Como adiantamos com exclusividade mundial, o Jaguar XE deve ser o primeiro carro da marca inglesa feito no Brasil. Sua produção em Itatiaia (RJ) deve começar no fim de 2016, depois de a linha ser inaugurada, no começo do mesmo ano, pelo Land Rover Discovery Sport. Antes disso, o modelo chega ainda importado com preços estimados a partir de R$ 170.000 para desafiar o já nacional BMW Série 3, o futuro nacional Mercedes Classe C e a nova geração do Audi A4. Mas será que o XE tem cacife para encarar o trio alemão?


O acabamento fica acima da média, e o painel tem bastante classe. A central multimídia ganhou nova interface, mais bela e amigável. Já a posição de dirigir é bem envolvente, como nos melhores rivais alemães

Não há expressão mais precisa do que a usada por Ian Callum (número 1 do projeto deste Jaguar) para descrever o banco do motorista do XE: você está sentado “na” máquina. De fato, estar ao volante dele é uma experiência imersiva em todos os sentidos: há o “abraço” do painel e também, sobretudo, o envolvimento emocional. É impossível ficar indiferente à precisão da direção, à sensação de controle e às qualidades dinâmicas desse sedã de tração traseira. Seja qual for o motor, a sensação ao guiar é sempre elegante e verdadeira.

E com muito conforto, graças à estrutura rígida e à suspensão eficaz. Algo que se encontra em poucos sedãs (e não apenas alemães). No sul de Pamplona, Espanha, dirigimos quase todas as variantes do XE. Concluímos que o ambicioso objetivo da marca – ter espaço entre os “clássicos” alemães – é factível quando se analisa o produto, e não apenas a marca. Há dois motores da nova família Ingenium a diesel, que não chegarão ao Brasil por causa de legislação local. Mas isso não é um problema, já que as melhores opções são a gasolina, e ambas serão vendidas no País.


As borboletas são de metal e há controle de chassi, start-stop, controle de largada e modo Eco

O conhecido 2.0 turbo de 240 cv (do XF e Range Rover Evoque) causou ótima impressão. Além de preciso e suave, é silencioso e progressivo, apesar de turbinado. Ele encontra seu parceiro ideal na transmissão automática ZF de oito velocidades – que, no entanto, podia ser mais harmônica nas subidas de marcha, principalmente quando se pede motor subitamente depois de desacelerar. Pena que os perfis de condução (Dinâmico, Normal e Eco) não sejam muito diferentes uns dos outros: apesar de afetar a resposta dos comandos, não mudam drasticamente a personalidade do XE.


O porta-malas tem alças cobertas e o espaço traseiro é apenas adequado. As rodas expõem os discos de freio e os bancos dianteiros têm memória e abas generosas

Para os apaixonados por alto desempenho, porém, o XE do “tamanho certo” é a versão S, com motor 3.0 V6 com compressor volumétrico (supercharger) de 340 cv e 45,9 kgfm (o mesmo do Jaguar F-Type V6). Capaz de atingir 100 km/h em 5,1 segundos, deve custar cerca de R$ 250.000. Como comprovamos em poucas voltas no Circuito de Navarra – uma pista metade rápida, metade técnica –, o sedã é estável e preciso, tem a quantidade certa de peso em sua direção elétrica e é bastante veloz. Não se trata de um esportivo extremo, que sirva de rival para Audi RS, BMW M e Mercedes AMG, mas é suficiente para um bom track-day. E ainda tem um ronco grave irresistível.

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Ficha técnica:

Jaguar XE 2.0

Motor: 4 cilindros em linha, 16V, duplo comando variável, injeção direta, turbo
Cilindrada: 1991 cm3
Combustível: gasolina
Potência: 240 cv a 5.500 rpm
Torque: 34,7 kgfm de 1.750 a 4.000 rpm
Câmbio: automático sequencial, oito marchas
Tração: traseira
Direção: elétrica
Dimensões: 4,672 m (c), 1,850 m (l), 1,416 m (a)
Entre-eixos: 2,835 m
Pneus: 225/50 R17 (opção 225/45 R18)
Porta-malas: 455 litros
Tanque: não divulgado
Peso: 1.530 kg 0-100 km/h: 6s8
Velocidade máxima: 250 km/h (limitada)
Consumo: não divulgado
Nota do Inmetro: não participa