadoras de todo o mundo estão de olho no Brasil, com planos ambiciosos tanto para vender em nosso mercado quanto para nos usar como base de exportação.

Já temos aqui veículos chineses à venda, como o Effa M100 e os utilitários Chana, importados. A coreana Hyundai já fabrica o caminhão HR no Brasil e promete em breve produzir também o Tucson, além de ter planos de construir uma nova fábrica aqui. Outra coreana, a Kia, também avalia esta possibilidade. E a indiana Tata negocia com a Fiat a produção do Nano, o carro mais barato do mundo, em território nacional.

Mas a novidade é que duas novatas querem chegar com força ao mercado brasileiro. Em dois anos, a indiana Mahindra e a chinesa Chery pretendem ter fábricas no País. Antes de seguirmos, façamos justiça: a Mahindra já está no Brasil, em parceria com a Bramont, montando o utilitário-esportivo Scorpio e sua picape com cabines simples e dupla em Manaus, que já mostramos em edições anteriores.

Mas os planos da Mahindra são mais audaciosos. Em recente visita ao Brasil, um representante da marca chamou MOTOR SHOW para uma “consultoria”: nos perguntou sobre as peculiaridades do mercado e sobre o perfi l do consumidor brasileiro, para depois confi denciar, ainda não ofi cialmente, os planos da marca. Então, vamos a eles.

No ano que vem, a minivan de oito lugares Xylo chega, ainda importada. Um produto que, na Índia, onde a Mahindra é muito conhecida, conseguiu superar a (forte) concorrente Toyota Innova no primeiro mês de vendas. Mas esse não é o “grande plano” da Mahindra. Municiados com informações coletadas aqui, os executivos voltam à Índia e começam o desenvolvimento de um produto para nosso mercado. Em 27 meses, pretendem estar com o carro pronto e começarão a fabricá-lo aqui. Provavelmente em uma nova fábrica, já que a planta de Manaus deverá fi car apenas para utilitários.

O carro fabricado no Brasil será um veículo de passeio, ainda não defi nido. Pode ser uma picape pequena para brigar com a Fiat Strada, um compacto popular ou uma futura geração da própria minivan Xylo, com adaptações. A produção atenderá à demanda de todas as américas, usando o Brasil como base de exportação.

Já a chinesa Chery, como adiantamos em 2005, também vem com tudo: vai investir entre R$ 500 milhões e R$ 700 milhões daqui a dois anos para montar uma fábrica com capacidade para 150 mil carros/ano. Os modelos serão vendidos no mercado interno e exportados.

Enquanto isso não acontece, a marca começa a oferecer modelos importados, montados (CKD) no Uruguai. A princípio, serão cinco: em julho, chega o Tiggo, para brigar com o EcoSport (como adiantamos na MOTOR SHOW 305), com airbag duplo por R$ 49 mil; em setembro, chegam o QQ, um popular de R$ 24 mil (MOTOR SHOW 269), o Face ou A1 (R$ 30 mil) e os A3 hatch e sedã (R$ 44 mil). O plano é vender 2.500 carros ainda este ano.