02/08/2025 - 7:00
Alguns carros caem no gosto do público de forma quase instantânea: vendem como Coca-Cola geladinha no deserto. O Jeep Compass é um desses fenômenos. Lançado no Brasil em setembro de 2016, ele estreou acima dos R$ 100 mil na versão mais simples, mas nem isso afastou os compradores. Quase cinco anos depois, o modelo já ultrapassa as 500 mil unidades emplacadas no país. Sucesso, sem dúvidas.
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Ao longo desse tempo, o Compass ganhou inúmeras versões, séries especiais, combinações de motorização e tipos de tração. Entre as mais populares estão a intermediária Longitude e a versão de entrada Sport, ambas com motor flex (2.0 aspirado até 2021, ou 1.3 turboflex desde então). Já as topo de linha Limited e Série S também são presença frequente nas ruas. Mas como todo sucesso automotivo, o Compass também teve suas variações que fracassaram.

Compass Sport 4×4 flex queria surfar na onda do Renegade a diesel
É o caso do Compass Sport 4×4 Flex, uma versão rara que nasceu como uma aposta ousada. Em 2017, o Compass completava seu primeiro ano no mercado brasileiro, enquanto o Renegade vivia seu auge nas vendas, especialmente na configuração Sport Diesel 4×4, equipada com o motor 2.0 turbodiesel de 170 cv e câmbio automático de 9 marchas fornecido pela ZF. Na época, era o carro a diesel mais acessível do país.

Motorização do Jeep Compass Sport 4×4 flex
Empolgada com o bom desempenho do Renegade diesel, a Jeep decidiu aplicar a mesma fórmula ao Compass Sport. Mas com uma mudança crucial: em vez do motor turbodiesel, a nova versão traria o já conhecido 2.0 flex, combinado ao câmbio ZF de 9 marchas e tração 4×4 com reduzida. Era o mesmo conjunto mecânico usado nas versões diesel, só que agora com o 2.0 flex. A escolha foi estratégica: atingir um público que buscava tração nas quatro rodas, mas sem partir para o diesel.

O que deu errado no Jeep Compass Sport 4×4 flex?
Só que havia um desafio técnico importante. Nunca antes esse motor flex havia sido acoplado à transmissão ZF de nove marchas, o que exigiu um bom trabalho de calibração por parte da engenharia da FCA (hoje Stellantis). Fora isso, o sistema de tração 4×4 com reduzida também exigia algumas adaptações ao conjunto. E, nem é preciso falar: tudo isso custava dinheiro, e tempo.

A ideia, no papel, fazia sentido. Afinal, rivais diretos como o Honda CR-V e o Chevrolet Equinox ofereciam tração integral em versões a gasolina, ambos com motor 1.5 turbo e proposta urbana. Mas no Compass Sport, a conta não fechou. Por causa do custo de desenvolvimento e dos componentes mais sofisticados, a nova versão ficou cara demais para um modelo flex. Em 2017, ela chegou às lojas por R$ 118 mil, ou R$ 15 mil a mais que o Compass Sport 4×2, com quem compartilhava todos os equipamentos.

Visualmente, também não havia grandes diferenciais. Rodas aro 16, retrovisores e maçanetas sem pintura, ausência de frisos cromados, tudo igual ao Sport 4×2 convencional. A única coisa que o diferenciava na estética era o discreto emblema “4×4” ao lado da inscrição “Sport” na tampa do porta-malas.
Mesmo com o prejuízo à vista, não dava mais para voltar atrás. O desenvolvimento já estava em fase avançada, e engavetar o projeto significaria descartar meses de trabalho e investimento. A saída foi lançar a versão como uma espécie de série limitada, sem número fixo de unidades. Ela chegou ao mercado em setembro de 2017, como linha 2018, e ficou disponível apenas enquanto durassem os estoques.
No total, cerca de 700 unidades foram produzidas, parte delas destinada à frota de uso interno da fábrica e o restante ao varejo, com foco maior na região Sudeste. Hoje, segundo registros da frota nacional de veículos (Denatran), restam exatos 633 Compass Sport 4×4 Flex em circulação. A maioria (aproximadamente 480 carros) é do ano 2017. Os demais, pouco mais de 150 unidades, são 2018.

Apesar da passagem discreta (e relâmpago) pelas lojas, a versão não virou um mico no mercado de usados. Pelo contrário: esse curioso Compass flex com tração 4×4 segue sendo uma das versões mais valorizadas da linha, e a tração integral agrega peso na revenda. Se não deu certo quando 0 km, ele parece ter seu espaço no mercado de usados.
4XE segue os mesmos passos

Outra versão do Compass que deve entrar nessa lista de fracassos comerciais do SUV médio é a híbrida plug-in 4XE. Importada da Itália, mescla motor 1.3 turbo a gasolina com outro propulsor elétrico traseiro, garantindo a tração nas quatro rodas. Porém, sua “roupagem” é urbana, então o off-road não é seu lugar favorito. Além disso, o preço de tabela da Jeep chega a assustar: mais de R$ 347 mil, que são praticados desde sua estreia por aqui, em 2022. As unidades anunciadas no site da marca, aliás, são ano-modelo 2023. Estoque velho…

Problemas da 4XE: além da tração integral que não orna com sua carroceria “para o asfalto”, ele perdeu metade da capacidade do tanque de combustível para abrigar as baterias de tração. Com isso, não consegue ter boa autonomia nem como elétrico, nem como a combustão. Há tempos que ecoam informações que o Compass híbrido plug-in saiu de linha no Brasil, porém ele segue firme e forte no catálogo da marca…