Raro em seus resultados inusitados (consegue ser mais econômico na cidade do que na estrada…); inovativo, diferente e até um pouco esnobe, o carro híbrido da Toyota mostra, nessa nova geração, uma indiscutível vantagem sobre automóveis convencionais: obteve um consumo de combustível urbano que, medido, chegou aos 25,8 km/l, superior até aos 25,6 km/l declarados pela marca.

Um resultado fantástico, mesmo considerando-se que ele já está no mercado japonês há 12 anos e, no mercado mundial, há oito anos. Seu segredo está na parafernália tecnológica escondida sob sua carroceria. Projetado para aproveitar melhor a energia de propulsão de seus dois motores – um a combustão e outro elétrico, que podem se alternar ou se somar, dependendo das necessidades de desempenho do motorista -, tem na própria carroceria outra parte de seu segredo, com uma baixa resistência aerodinâmica, com um Cx (coeficiente de forma) baixo, 0,25.

A energia produzida pelo motor 1.8 de combustão interna, de 100 cv, se soma aos 82 cv do motor elétrico quando o motorista pisa fundo no acelerador. Como há perdas nessa operação de fusão de energias e parte da propulsão do motor térmico é utilizada para acionar o gerador que alimenta o conjunto de baterias do motor elétrico, nas rodas há disponibilidade de 136 cv nos momentos de máxima performance.

Esse valor é suficiente para que o Prius acelere de 0 a 100 km/h em 11s3 e atinja os 181,5 km/h de velocidade máxima. Valores mais do que suficientes para um carro de proposta econômica e ecológica, e não de esportividade.

E, claro, não dá para falar em economia sem antes explicar como é que um carro consegue ser mais econômico na cidade do que na estrada. Nas utilizações urbanas, caracterizadas principalmente pelas baixas velocidades médias e pelo frequente anda e para, o sistema eletrônico prioriza a tração elétrica, que praticamente não emite ruído nem poluentes.

Na medição do consumo urbano, o conjunto de baterias de níquel metal hidrato iniciaram a prova completamente carregadas. Com isso, o motor a combustão, que também move o gerador, só vai funcionar quando a carga das baterias estiver abaixo de determinado valor. Entretanto, antes que isso aconteça, o Prius trafega com o motor térmico desligado, movendo-se apenas com o auxílio do motor elétrico alimentado pela carga das baterias.

Claro que é dessa forma que se obtém a tão expressiva marca de 25,8 km/l. Quando trafegamos na estrada, o motor a combustão funciona o tempo todo acionando o gerador, que garante a carga das baterias e, consequentemente, também a tração elétrica, que é somada à tração do motor térmico.

Em estradas secundárias de baixa e média velocidade, o carro da Toyota ainda chegou aos 21,3 km/l, um resultado ainda bem interessante, obtido graças à alternância entre energia elétrica e motor térmico queimando gasolina.

O mais curioso ainda é que nas situações rodoviárias das autoestradas de boa velocidade média, onde o fluxo de trânsito é mais favorável, o consumo do Prius piorou e girou ao redor de normais 13,7 km/l. É que para se trafegar em velocidades de 120/130 km/h, é preciso que o torque dos motores térmico e elétrico se somem e, nesse caso, toda a energia de propulsão vem da queima da gasolina: nessa situação, acaba o “milagre” e temos a mesma realidade de qualquer carro a gasolina, com o agravante das perdas mecânicas de acionamento de um gerador.

O carro é tecnologicamente muito evoluído. No teto de vidro, por exemplo, há células que transformam luz do Sol em energia elétrica para o sistema de circulação de ar, que ventila o interior do carro quando estacionado e exige menos do ar-condicionado quando o carro vai se movimentar. O parabrisa é hidrorrepelente, ou seja, a água escorre ao invés de fixar-se como gotas, prejudicando a visão.

O resultado é que ligamos o limpador somente quando for estritamente necessário, economizando energia. O freio dispõe de um sistema muito parecido ao kers utilizado na F-1, que transforma parte da energia gerada nas frenagens em energia elétrica. Esse recurso gera, inclusive, uma economia do sistema de freio, com trocas de pastilhas aos 200.000 km.

As rodas de liga são realmente leves e não apenas fundidas em liga de alumínio, só para ficarem bonitas. Os pneus são especialmente concebidos para o Prius, mais leves que um correspondente de mesma medida. Para ser ecológico precisa ser espartano? Não o Prius.

Essa versão 1.8 HSD Executive tem tudo que um carro médio de luxo precisa: ar, direção elétrica, bancos forrados em couro, câmbio automático e muita tecnologia. Preço na Europa: 33.000 euros, ou seja, cerca de R$ 84.000, sem impostos.

Com 12 anos de mercado, o Prius consegue se manter surpreendente, abusando das tecnologias de ponta

Abaixo, na primeira foto, o painel que mostra constantemente o esquema de utilização dos motores elétrico e a combustão; na segunda, as informações de bordo parecem flutuar, bem futurista. Abaixo, as três modalidades de funcionamento: EV para uso exclusivo do motor elétrico; Eco Mode, que alterna entre as duas formas de propulsão; e Pwr, que privilegia o desempenho

No alto, o painel de linhas arrojadas e toda a comodidade de um sedã de luxo. Acima, uma transmissão variável com cinco velocidades préprogramadas. Abaixo, o visual dessa nova geração do modelo japonês