A Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) aproveitou a realização do Salão de São Paulo para realizar sua apresentação mensal dos resultados da indústria. E os números, referentes a outubro, foram muito bons. O mercado de veículos leves (automóveis e picapes) e o de caminhões registraram em outubro o melhor mês de vendas desde outubro de 2014.

Em outubro deste ano foram licenciados 245.162 veículos leves, elevando o total do ano para 2.028.125 unidades, um crescimento de 14,4%. Já o mercado de caminhões registrou 7.894 vendas em outubro, com 60.673 vendas acumuladas, representando uma alta de 50,2%. O presidente da Anfavea, Antonio Megale, ressaltou o bom desempenho dos caminhões pesados, que tiveram 3.522 vendas em outubro. “Se estamos vendendo caminhões, é sinal de que a economia está andando, pois o mercado de caminhões é sempre muito ligado ao desempenho do PIB”, disse Megale.

Exportações de veículos caem
Presidente da Anfavea, Antonio Megale (Divulgação)

A notícia ruim ficou por conta das exportações, que caíram pelo segundo mês consecutivo, em função da crise na economia da Argentina. No total da indústria (incluindo também ônibus e máquinas agrícolas), a queda nas exportações foram de 37,3% em reação a outubro do ano passado e de 10,9% em comparação com o acumulado dos primeiros dez meses de 2017. No ano passado, a indústria automobilística registrou seu recorde histórico de exportações, com 766 mil unidades. Segundo Megale, as previsões otimistas para este ano, de novo recorde, não deverão se confirmar – e, pior, até mesmo o número de 700 mil unidades, a nova projeção, dificilmente será alcançado.

Megale tomou o cuidado de não fazer críticas diretas ao novo governo, com mas deixou transparecer alguns recados de insatisfação da indústria automobilística com algumas falas do futuro ministro Paulo Guedes, responsável pela Economia no governo de Jair Bolsonaro. Recentemente, Guedes disse a uma jornalista que o Mercosul não será prioridade do novo governo. “A Argentina é o nosso principal parceiro comercial”, disse Megale. “O Mercosul é extremamente importante para o Brasil. A Argentina é extremamente importante para o Brasil. Temos na Anfavea a visão de que devemos trabalhar estrategicamente com a Argentina, pois existe uma complementação produtiva entre os dois países. O Mercosul é fundamental para competirmos comercialmente com outras regiões.”

Segundo Megale, o Mercosul responde por algo entre 50% e 60% dos negócios da indústria automobilística, contando carros e autopeças. Ele também disse que espera uma boa receptividade do programa Rota 2030 por parte do futuro governo, pois “em todos os países desenvolvidos do mundo há apoio para pesquisa e desenvolvimento”. Para a Anfavea, o Brasil pode ser competitivo no mercado global, mas para isso terá que se desenvolver em parceria com o Mercosul. “Apoiamos a abertura do mercado, desde que seja feita de forma gradual”, afirmou.