Já faz tempo que cortar cilindros é uma das principais tendências da indústria automotiva. É o famoso downsizing, a busca de motores menores e mais econômicos. Esse novo Classe E segue a onda. Na nona geração do sedã executivo da Mercedes, menos é mais. O propulsor quatro cilindros foi aprimorado para substituir o V6, enquanto um novo V6 biturbo aposenta de vez o V8 (que só permanece na versão AMG). Para conferir como cou a nova geração e como ela anda, fomos ao sul da França acelerar as duas versões que chegam ao Brasil no mês que vem – E 400 e E 250.

Visualmente, o que chama mais a atenção é a aposentadoria dos faróis quádruplos. “Era uma característica única do modelo, mas, depois de três gerações, era hora de mudar”, explicou Robert Lesnick, designerchefe da Mercedes. “Pensamos, então, por que não diferenciar com os LEDs diurnos?” Assim, apesar de adotar agora apenas dois faróis, a dianteira do Classe E continua com quatro elementos destacados (os tradicionais “quatro olhos”). Uma forma de mudar sem chocar. No restante do carro, a marca não fez apenas um tradicional facelift. Além dos faróis, grades, lanternas e parachoques, a marca mexeu na lateral do sedã. “Trocamos apenas o painel da porta traseira, mas parece que mudamos tudo. Pequenos detalhes fazem uma grande diferença”, comentou Lesnick. De fato, fez mesmo.

Partindo de Marselha, no sul da França, seguimos com o E 250 para as montanhas. Os aclives das estradas sinuosas não intimidam o modelo. Seu motor 2.0 quatro cilindros turbo ganhou tecnologias disponíveis antes só no V6 e no V8, o que aumentou a potência, de 204 para 211 cv, e, mais importante, fez crescer o torque e sua disponibilidade em giros mais baixos. De 31,6 kgfm disponíveis de 2.000 a 4.300 rpm, ele passou a oferecer 35,7 kgfm entre 1.200 e 4.000 rotações. Isso se nota principalmente nas retomadas de velocidade. A transmissão automática de sete marchas não precisa trabalhar muito para garantir um desempenho digno de carro V6.

Mas, quando se fala em mecânica, a maior novidade está sob o capô do E 400. O novíssimo 3.0 seis cilindros biturbo é uma evolução da unidade aspirada do E 350, gerando 333 cv e quase 50 kgfm de força. Os números absolutos desse V6 até são um pouco inferiores aos do antigo 5.5 V8, já aposentado, ou do 4.7 V8 atual, que não virá para o nosso mercado e também deve sair de linha em breve. Mas isso não importa. Ao volante, se algo faz falta, é apenas o ronco dos oito cilindros, substituído por um som mais tímido. Em desempenho, entretanto, não há do que reclamar. São pouco mais de cinco segundos para cumprir a prova de zero a 100 km/h, com respostas imediatas ao comando do acelerador e um turbo lag quase imperceptível.

A nova geração do sedã vem também com uma nova direção eletrohidráulica progressiva muito bem acertada, com peso correto – leve em manobras e mais pesado em altas velocidades – e uma precisão que aumentou em relação ao antigo Classe E. Além de variar a assistência de acordo com a velocidade, o novo sistema deixa o volante mais direto conforme se vai aumentando o ângulo de esterço, garantindo uma capacidade de manobras surpreendente. Já as suspensões têm ajuste da rigidez dos amortecedores e garantem ótima estabilidade. A impressão é de se estar dirigindo um carro menor, tamanha a facilidade para manter o controle. Mesmo nas curvas mais fechadas – e o percurso escolhido pela Mercedes estava cheio delas –, a carroceria inclina pouco e o Classe E se comporta com elegância e esportividade.

Completando as mudanças, o sedã teve a alavanca de câmbio transferida para a coluna de direção e ainda ganhou modificações visuais em detalhes do painel, saídas de ar e outros elementos internos. O pacote de tecnologia foi atualizado e ganhou sistema de detecção de pedestres, auxílio de manutenção em faixa de rodagem, farol alto automático (que pode ser totalmente de LEDs), leitor de placas, câmera 360o, alertas de tráfego cruzado e de colisão e sistema de estacionamento automático.

Os pacotes para o Brasil ainda não haviam sido definidos até o fechamento desta edição, mas ambas as versões terão o visual AMG Sports e a estrela na grade (leia quadro). O E 250 de custar cerca de R$ 240 mil, enquanto o E 400 deve vir recheado com os itens de tecnologia, e sair por uns R$ 340 mil.