Eles têm que ser muito grandes por especificação. Caso contrário, não funcionam bem. O túnel de vento da FCA (Fiat Chrysler Automobiles) em Auburn Hills, sede do grupo perto de Detroit, por exemplo, ocupa uma área enorme, de quase 3.000 m2 – maior do que quatro campos de futebol.

A parte em que os testes são realizados com o objetivo de calcular (e, acima de tudo, melhorar) o coeficiente aerodinâmico de um carro em desenvolvimento, como se vê na foto, tem “apenas” 14 metros de largura e 20 de comprimento, com 10 metros de altura. Em resumo, ele é só a ponta do iceberg.

Na verdade, para gerar o vento, o ar movido pela enorme hélice de oito metros de diâmetro deve circular, ser filtrado, direcionado por aletas e propagado por enormes difusores. Tudo isso porque, quando ele enfim “acaricia” ou “dá um tapa” no modelo de argila em tamanho real, este é um prelúdio para todas as fases posteriores da fabricação deste novo automóvel – que sempre deve ser o mais aerodinâmico possível.

MILHÕES DE DÓLARES

Um túnel de vento é muito grande e muito caro. Em 2002, quando foi inaugurado o do DaimlerChrysler, o investimento foi de mais de US$ 37 milhões. Este é um dos motivos pelos quais, mesmo na indústria automobilística, onde o túnel de vento é essencial, não existem mais do que trinta deles.

O último túnel de vento a ser inaugurado, ainda em novembro de 2017, após mais de três anos de trabalho, foi o do grupo Volkswagen Wez (Windkanal-Effizienz-Zentrum), em Wolfsburg (Alemanha). Ele tem 8.800 m2 e, entre os principais benefícios garantidos por sua modernidade (no mundo da tecnologia, uma década equivale a um século). Ele é capaz, por exemplo, de simular as mais diversas e extremas condições climáticas.

Já a abertura do túnel de vento da Ford está prevista para este ano, com custo de US$ 200 milhões. Este refinamento dinâmico de um carro requer de seis a nove meses de trabalho, com cerca de 400 horas de uso do túnel de vento e a participação de diversas equipes. O que antes era confiado a “fios” de fumaça, agora é calculado pelo computador (leia abaixo). No entanto, o homem ainda tem um papel insubstituível nisso tudo.

COMO SÃO FEITOS
UM VENTILADOR GIGANTE
O principal é a turbina. A do túnel de vento da FCA mede oito metros de diâmetro e tem 12 lâminas (foto grande). A partir delas, o ar passa por várias redes, depois é direcionado por aletas especiais (podem ser vistas ao fundo), para finalmente atravessar o enorme difusor.

Quando atinge a câmara de teste, o fluxo pode atingir velocidades acima de 220 km/h. A eficiência aerodinâmica (essencial para reduzir o consumo) é atingida através do trabalho em equipe, no qual participam engenheiros e designers espaciais, gerentes de plataforma e modeladores.

ADEUS AO FILME DE FUMAÇA
Essa imagem do fio de fumaça deslizando nos contornos do carro agora é obsoleta (na foto, um Jeep Compass, modelo de produção, serviu de cobaia). Hoje, os cálculos necessários são todos feitos por computadores