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KIA CADENZA EX SUGERIDO / A PARTIR DE R$ 119.900

Sucessor do desajeitado e desconhecido Kia Opirus, o novo Cadenza chega com uma difícil missão: disputar mercado não só com as versões básicas dos alemães BMW Série 3 e Mercedes Classe C, mas também com os campeões de vendas da Hyundai, Sonata e Azera. Em relação ao último, a briga não se dará com o modelo atual, mas com seu substituto, uma espécie de Cadenza da Hyundai. Explico: as marcas fazem parte do mesmo grupo e, por isso, produzem modelos quase iguais com logotipos diferentes. A nova plataforma do sedã destas fotos será a mesma de onde nascerá o novo Azera.

Na comparação com BMW 320 e Mercedes C 180, o Cadenza não tem a tração traseira nem o mesmo status e con abilidade. Mas é bem maior e muito mais potente. Teoricamente, nem é concorrente deles, apenas tem preço próximo. Falando nisso, por R$ 119.900 ele pode parecer caro se comparado ao Azera atual. Mas vamos com calma. Na verdade, o sedã da Hyundai, vendido por um preço sugerido de R$ 90 mil, é que está em promoção. Essa “queima de estoque” começou quando suas vendas nos EUA despencaram, a partir de 2008, depois do lançamento do Hyundai Genesis, mais esportivo e com tração traseira.

A montadora procurou, então, outro mercado que pudesse absorver a produção do carro até a chegada da nova geração. E aí entrou o Brasil e a queda de preço do sedã. Para se ter uma ideia, foram vendidos pouco mais de três mil Azera nos EUA em 2010, enquanto os brasileiros compraram mais de sete mil unidades.

Ainda poderíamos comparar seu preço com o de outro Hyundai de sucesso, o Sonata. Mas ele pertence a um segmento inferior e tem motor quatro cilindros. Por R$ 105 mil, está caro demais. E o Fusion V6, também pouco acima dos R$ 100 mil? Apesar da potência similar, ca aquém em luxo e porte. Nos EUA, a novidade coreana encara outro Ford, o Taurus, que não é vendido no Brasil. Portanto, o mais justo é confrontá-la com seus verdadeiros concorrentes em porte e potência. Chevrolet Omega, Honda Accord V6, Toyota Camry… todos custam mais que esse Kia Cadenza.

Kia Cadenza EX

MOTOR seis cilindros em V, 3,5 litros, 24V, comando variável TRANSMISSÃO automática, seis marchas, tração dianteira DIMENSÕES comp.: 4,97 m larg.:1,85 m alt.: 1,48 m ENTRE-EIXOS 2,845 m PORTA -MALAS 451 litros PNEUS 225/55 R17 PESO 1.655 kg

• GASOLINA POTÊNCIA 290 cv a 6.600 rpm TORQUE 34,5 kgfm a 5.000 rpm VEL. MÁXIMA 230 km/h* 0 100 km/h 7,2 segundos* CONSUMO 10,6 km/l (média cidade/estrada)* CONSUMO REAL não disponível

A vida no banco de trás é cheia de comodidade. Espaço amplo para as pernas e comandos do rádio à mão. Falta apenas o controle do ar digital (apenas bizone). A roda, apesar de ser aro 17 parece pequena. Culpa dos pneus de per l alto adotados para melhorar o conforto

Posicionado no mercado, portanto, o preço do Cadenza é bom. Mas e o carro em si? Em uma palavra, diria que é irregular. Tem muitas qualidades e alguns deslizes. Entre os destaques, certamente o visual com um pouco de Lexus, Audi e de BMW. Durante a avaliação, ouvi muitos elogios. Também se destaca a nova plataforma, com generosos 2,845 metros entre os eixos e suspensão traseira multilink mais compacta que a anterior, que garante um interior amplo. Quem viaja no banco traseiro, com aquecimento, tem um enorme espaço para as pernas e comandos do sistema de som no descansa-braços. Mas se tiver mais de 1,80 m, vai raspar a cabeça no teto. Aí está um dos deslizes, esse talvez cometido conscientemente, em nome do design. Mas, nem por isso, perdoável.

Ao volante, ele lembra o Azera. Extremamente confortáveis, suas suspensões priorizam a comodidade, ltrando bem as irregularidades. Não são macias demais a ponto de passar insegurança, mas não conseguem garantir uma dose de esportividade, como em um BMW Série 5, por exemplo. Uma pena, porque o motor 3.5 V6 de 290 cv e 34,5 kgfm, apesar de nada inovador, permite acelerações vigorosas e a máxima de 230 km/h. O câmbio de seis marchas proporciona consumo moderado (obtive médias de 11 km/l na estrada e 7 km/l na cidade), mas suas respostas ao acelerador e às trocas sequenciais poderiam ser mais rápidas. Também como no Azera, o volante com assistência hidráulica é leve demais. Um sistema progressivo o deixaria mais agradável.

Por dentro, muito re namento com soleiras iluminadas e couro por toda a parte, inclusive na cobertura do painel, além de uma agradável iluminação noturna nas portas. Mas novamente há alguns problemas. Ao redor do display do rádio, o plástico rígido ca abaixo do restante do acabamento. O porta-luvas é pequeno e não tem iluminação. A luz de leitura do passageiro incomoda o motorista quando acesa e a enorme lista de itens de série tem quase tudo, mas esqueceram de incluir uma conexão bluetooth para o telefone e xenônio também na luz alta do farol. Pequenos defeitos que não o desabonam, principalmente quando se analisa o que os concorrentes oferecem. Imperdoável, apenas a falta de socorro mecânico 24 horas.