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O Karmann-Ghia foi fruto de uma associação que deu certo: os italianos do estúdio de design Ghia entraram com o estilo marcante e os alemães da Karmann ficaram com a responsabilidade da produção do ferramental e da carroceria. A mecânica era a conhecida, robusta e de fácil manutenção do Volkswagen Fusca. O Karmann-Ghia teve sua produção iniciada em 1955 na Europa e acabou se tornando um grande sucesso: a própria rede de concessionárias da VW comercializava e distribuía o simpático carro para todos os países europeus.

Nesse mesmo período, a Volkswagen se instalava no Brasil. E, é claro, a Karmann se interessou em repetir na América do Sul a parceria que tinha com a Volkswagen na Europa. Em 1960, a empresa começou a instalar sua unidade fabril em terras brasileiras, bem vizinha à sua associada Volkswagen, que lhe forneceria a mecânica do seu simpático esportivo.

Em 1962, tínhamos na rede de revendas VW a opção de seu mais jovem esportivo. Ainda em uma época em que a frota brasileira era dominada por “trambolhudos” carrões americanos. E o Karmann Ghia chegou como uma verdadeira joia, que fazia com que os grandalhões se assustassem com suas cores alegres e charme europeu. O carrinho revolucionou nosso mercado de grandalhões.

A pouca potência do motor VW 1200 refrigerado a ar deixava a desejar àqueles que sonhavam com um desempenho de tirar o fôlego. Os 36 hp SAE (que correspondem a cerca de 28 cv atuais) permitia que o Karmann-Ghia chegasse a desestimulantes 138 km/h de velocidade máxima. Isso com um motor muito bem acertado e com todos os santos ajudando.

A solução para essa questão veio em 1967, quando o Karmann-Ghia, com algumas alterações estilísticas, recebeu um motor 1500 de 42 hp SAE (cerca de 36 cv atuais), que permitiram ao esportivo de dois lugares chegar aos 145 km/h de velocidade máxima com uma significativa melhora nas acelerações e retomadas de velocidade. Isso graças ao seu peso contido, não muito superior aos 800 kg.

O pequeno esportivo continuou sua evolução: Em 1969 ganhou um motor 1600 de carburação simples com 50 hp SAE (aproximadamente 42 cv atuais) e em 1970 ganhou bitolas mais largas nas rodas traseiras para adicionar estabilidade em sua dinâmica.

O TC

Em 1971, sofrendo grande pressão do lançamento do SP1 e SP2, com design mais evoluído e arrojado, o cansado esportivo deixou de ser produzido. As linhas de montagem cederam espaço para o mais sofisticado e moderno Karmann-Ghia TC (o TC significava ‘Touring Coupé’). Desenhado nos estúdios da Ghia, na Itália, propositalmente suas linhas remetiam às do Porsche 911.

Apresentado pela primeira vez no Salão do Automóvel de 1970, o novo Karmann-Ghia, por utilizar a plataforma e a mecânica do TL/Variant, era um carro maior e mais sofisticado que o original. Tanto que o TC tinha um pequeno banco traseiro que acomodava de maneira razoável duas crianças. O novo Karmann-Ghia TC começou a ser produzido em 1972, utilizando motor 1600 com dupla carburação e ventoinha horizontal, que produzia 65 hp SAE (cerca de 58 cv atuais). Exatamente o mesmo utilizado pela Variant.

Mas o TC enfrentou sérios problemas em nosso mercado. Nas concessionárias da VW enfrentava a concorrência de SP1 e SP2, vendidos a preços semelhantes. Além disso, tinha sérios problemas de durabilidade da chapa que estampava sua carroceria.

O tratamento antiferrugem inexistia e sua carroceria apodrecia completamente em pouco mais de cinco anos. Além disso, a grande infiltração de água pelas borrachas das portas e da tampa traseira fazia com que seus proprietários enlouquecessem nos dias chuvosos. Uma catástrofe. O Carro praticamente deixou de ser produzido em 1974 e algumas poucas unidades ainda foram comercializadas no início de 1975. Terminou aí a aventura do Karmann-Ghia TC. E a grande maioria desses carros desapareceu.

RARIDADE

O clássico Karmann-Ghia, esse sim considerado o legítimo Karmann, foi fabricado no Brasil de 1962 até 1971. Esse pequeno cupê é atualmente avaliado pelos colecionadores especialistas entre R$80 mil e R$ 100 mil, dependendo do estado de originalidade. Os raríssimos Karmann-Ghia conversíveis, produzidos a partir de 1968, chegam a valer atuais R$ 140 mil graças a sua raridade, afinal, foram produzidos apenas 177 unidades dessa versão, que são disputados a preço de ouro pelos colecionadores. Joias da história de nossa indústria automobilística.