13/07/2025 - 7:00
Nada fala mais alto na indústria do que lucros e prejuízos. Os cálculos entram em tudo, até mesmo nas decisões sobre o futuro das marcas e dos produtos, ou na hora dos arrependimentos. E, aparentemente, parece que a terceira situação acabou acontecendo com a Fiat e seu pequeno 500 de terceira geração.
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O simpático carrinho, lançado nessa geração em 2020, nasceu como um modelo 100% elétrico, inclusive na utilização da plataforma, chamada de “Mini EV”. Na época, nem estavam nos planos da marca italiana instalar nele um motor a combustão, afinal sua proposta urbana e compacta seria bem atendida pela motorização elétrica.

Lançamento complicado
Porém, as coisas não caminharam muito bem assim. Isso porque, além da confusão na estreia, causada pela pandemia de COVID-19, o carrinho enfrentou uma concorrência de peso desde o início. E todos os rivais sempre foram maiores, com quatro portas e maior espaço interno. O 500 conservou sua proposta original, com tamanho bem diminuto, espaço confortável apenas para dois adultos (com dois outros banquinhos traseiros apertados), e porta-malas mínimo. Não cresceu muito com relação a geração anterior, vendida com motor 1.4 Fire flex no Brasil.

Vendas em baixa
O reflexo logo veio nas vendas. O carrinho começou a encalhar, e teve até mesmo a produção suspensa no ano passado, já que a demanda estava baixa e os estoques, cheios. Toda sua fabricação, na versão elétrica, era concentrada na planta de Mirafiori, na Itália. De lá também vieram as unidades importadas para o mercado nacional em 2021 e 2022, com motor de 117 cv de potência, bateria de aproximadamente 42 kWh e 227 km de autonomia pelo Inmetro.
Fiat 500e no Brasil: vida difícil
Aqui no Brasil, o carrinho fracassou. Sempre foi caro, e perdeu muito espaço com a chegada dos chineses, como BYD Dolphin ou GWM Ora 03, maiores, mais espaçosos, com autonomia superior e tão equipados quanto, sempre com preços bem menores. Não foram nem 450 exemplares emplacados por aqui desde a estreia, em 2021, segundo o DENATRAN. A ABVE (Associação Brasileira de Veículos Elétricos) aponta para míseros 3 carros comercializados em 2025.

Mas, se você se interessar, ainda é possível comprar o 500e 0 km no Brasil, ao menos pelo que indica o site da Fiat. Por R$ 214.990, você levará para casa um carro 2022, de estoque antigo, mas com boa oferta de equipamentos e, principalmente, condução das mais divertidas. Só não espere espaço interno…
Do contra: Fiat 500 vira híbrido

Normalmente, a tendência é cada vez mais eletrificar a frota mundial. Mas, nesses casos de estratégias infelizes, como a do 500e, as coisas tomam outro rumo. O 500 de terceira geração, que até então existia apenas como elétrico, passa a contar com versão híbrida, e com transmissão manual! De fato, uma mudança para não abrir espaço para reclamações dos mais puristas…

O 500 Hybrid sairá da mesma fábrica italiana do 500e, e já teve os primeiros exemplares produzidos. A fabricação oficial, em série, será iniciada em novembro, num movimento de revolução que a marca chama de “um novo capítulo em Mirafiori”, em referência a planta industrial de onde sai o carrinho. A meta é produzir 5 mil exemplares ainda em 2025, com vendas bem mais promissoras. No futuro, a marca já fala em fazer 100 mil unidades ao ano, para tirar o ócio.

Nas palavras da própria Fiat, “o 500 está de volta ao povo, combinando a herança e a tecnologia desenvolvidas com a versão elétrica num formato mais acessível”, complementando que esse retorno “é mais do que uma simples decisão de produção: é um sinal concreto de confiança na indústria italiana”. O material de lançamento do carrinho tem um curioso ar de “alívio” e “problema resolvido”, levando a crer que o fracasso do 500 elétrico vinha tirando o sono dos italianos.

O carrinho segue o mesmo, bem simpático, mas com dianteira que adota áreas de admissão de ar, para refrigerar o motor a combustão, além de preparação na parte central do painel, para receber a alavanca de transmissão manual. O motor, acreditem, é o nosso 1.0 Firefly, mesmo que move os Mobi, Argo e Cronos, além de Citroën C3/Basalt e Peugeot 208 em suas versões de entrada. Ele será ligado a um câmbio manual de seis marchas, e terá ajuda de um sistema elétrico de 12 Volts.

É a mesma tecnologia híbrida-leve dos Fiat Pulse e Fastback Hybrid, com motor de arranque e alternador unidos, formando um motor elétrico adicional, que auxilia o 1.0 Firefly na hora de impulsionar o hatch. O tal motor elétrico é abastecido por baterias pequenas, geralmente com menos de 1 kWh de capacidade.
A Fiat ainda não divulgou números de potência e torque, nem tampouco dados de desempenho ou consumo de combustível. Porém, acredita-se que o Firefly do 500 Hybrid seja calibrado para cerca de 70 cv de potência, não muito diferente da configuração dos Fiat nacionais. No 500, vale falar, ele beberá só gasolina.

O conteúdo de série não deve ser diferente do atual 500e, com multimídia horizontal de 10,2”, painel de instrumentos digital de 7”, pacote ADAS completo, conjunto óptico em LED, entre outros. O 500 Hybrid terá opção de carroceria fechada, conversível e até uma opção de três portas, no melhor estilo de Hyundai Veloster.