01/10/2010 - 0:00
Besta. Demônio. Fera. Todos esses nomes combinam com um Mustang. A força deste símbolo da paixão por automóveis está de volta ao mercado americano, arrastando uma legião de seguidores. E é fácil entender os motivos do encantamento com o modelo nascido em 1964. Toda a reestilização foi pensada para preservar as linhas originais – que fazem os olhos deslizarem da frente agressiva até a traseira intimidante. O painel segue a tendência retrô: a réplica do velocímetro das décadas de 1960 e 1970 está ao lado de equipamentos modernos. Mas tais detalhes só ficam completos porque os motores mantêm a pegada.
O Mustang afasta os fracos do seu caminho. Ter o volante sob controle e o pé direito próximo do acelerador são um convite à velocidade. MOTOR SHOW ficou cinco minutos – tempo limite para todos os presentes na pista de testes de Dearborn, EUA – no comando do Mustang GT 2011. Bastou um leve toque no pedal direito para fazer o motor despejar seus 412 cv de potência. É como uma súplica para pisar fundo. Ao engatar a primeira, sente-se toda a força do V8. O câmbio manual de seis marchas tem engates curtos e a rapidez com que o carro responde aos comandos assusta. O problema dessa “necessidade” de velocidade foram as curtas retas, que não permitiam ir além da terceira marcha. Embora seja robusto, o GT não é beberrão. Segundo a Ford, faz 11 km/l na estrada (o 3.7 V6, com 305 cv, faz 12,75 km/l). A expectativa, agora, é para o lançamento do Mustang Boss 302, modelo 2012 – uma versão limitada que será o carro mais rápido já construído pela montadora americana – empurrado por um motor V8 de 434 cv.
Diferentemente da GM, que confirmou o Camaro no Brasil, e da Dodge, que trará o Challenger, a Ford está indecisa. Uma versão ainda mais apimentada que esta, a GT 500 (5.4 V8, com 547 cv), será exposta no Salão do Automóvel, mas o discurso oficial é que, por enquanto, apenas importadoras independentes mostraram interesse no veículo. Mas é nítido o incômodo nos principais dirigentes: Marcos de Oliveira, presidente da Ford Mercosul, por exemplo, é apaixonado pelo Mustang – a ponto de se emocionar ao dirigi-lo na pista de Dearborn, quando fazia testes para seu desenvolvimento. Em 2007, quando assumiu a presidência da Ford, era inviável ter o carro no País. Agora, com a situação econômica estável, é bastante provável que um dos ícones esportivos mundiais tenha uma chance de desembarcar oficialmente por aqui.
Acima, o interior com posição de dirigir baixa – como deve ser em um verdadeiro esportivo. Detalhes modernos, como as soleiras iluminadas e a possibilidade de se escolher a cor da iluminação dos instrumentos, convivem com elementos retrô, como a alavanca de câmbio e o volante