Ao longo dos anos, os motores a combustão se beneficiaram de melhorias contínuas e profundas. Agora, o mesmo começa a acontecer com os elétricos. Afinal, estamos só no início da eletri cação do automóvel, e somente sua evolução  facilitará sua aceitação e sua difusão. Entre as principais novidades para esse tipo de carro estão as e-wheels (rodas elétricas), que vão aparecer nos carros urbanos muito em breve.

As e-wheels são, basicamente, rodas “recheadas” com motores elétricos. A grande vantagem delas é que, sem a necessidade da intermediação de um sistema de transmissão, conseguem obter mais rendimento dos motores  – que fornecem torque bastante elevado (35,7 kgfm por roda em uso contínuo,  com picos de 71,3 kgfm). Testamos o  sistema em alguns protótipos baseados no Ford Fiesta – desenvolvidos pela sistemista alemã Schaefer – no centro de testes da empresa na Lapônia. Não faria sentido, porém, aplicar essa solução em um Fiesta ou em outro carro convencional. As e-wheels mostrarão sua vantagem apenas com a revolução da arquitetura  veicular: colocando as baterias sob o assoalho, poderemos eliminar totalmente a mecânica – não restará motor, transmissão, nada além da engrenagem redutora  nos semieixos. E isso tornará possível criar projetos inovadores, com aproveitamento total da carroceria para o uso dos passageiros. Além disso, colocar os motores nas rodas possibilita que elas virem em até 90° – possibilitando estacionar em qualquer vaga, simplesmente deslocando o carro em direção ao meio- o.

Na pista, os protótipos com duas e-wheels traseiras (total de 109 cv) mostraram uma aceleração brilhante e enorme estabilidade, combinadas com uma agilidade fora do comum: mérito do controle independente dos motores. A ativação do controle de estabilidade é instantânea, pois ele é ligado ao powertrain elétrico, e não aos freios: a e-wheel reage em 5 a 10 milésimos de segundo, em comparação com 60 a 80 milésimos de um freio hidráulico. Tambores ou discos desaparecem das rodas traseiras: há apenas um pequeno tambor que funciona como freio de estacionamento, já que a desaceleração é con ada aos motores elétricos. A Schaef er está desenvolvendo também uma e-wheel com aro 18 – mais e ciente e com torque contínuo de mais de 51 kgfm.

Além do alto custo, há o problema do peso elevado: uma e-wheel pesa 53 quilos, contra 20 quilos de uma roda comum. Na superfície lisa da pista de testes, não tivemos problemas de aderência, mas, em pisos ruins, rodas
pesadas devem prejudicar bastante a dinâmica e o conforto. A conferir.