Em julho, o imposto de importação para carros eletrificados no Brasil vai subir novamente. No entanto, as montadoras cobram imediatamente do governo federal impostos maiores, o que vai prejudicar principalmente as chinesas que desembarcaram nesse mercado recentemente, caso da BYD e GWM, para citar.

A Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) apresentou ao governo um pedido formal para elevar a alíquota de importação de veículos imediatamente, incluindo os elétricos, para 35%. E, desta maneira, visar uma proteção comercial. Essa alíquota estava planejada inicialmente para entrar em vigor em julho de 2026.

O pedido já havia sido apresentado na semana passada ao governo e ao Ministério da Fazenda e foi detalhado, nesta quarta-feira, 26, ao vice-presidente e ministro do (MDIC) Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio, Bens e Serviços, Geraldo Alckmin, e sua equipe técnica, segundo a Anfavea.

+ Lula sanciona lei do Mover com quatro vetos; veja a lista
+ Entenda o Mover, programa bilionário de incentivo às montadoras ofuscado por ‘taxa das blusinhas’

Veja abaixo como está o planejamento do aumento do imposto de importação:

Híbridos: A alíquota do imposto iniciou com 15% em janeiro de 2024, passará para 25% em julho, chega a 30% em julho de 2025 e vai alcançar os 35% em julho de 2026.

Híbridos plug-in: A alíquota está em 12% desde janeiro de 2024, irá para 20% em julho de 2024, 28% em julho de 2025 e 35% em julho de 2026.

Elétricos: A alíquota está em 10% (janeiro de 2024). A sequência é de 18% (julho de 2024), 25% (julho de 2025) e 35% (julho de 2026). No que tange “automóveis elétricos para transporte de carga”, ou caminhões elétricos, a taxação começou em 20% em janeiro e chegará aos 35% em julho de 2024.

MDIC

O MDIC confirmou, por meio de sua assessora de imprensa, ter recebido o pedido da Anfavea. A pasta também informou ter recebido uma solicitação contrária por parte dos importadores para que não haja mudanças, e disse que dará início a uma análise técnica “sem que haja pré-julgamentos”.

Anfavea

“O mercado nacional está sendo abastecido por importados e a produção anda de lado”, disse a fonte da Anfavea à Reuters. “O volume de veículos importados está muito acima do que era uma expectativa e afeta diretamente empregos no Brasil, uma vez que não são vendas adicionais, mas substitutivas”.

BYD

O diretor de marketing da BYD no Brasil, Pablo Toledo, disse à Reuters que a demanda das montadoras “tradicionais” mostra que os elétricos estão incomodando o mercado.

“Está muito claro como a BYD está incomodando; amanhã completa um ano do nosso carro 100% elétrico abaixo de 150 mil reais”, afirmou. “O jogo é pesado, mas pergunte ao consumidor o que ele acharia se houvesse um aumento de 35% no valor do veículo?.”

Abeifa

Na quarta-feira, 26, a Abeifa (Associação Brasileira das Empresas Importadoras e Fabricantes de Veículos Automotores) emitiu uma nota e solicitou previsibilidade ao governo e respeito. Veja abaixo na íntegra:

“Diante do pleito de aumento imediato do imposto de importação para veículos híbridos e elétricos para 35%, a ABEIFA – Associação Brasileira das Empresas Importadoras e Fabricantes de Veículos Automotores vem a público manifestar contrariedade, na medida em que a
incidência de novas alíquotas de 18% (carros elétricos), de 24% (híbridos plug-in) e 25% (híbridos) passará a vigorar a partir do próximo dia 1º de julho, e solicita previsibilidade nas políticas industriais do setor automotivo brasileiro, sobretudo em respeito aos clientes/consumidores que têm direito ao acesso e a escolha por tecnologias de ponta.

A entidade reforça o argumento de que políticas protecionistas não trazem benefícios ao Brasil, ressaltando que nos anos 1990, não fossem a abertura do mercado interno para veículos importados, o País não teria o parque industrial de hoje com algumas dezenas de fabricantes.

Medidas protecionistas ou barreiras alfandegárias artificiais são ineficazes. A médio e longo prazos, são prejudiciais a toda a cadeia automotiva. Mas em especial ao Brasil.”