A forte semelhança com o Golf é evidente e justicada. Afinal, o Fox 2015 é o primeiro carro nacional da Volks a adorar a nova “cara” da marca, que já estava no Golf. E todos sabemos como identidade visual é levada a sério pela Volkswagen, que às vezes é até criticada por seus carros serem semelhantes uns aos outros. O fato é que o hatch que inaugurou em 2003 no Brasil o conceito high-roof (teto alto) e chegou à segunda geração em 2009 agora ganha uma bela reestilização. Dependendo da versão, bem mais que isso. Distribuídos pela linha, há quatro opções de motor e três de transmissão, além de três pacotes de equipamentos e muitos opcionais. Mas a coisa funciona mais ou menos como tevê payper- view: para ter acesso às maiores novidades – principalmente mecânicas e de segurança – é preciso pagar à parte.

Além do design renovado, poucas inovações estão presentes desde a configuração de entrada Trendline. Destaque para a direção elétrica (antes hidráulica), a abertura do porta-malas no logotipo (como no Golf) e a direção com ajuste de altura e profundidade. Essa versão vem apenas com câmbio manual de cinco marchas e os antigos motores 4 cilindros: 1.0 8V de 76 cv (R$ 35.900) e 1.6 8V de 104 cv (R$ 39.800). Já a Comfortline tem a mesma mecânica e soma às novidades de série computador de bordo, rádio, repetidores de seta, faróis de neblina e aquecimento. Sai por R$ 38.190 (1.0) ou R$ 41.490 (1.6). Opcionalmente, pode ter transmissão automatizada. Já para usufruir do novo 3 cilindros 1.0 12V de 82 cv, mais moderno e econômico, é necessário, como antes, investir na versão Bluemotion, de R$ 37.690, com câmbio manual de cinco marchas. Vale frisar que esses preços são dos pacotes básicos, e nos Volks sempre há muitos opcionais. Todas as versões vêm com vidros e travas elétricas, mas ar-condicionado e rodas de liga leve, por exemplo, são pagos à parte. 

Para ver o que o novo Fox tem de melhor, porém, é preciso andar na topo de linha Highline, de R$ 48.490. É a única que vem com as principais novidades mecânicas – o motor 1.6 16V de 120 cv da família EA211, já usado na Saveiro Cross e no Gol Rallye, e a inédita transmissão manual de seis marchas (a I-motion, opcional, mantém cinco). Na oferta de equipamentos, o Fox Highline é bastante inovador, com itens até então inéditos no segmento: desde a providencial iluminação em curvas (ligando a seta ou virando o volante, uma luz auxiliar se acende) até controles de tração e de estabilidade, passando por auxílio de partida em subidas, navegador e rodas de liga aro 16. No entando, todos esses itens são opcionais, fazendo o carro superar R$ 58.000. Mesmo sem pagar extra, o pacote de equipamentos é bom, com saída de escape dupla, pedaleiras esportivas, sensores de estacionamento dianteiro e traseiro, banco corrediço (para ampliar o porta-malas) e rodas de liga aro 15, entre outros itens. 

Um destaque do interior do Fox Highline (além do surpreendente espaço interno, comum a todas as versões) está no sistema multimídia com navegador por GPS, igual ao da picape Amarok e de outros importados da marca. A tela é pequena, mas sensível ao toque, a qualidade sonora é ótima e a navegabilidade é intuitiva. Como em toda a linha, essa versão mais cara tem novos padrões de bancos e cores no painel, além de uma discreta atualização das saídas de ar centrais. De exclusivo, ainda tem de série volante multifuncional de couro nobre, igualzinho ao do Golf.

Ao volante, se nas demais versões pouco mudou além da direção, no Fox Highline a primeira impressão foi boa – principalmente pelo desempenho. Além de o motor 1.6 16V ser mais forte e potente, ele é elástico (oferece uma aceleração constante dos giros mais baixos aos mais altos). A redução do diferencial tornou as saídas bastante ágeis, mas o curioso é que, embora um grande objetivo dessa transmissão seja reduzir o consumo na estrada, os dados do Programa de Etiquetagem do Inmetro não são animadores. Talvez por culpa da aerodinâmica desfavorável (Cx de 0,35), a autonomia urbana é boa (10,8 km/l com gasolina e 7,6 km/l com etanol), mas a rodoviária, mesmo com a sexta marcha, deixa a desejar (12,0 km/l e 8,4 km/l, respectivamente). Já a direção com assistência elétrica agrada, principalmente nas manobras, quando ca levíssima. Em alta velocidade, a assistência é reduzida, mas o volante ainda ca leve demais. A antiga hidráulica transmitia mais segurança – mas é questão de costume. 

Não se trata de uma revolução, mas de um belíssimo banho de loja. O Fox deve ser o último Volks a manter essa plataforma “quase” PQ25 (que difere da do Polo europeu somente na construção do eixo traseiro), que vem sendo substituída pela MQB do Golf, mas isso não signi ca que seja ruim. O carro ainda cumpre muito bem sua tarefa. O Fox continua sendo um modelo espaçoso e agradável  de dirigir, e agora cou mais bonito e equipado, além de muito bem motorizado com os novos motores 3 e 4 cilindros da família EA 211 – desde que você pague mais para fugir das versões básicas.