TOYOTA IQ 13.750 EUROS

Durante o último Salão do Automóvel de Paris, a Toyota anunciou orgulhosa o lançamento do menor automóvel do mundo para quatro pessoas, o iQ.

Muitos devem ter imaginado que o feito não era assim tão surpreendente, já que a Mini e a Fiat, com seu Cinquecento, fizeram o mesmo, meio século atrás.

De fato, o problema não está em colocar quatro pessoas dentro de um carro de três metros, mas, sim, em fazer isso dentro das normas de segurança atuais e passar ileso nas provas de crash test lateral e frontal.

Em carros tão pequenos, não há espaço de deformação na carroceria, o que faz com que todo o impacto da batida seja absorvido pelos passageiros.

Fora isso, apesar de as leis europeias não exigirem crash test traseiro, os passageiros que vão no banco de trás, poderiam sofrer lesões graves nesse tipo de acidente. Para tentar minimizar esse problema, a Toyota adotou, de série, air bags dianteiros, laterais, de cortina, de joelho (para motorista e passageiro), antideslizamento (passageiro) e traseiro (desenvolvido pela marca, ele se abre à frente do vidro traseiro).

Para analisar o habitáculo de forma justa, precisamos imaginar o Toyota iQ como um carro para duas pessoas, com os assentos traseiros rebatidos. Assim, ele terá espaço suficiente para um casal e suas bagagens, tão bom quanto o de um Smart Fortwo, e ainda com o plus de ter dois bancos na traseira para as emergências. Agora, se o analisarmos como um veículo para quatro pessoas, fica difícil não criticar a falta de espaço e o ridículo bagageiro. O painel é assimétrico e aprofundado para o passageiro dianteiro, o que permite que ele traga o banco mais para frente, liberando alguns centímetros atrás. Por um preço estimado de salgados 13.751 euros (cerca de R$ 41.000), tudo é de série nesse carro. Não há muita opção de escolha para o consumidor, nem da cor. São apenas três: branco, preto e ametista (uma espécie de berinjela). Opcionalmente, o cliente pode escolher o navegador e um pacote que inclui, entre outros, o ar-digital, chave que liga o carro a distância e sensor de chuva. Ah! E o câmbio mecânico, porque, de série, só automático. Sente-se falta do ajuste de profundidade do volante e de altura do banco.

APESAR DE PEQUENINO, ELE SE COMPORTA BEM NA PISTA

Passeando pelas ruas, o carrinho oferece uma dirigibilidade surpreendente.

Ao volante, parece que você está em um carro maior, em um hatch compacto. O esterço é rápido e progressivo e mantém sempre a carga suficiente para transmitir a sensação de que o motorista tem pleno controle sobre o carro. Aliás, é mais do que uma sensação. O carro é equilibrado e responde bem. Praticamente não escorrega em curva e matém a trajetória escolhida.

Se, para provocar, o piloto decidir mudar essa escolha com um forte golpe no volante, ele responde passando de um ligeiro substerço para uma saída progressiva de traseira, o que é rapidamente anulado pelo controle eletrônico de estabilidade que intervém pontualmente em situações críticas

O comportamento seguro do iQ vem acompanhado de uma absorção bastante eficaz das irregularidades do solo, apesar da relativa leveza da carroceria (1.017 kg no momento da prova), mérito principalmente dos pneus de dimensões generosas, estreitos, mais altos o suficiente.

A transmissão também dá sua contibuição para essa agradável dirigibilidade.

A marcha é fluida, linear, progressiva e ajuda o carrinho a passar rápido pelo trânsito urbano. O único senão ficou por conta do espaço de frenagem, um tanto longo, apesar do conjunto de freios ser resistente e equilibrado.

Mas não podemos fechar a questão nesse momento porque o carro usado no teste era um pré-série.

O menor quatro lugares do mundo

Hoje, segundo a Toyota, o iQ é o menor automóvel para quatro pessoas do mundo. Meio século atrás, Fiat 500 e Mini Cooper faziam o mesmo.

A diferença? Na época, não havia crash test nem tanta exigência de segurança quanto nos dias atuais

Na pista, o modelo se comportou tão bem quanto na rua.

Mesmo nas provas de desvio em asfalto molhado, o Toyota se revelou seguro e fácil de pilotar, muito graças à intervenção da eletrônica. Nos testes, seu pequeno motor mostrou bons resultados. A aceleração de zero a 100 km/h foi vencida em 14s6 a máxima foi de 148,6 km/h. O consumo de12 km/l na cidade e 16 km/l na estrada é um tanto decepcionante para um três cilindors 1.0 de 68 cv. Já no conforto acústico, o iQ revela sua vocação urbana. Quando em baixas velocidades, o nível de ruídos é imperceptível, mas apresenta uma leve piora em estrada. E aí? Você compraria um carrinho desses por cerca de R$ 90 mil? Vá pensando no assunto, porque com a chegada do Smart e do Mini Cooper, esse Toyota pode logo, logo dar as caras por aqui…

Para não ocupar espaço, o sistema de ar-condicionado foi exclusivamente concebido para este modelo, que tem, entre os equipamentos de série, nada menos do que 10 airbags. O câmbio manual, só como opcional

Quando se utiliza apenas os bancos dianteiros, o iQ oferece um espaço aceitável para bagagem. Mas não espere muito conforto