Como o Cobalt das páginas anteriores, este novo Nissan Versa é apontado como rival de Voyage, Siena e companhia. Mas o novo sedã, na realidade, é um médio. Para se ter uma ideia, ele é só 3 cm menor do que um Civic no comprimento e tem a distância entre-eixos de um Corolla. Mas a comparação mais impressionante se dá com o luxuoso Mercedes Classe E: acredite, quem viaja no banco traseiro do Versa tem 3 cm a mais para as pernas do que no “Mercedão” (e 2,3 cm mais que em um BMW Série 5). Impressionante! Nem parece que ele é construído na mesma plataforma do hatch March; mas é justamente ela, por seu próprio conceito, que permite essa versatilidade.

Dos compactos, esse japonês praticamente só herdou as boas características, principalmente em preço e manutenção. A versão S, básica, sai por R$ 35.490, e já vem com direção elétrica progressiva, airbags, computador de bordo, abertura remota e ajustes de altura do banco do motorista e do volante. Com ar, opcional, sobe para R$ 37.990. Já a configuração SV, custa R$ 39.990 e ganha vidros e retrovisores elétricos, CD com entrada para iPod, banco bipartido, maçanetas cromadas e Isofix para fixar cadeirinhas de bebê, entre outros. Na versão topo de linha das fotos, SL, somam-se rodas de liga, freios ABS com distribuição eletrônica, faróis de neblina e um painel de instrumentos especial. Preço: R$ 42.990. Quem optar pelo Versa básico ainda pode comprar kits de acessórios originais, como vidros elétricos (R$ 990) ou CD e dois alto-falantes (R$ 669,90). Para fechar o bom pacote, ele tem três anos de garantia e revisões com preço fixo e baixo: nos primeiros 30 mil quilômetros, gasta-se R$ 697.

É claro que, como em engenharia e custos de produção não há milagres, alguns sacrifícios tiveram que ser feitos. O tamanho é de médio e o espaço é de grande, inclusive no porta-malas de 460 litros, mas o acabamento é o mesmo de um compacto popular. Dentro da cabine, muita simplicidade e um certo abuso no uso de plásticos. E, assim como o refinamento interno não chega perto do que se vê na maioria dos sedãs médios, a largura da carroceria também dá uma boa limitada no espaço lateral. Nada que incomode motorista e passageiro dianteiro, mas, no caso de um quinto ocupante a bordo, o banco traseiro fica apertado, como em um Siena, por exemplo.

Ao volante, mais uma vez a Nissan prioriza o bolso do cliente. Com um moderno motor 1.6 flex de 111 cv, o Versa se destaca mais pelo baixíssimo consumo de combustível do que pelo prazer ao volante. Não que seja totalmente ruim: a direção elétrica progressiva é leve para manobras e tem bom peso na estrada (como uma hidráulica convencional) e o nível de ruídos é baixo. Mas não espere fortes emoções, pois as suspensões são calibradas para o conforto, com sucesso, e não permitem muitos abusos nas curvas. O desempenho tampouco impressiona: 10,7 segundos para atingir 100 km/h é uma marca quase um segundo pior que a de um Voyage 1.6, com um motor mais antigo e menos potente. O problema, aqui, não está no propulsor, mas nas relações de marchas, longas demais, como os engates da alavanca de câmbio. São justamente essas relações que ajudam nas marcas de consumo, permitindo que o motor não gire alto demais na estrada – e só não pioram ainda mais o desempenho graças ao comando variável do motor, que garante força em baixas rotações, mesmo se tratando de um 16V.

O que acontece com o Tiida Sedan? A pergunta faz sentido, uma vez que, nos EUA e em outros mercados, o Tiida sempre foi chamado de Versa. Na terra do Tio Sam, o hatch, por enquanto, não muda, como aqui. Já o Versa Sedan (nosso Tiida Sedan) dá lugar a esse novo três volumes. No Brasil, os dois modelos vão conviver, assim como no México. Por R$ 44.500, o Tiida Sedan segue com motor 1.8. Tem desempenho superior, mas consumo mais alto e um visual ultrapassado. Ainda assim, é um bom negócio. Esse Versa, mais barato, é garantia de melhor revenda. Além disso, hoje importado do México, certamente será produzido, junto com o March, na nova fábrica da Nissan no Rio de Janeiro. Mais um fator atraente para priorizar custo-benefício e baixo custo. Nisso, aliás, esse Nissan é quase imbatível. Uma grata surpresa!

Com o banco dianteiro totalmente para trás, Amauri Segalla, que tem 1,90 m de altura, comprova o espaço para as pernas, superior ao do BMW Série 5. Os bancos confortáveis têm espuma de alta densidade

O visual não é arrebatador, mas o espaço interno o justifica

O acabamento, assim como o do March, não é exemplar por conta dos pláticos duros. Mas a lista de itens de série é extensa e os instrumentos têm fácil leitura e acesso

Nissan Versa SL

MOTOR quatro cilindros em linha, 1,6 litro, 16V, comando variável TRANSMISSÃO manual, cinco marchas, tração dianteira DIMENSÕES comp.: 4,46 m – larg.: 1,70 m – alt.: 1,51 m ENTRE-EIXOS 2,600 m PORTA MALAS 460 litros PNEUS 185/65 R15 PESO 1.069 kg ● GASOLINA POTÊNCIA 111 cv a 5.600 rpm TORQUE 15,1 kgfm a 4.000 rpm VELOCIDADE MÁXIMA 189 km/h 0 – 100 km/h 11,1 segundos CONSUMO cidade: 13,6 km/l – estrada: 18,8 km/l CONSUMO REAL cidade: 10,5 km/l – estrada: 13,3 km/l ● ETANOL POTÊNCIA 111 cv a 5.600 rpm TORQUE 15,1 kgfm a 4.000 rpm VELOCIDADE MÁXIMA 189 km/h 0 – 100 km/h 10,7 segundos CONSUMO cidade: 8,9 km/l – estrada: 13 km/l CONSUMO REAL cidade: 6,9 km/l – estrada: 9,2 km/l