14/06/2016 - 8:00
A melhor opção são os modernos motores com 3 cilindros ou o velho e bom motor 4 cilindros? A resposta para esta questão vai depender muito da cilindrada do motor a que se refere. Para motores de pequenas capacidades cúbicas, que podem variar de 900cm³ até cerca de 1200cm³, a configuração com 3 cilindros, ao que tudo indica, é a melhor opção.
Nesses motores tricilíndricos, cuja cilindrada de cada cilindro oscila entre 300cm3 e 400cm3, temos um bom rendimento volumétrico — fato que favorece a performance do motor e de seu rendimento —, um bom peso do conjunto biela/pistão e dimensões compactas. O chamado conjunto mecânico ideal. Devemos lembrar também que, comparando os motores de 3 cilindros com os de 4 cilindros, temos a menos uma unidade de pistão, anéis, pino de pistão, biela, válvulas e suas respectivas molas, além de um virabrequim mais curto e compacto. Tudo isso gerando menos peso e atritos quando o motor funciona.
Você já imaginou todas essas peças a 6.000 rpm, gerando peso e atrito ao motor? Pensou no que esse desperdício de energia representa para o consumo e o desempenho? Agora, podemos intuir porque nesse tamanho de motor o bom mesmo é que ele tenha os 3 cilindros ao invés de 4.
Você, leitor, poderia me questionar: “Por que, então, não fazemos esses motores com 2 cilindros?” Ficaria ainda melhor, não é? Nesses casos, o problema é que não teríamos aquela cilindrada ideal de 300 ou 400 cm³ por cilindro. Não que os bicilindricos sejam ruins. Eles vão muito bem, mas desde que o conjunto tenha até 800 cm³.
Para os 4 cilindros, cilindradas a partir de 1300/1400cm³ começam a ficar bem adequadas. Em um motor de 1.600 cm³, por exemplo, em que a cilindrada de cada cilindro gira ao redor dos 400 cm³, o motor de 4 cilindros vem como número certo: o melhor rendimento volumétrico, o melhor rendimento térmico, a melhor relação do tamanho das válvulas com a câmara de combustão são todos indícios do caminho correto.
Um motor de 1600 cm³ com 3 cilindros, implicaria em uma cilindrada unitária de cerca de 530 cm3. Nesse caso, teríamos pistões e bielas maiores e mais pesados e válvulas desproporcionais ao tamanho das câmaras de combustão. Uma desproporção se refletiria no rendimento do motor. Tudo é uma questão de proporção e equilíbrio.
Só para que se tenha uma ideia do que quero dizer quando falo de proporção e equilíbrio, uso como exemplo os motores da família EA da Volkswagen. O EA111, o motor 1.000 de 4 cilindros que vinha sendo usado nos últimos anos, foi dando lugar progressivamente ao moderno motor 3 cilindros EA211. Em que pese o fato do novo motor utilizar uma liga de alumínio tanto no cabeçote quanto no bloco, nessa nova família o motor de mesma cilindrada pesa quase 25 quilos a menos, desenvolvendo uma potencia e um torque bem superiores, emitindo menos poluentes e gastando menos combustível. Indiscutivelmente superior ao seu antecessor.
E aí, então, poderia surgir outra pergunta: “Se é mais barato para produzir, porque a fabrica não repassa essa redução de custos ao consumidor?” Na realidade todas a fábricas que optaram pelo motor de 3 cilindros, optaram também por transformar essa redução de custos em benefícios tecnológicos para melhorar ainda mais a performance desses motores. Todos, até agora, adotaram em suas configurações as 4 válvulas por cilindro, o duplo comando de válvulas e variador de fase pelo menos no comando das válvulas de admissão, além de processos mais sofisticados na fundição (agora sobre pressão e não mais por gravidade).
E esses motores de 3 cilindros, graças a suas excelentes performance, já começaram a ganhar as versões turbo. O turbocompressor acoplado a essas verdadeiras máquinas de alto rendimento, já está deixando o mercado boquiaberto. A Volkswagen foi a primeira a trazer a superalimentação e a injeção direta para seu 3 cilindros, com desempenho que surpreendeu a todos. Depois vieram a Hyundai com seu HB20 turbo e a Ford, que já anunciou que irá oferecer o seu 1.0 EcoBoost, um três cilindros turbo que surpreendeu no mercado europeu, no Fiesta nacional. Devo destacar também o excelente casamento entre o motor 1.2 3 cilindros da Peugeot e o hatch 208. Hoje, pelas medições do Inmetro, este é o carros mais econômico do Brasil, cravando os 16,9 km/l de gasolina.