01/06/2008 - 0:00
Os repetidores laterais dos piscas ficam embutidos nas saídas de ar do motor
Potência de 420 cv
0 a 100 km/h 4,8 s
R$ 409 mil
Para o leitor da MOTOR SHOW o BMW M3 V8 Coupé não é novidade: na edição de junho de 2007 mostramos, em primeira mão, logo após sua apresentação mundial. Na última edição, mostramos um comparativo da versão sedã, que chega agora ao nosso mercado, com a temível Mercedes C 63 AMG. Mas devíamos ao leitor a sensação de conduzir (ou “pilotar”?) a versão coupé do bólido por nossas ruas e estradas. Quer saber? O carro é fantástico! Para quem curte o ato de pilotar… é só prazer e satisfação. Infelizmente, uma sensação restrita a poucos mortais, principalmente aqui, onde o modelo é oferecido por R$ 409 mil. Para quem curte carro, vale cada tostão.
Imagine um carro que faz tudo com destreza e segurança: freia firme, muda bruscamente a direção sem se desequilibrar, contorna curvas sem o menor balanço de carroceria, responde de maneira brilhante ao acelerador… O fato de ser descômodo para entrar e sair (a porta é grande e pesada) ou ter um espaço limitado no banco traseiro (o acesso é horrível, mesmo para crianças…) são pequenos e desprezíveis detalhes em um carro que foi concebido exclusivamente pensando em desempenho. O teto, por exemplo, é confeccionado em um material que reúne plástico e fibra de carbono (chamado de CFRP) e reduz o peso do componente em 5 kg, um valor pequeno, mas que ganha importância por abaixar o centro de gravidade, melhorando a estabilidade e o comportamento dinâmico.
O visual também impressiona: se você faz o tipo “discreto”, esqueça o M3. Inexiste a possibilidade de você passar em qualquer lugar sem ser observado e notado. Na rua, todos querem te alcançar para ver o carro de perto e olhar mais atentamente os detalhes, seja do desenho das rodas (opcional aro 19), dos contornos da carroceria ou das inúmeras entradas e saídas de ar. Com relação aos BMW Série 3 Coupé “normais”, a carroceria utilizada pela BMW M na confecção do M3 ganhou portas de alumínio e a frente mais longa (o capô, mais comprido, também é feito em alumínio) para acomodar o V8 de 4 litros (com 420 cv a saudáveis 8.300 rpm), que, apesar de maior, com mais cilindros e mais potente que a versão anterior (seis cilindros, 3,2 litros e 341 cv), consegue ser 15 kg mais leve. Impressionante! Não economizaram na tecnologia que tem sido desenvolvida principalmente para seus motores da F1 e que os propulsores concebidos pela M acabam herdando.
O teto em carbono e plástico reduz o centro de gravidade
Trafegando com o M3 Coupé entre 160/170 km/h (velocidade de que ele parece gostar, andando suave, silencioso e seguro, com o “V-oitão” ronronando a 3.600/ 3.800 rpm), as médias de consumo giram ao redor dos 7/8 km/l. Na cidade, acompanhando o tráfego, o consumo gira ao redor dos 5 km/l. Baixo, considerando seus quase 1.600 kg e seu nervoso V8. Apesar de acelerar de 0 a 100 km/h abaixo dos 5 segundos (4,8 segundo os dados oficiais), no uso urbano não dá para aproveitar toda a capacidade que sua tecnologia propicia. É agradável de ser conduzido (tem tanto torque que é possível sair em segunda marcha sem perceber) e sua suspensão, quando utilizada no modo “comfort” (possui três opções) é até civilizada e utilizável no asfalto urbano. Ótimo sistema de áudio e vídeo, com TV e DVD, bancos com regulagem elétrica forrados em couro que “abraçam” o motorista e faróis bixênon direcionais são alguns “mimos” que a M3 oferece a seu feliz proprietário.
O painel segue linhas clássicas da marca. A faixa laranja do conta-giros se ajusta conforme a temperatura do motor. Junto ao câmbio, botões de regulagem do motor. A tela do monitor mostra a programação do sistema MDrive, feita pelo botão rotativo
Um destaque: o mágico botãozinho com a letra M, colocado no volante de direção. Poderíamos afirmar que se trata de uma espécie de “nitro eletrônico”. Imagine um sistema que altere instantaneamente a dureza do sistema de direção, a calibragem dos amortecedores e até a regulagem do acelerador eletrônico. Imagine agora que cada um dos itens possa ser personalizado ao gosto do piloto (direção mais pesada ou leve, suspensão mais dura ou macia, respostas mais prontas do motor ao comando do acelerador). Agora pare de imaginar:o M3 realmente oferece esse recurso. Usando o sistema iDrive, todas as opções são exibidas e explicadas na tela central do painel. E de fato o carro muda totalmente suas reações à medida que fazemos as alterações, ficando cada vez mais atrevido e com uma pilotagem mais agressiva. No extremo das regulagens, é quase um carro de corrida. E certamente não faria feio em uma competição, tamanha a agressividade de seu comportamento. Um carro para pilotos experientes, cuja condução se torna quase impraticável em pisos molhados ou de baixa aderência. Mas temos que reconhecer que é uma delícia brigar com ele.
Detalhes de luxo, da esquerda para a direita: bancos com ajustes do apoio para as pernas e sistema que “leva” o cinto de segurança até as mãos do motorista. À direita, o poderoso V8
Tudo pode ser ajustado: suspensão, acelerador, direção…