Por que a Ford não acredita no Novo Focus Sedan 1.6? Tudo bem que prefira apostar mais no sedã 2.0 – com melhores condições para brigar com Corolla, Civic e outros médios.

Mas o Focus é classificado como compacto – segmento de City, 207 Passion e Polo Sedan (pensando em preço, ainda poderíamos colocar na mesma “cesta” o VW Bora 2.0, além dos médios Fiat Linea e Kia Cerato – leia boxe).

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Aqui, vamos restringir a briga: o novo Ford, com o motor 1.6 flex que faltava na linha, enfrenta o mais vendido do segmento, o Honda City.

Um dos motivos da baixa expectativa da Ford com esta versão é que, segundo eles, o comprador de sedãs prefere motores maiores, mais potentes (para isso há o novíssimo 2.0 flex, cerca de R$ 4 mil mais caro – leia nesta edição). Mas o City tem vendas excelentes, mesmo com motor 1.5. Por isso, a Ford deve lutar com otimismo nas duas frentes.

Até porque, neste segmento de compactos, este Focus 1.6 tem qualidades, agora que é flex, para crescer bastante. A começar pelo projeto: feito para o consumidor europeu, enquanto o do City foi desenvolvido com menor custo de produção, mirando os mercados emergentes (Brasil, Índia, Tailândia…).

O que isso significa? Um exemplo está nas suspensões, com sistema traseiro independente no Focus e a mais barata barra de torção no City. A última é confortável e nada ruim de curva, mas a do Focus é muito superior.

Aliás, insuperável no segmento desde seu lançamento, ainda na geração anterior, quando virou referência. Extremamente competente em curvas e desvios, exala esportividade. Outros exemplos da superioridade do Ford são os freios a disco nas quatro rodas e o acabamento interno.

Nos motores, ambos modernos, a mesma potência (até 116 cv), só que com mais torque para o Focus. Não que ele seja mais rápido, pois a força do incrível 1.5 do City é melhor distribuída graças ao comando variável i-Vtec (funciona como um 12V em baixas rotações e um 16V em altas), proporcionando aceleração eficiente e linear. O Focus tem comando fixo.

Na prática, andam juntos, com vantagem para o City em algumas situações, como ultrapassagens, onde falta uma força extra ao Ford – seu câmbio tem quarta e quinta marchas longas e o motor tem um buraco entre o bom torque em baixa e o pico em alta. Vantagem do Honda também no consumo (leia fichas técnicas). Nesse quesito, o City surpreende, enquanto o Focus fica abaixo das expectativas.

A suspensão dá a dica de que, embora os dois mirem os mesmos bolsos, agradam a gostos distintos. O primeiro, mais esportivo, é para quem gosta de dirigir; o segundo, levíssimo, para quem gosta de quase esquecer que está dirigindo. Isso aparece também no sistema de direção (elétrico no Honda, hidráulico, mais pesado e direto, no Ford) e no câmbio manual (ambos com alavanca curta e engates precisos, mas o do Ford é mais pesado).

O City é, definitivamente, mais familiar, enquanto o Focus parece mais o Civic. O City, como diz o nome, é mais urbano; o Focus, mesmo sem um desempenho brilhante, é mais “estradeiro”.

*City: média de cinco concessionárias consultada. Focus: tabela oficial

Por fim, o Honda tem a opção do câmbio automático, o Focus não. No interior, o City é mais espaçoso atrás, mesmo com entre-eixos menor. Por outro lado, o Focus tem porta-malas maior e é sensivelmente mais largo, além de ser mais confortável, com bancos maiores, volante e câmbio revestidos em couro, e de oferecer mais itens de série, incluindo os freios ABS. E isso por R$ 3 mil a menos: em custo/benefício, o Focus já ganhou a briga. Mas e os custos que vêm depois da compra (leia tabelas), com o uso?

Preços médios, que podem variar conforme a concessionária ** preços do 2.0: os custos do 1.6 ainda não estão disponíveis, mas devem ficar bem próximos

Parte da economia na compra do Ford se perde no custo das peças, 35% mais caras. Mesmo assim, seu seguro, com o melhor perfil, é mais barato, assim como a franquia. Só os motoristas com piores perfis pagam mais pelo seguro do Ford. Ambos têm garantias de três anos, mas as revisões obrigatórias do City são mais baratas. Nos primeiros 20 mil quilômetros, o dono do Honda vai gastar R$ 16,60 a cada mil quilômetros rodados, valor que sobe para R$ 22,60, no Ford. Além disso, a Ford exige que se compareça à oficina a cada seis meses ou dez mil quilômetros, enquanto na Honda as revisões ocorrem com a mesma quilometragem, mas uma vez por ano. Vantagem do City, mas não o suficiente para virar o jogo.

Kia Cerato 1.6 – R$ 51.500 a R$ 62.300

A versão básica tem freios a disco só na dianteira, sem ABS. Seu 1.6 16V de 126 cv com comando variável impressiona, mas o sistema flex, ainda em desenvolvimento, faz falta. O conjunto é esportivo, com bom comportamento dinâmico (mesmo sem suspensão traseira independente) e a posição de dirigir é confortável, embora sem regulagem de profundidade do volante. Tem ótimo espaço interno e versões com câmbio automático sequencial.

Fiat Linea 1.9 – R$ 55.430 a R$ 74.038

O modelo é bem completo em itens de série desde a versão mais barata, LX. O desempenho de seu motor 1.9 16V não é superior ao dos rivais com modernas unidades 1.6. Desenvolvido para países emergentes (como o City e o Cerato), a partir do Punto, deixa a desejar na largura da cabine e no acabamento, como o modelo da Honda. Por R$ 58.310, oferece câmbio automatizado. Nas versões mais caras, há opcionais como airbags de cortina e rodas 17.