03/01/2024 - 17:33
Na manhã de segunda-feira, 1, quatro jovens morreram dentro de um BMW Série 3, em Balneário Camboriú, litoral de Santa Catarina. Os três homens e uma mulher, entre 18 e 24 anos, aguardavam uma pessoa no estacionamento da rodoviária e ficaram com o ar-condicionado ligado.
O que pode ter ocorrido?
De acordo com a Polícia Civil de Santa Catarina, a principal linha de investigação é de hipótese de morte acidental, devido à asfixia por intoxicação de monóxido de carbono, que estaria vazando do veículo.
Uma perícia preliminar no carro identificou uma perfuração no cano de escape, em um local que fica entre o motor e o painel.
O BMW 320I M Sport (2022) foi modificado para que o ronco do motor ficasse mais “agressivo” e, desta maneira, dar um toque a mais de esportividade ao modelo.
Segundo especialistas ouvidos, e que trabalham com modificação em escapamentos, há de fato a possibilidade de que o veículo, após alterado o sistema de escape original, apresentar um vazamento e mandar monóxido de carbono para a cabine.
Podem ocorrer problemas na instalação que deixam uma fenda na tubulação, por exemplo. Com isso, o gás pode acessar a área de ar-condicionado e chegar aos passageiros.
Outra possibilidade é um defeito no difusor de escapamento de controle remoto, que muda o ronco do motor por meio do escapamento. No entanto, eles explicam que é muito difícil saber de fato o que houve sem uma averiguação.
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BMW
Em nota, a BMW afirma que “lamenta o incidente e reforça que não tem registro de casos similares envolvendo o modelo BMW 320i original de fábrica”. A companhia também disse que “está à disposição das autoridades para esclarecimentos”.
Jovens
A Secretaria de Saúde de Santa Catarina explicou que o SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) prestou o o pronto-atendimento dos quatro jovens, vítimas de paradas cardiorrespiratórias. O primeiro chamado ocorreu às 07h21 do dia 1º.
No entanto, as manobras de reanimação não tiveram sucesso. Às 8h17, foram declarados os óbitos.
O que é o monóxido de carbono?
O monóxido de carbono é um gás produzido a partir da queima de combustíveis derivados de petróleo em veículos, carvão ou madeira com pouco oxigênio, sua fórmula é conhecida como CO. Em entrevista à ISTOÉ, o químico Henrique Eisi Toma, que é professor titular na USP (Universidade de São Paulo), explicou que o gás é importante para a indústria e, no primeiro momento, não é nocivo para saúde.
“O problema começa quando o monóxido de carbono é inalado por muito tempo, porque ele se liga à hemoglobina, que é composta por ferro, presente nos glóbulos vermelhos e responsável por transportar o oxigênio pelo sistema circulatório”, completou.
Com essa perda do oxigênio pelo sistema circulatório, a pessoa começa a sentir falta de ar, dor de cabeça, náuseas, sonolência, confusão e pode até ficar inconsciente.
“A solução rápida é a pessoa sair do local onde tem bastante monóxido de carbono e respirar, pois ele sai do nosso organismo com certa facilidade”, disse o professor. Porém, caso isso não seja feito, a pessoa morre de maneira lenta, pois “o primeiro órgão a ser afetado é o cérebro, que depois de cerca de quatro minutos sem oxigênio sofre danos irreversíveis”.
Relembre o caso
O grupo foi declarado morto depois de ser encontrado desacordados no Terminal Rodoviário de Balneário Camboriú, em Santa Catarina.
Os jovens eram residentes de Paracatu, no interior de Minas Gerais. Eles haviam passado o Réveillon no litoral catarinense e estavam retornando para São José, onde estavam hospedados.
No dia em que ocorreu as mortes, os jovens foram para a rodoviária para buscar uma quinta pessoa, que havia chegado de Minas. Durante o trajeto, eles começaram a passar mal e decidiram aguardar um pouco.