Quando o Tiguan chegou ao Brasil, a VW disse que seu nome vinha da junção de Tigre e Iguana. Segundo eles, o modelo consegue aliar força e versatilidade, que são, respectivamente, as principais qualidades desses animais. Confesso que pensei que fosse mais um dos inúmeros argumentos de venda, que as marcas costumam atribuir a seus produtos. Custei a admitir, mas, durante os dias em que usei o carro, fui convencido de que não era apenas “balela”.

Já esperava um bom desempenho, mas a agilidade do modelo surpreendeu. O motor 2.0 TSI de 200 cv, combinado ao e ciente câmbio automatizado de dupla embreagem, não deixa que o motorista sinta os 1.622 kg do veículo. Para quem gosta de guiar de forma mais agressiva, a opção sequencial atende às expectativas.

Só deixa a desejar a ausência das borboletas no volante, que tornariam a brincadeira mais divertida. A capacidade de esterço e as reações rápidas de direção são comparáveis às de um compacto.

Gostei muito também da posição de dirigir, do painel sóbrio e elegante e do espaço interno, apesar de o porta-malas ser pequeno (360 litros), se comparado a alguns rivais. Mas considero o Tiguan um crossover com um conceito mais esportivo e urbano que seus principais adversários, e, neste caso, o porte menor é uma qualidade. Mas nem todos pensam assim. O carro chama bastante a atenção, mas ao saber do preço, a maioria torce o nariz. “Nossa! Por esse preço eu compro um Captiva V6 que é bem maior e ainda fico com uma grana guardada”, disse um amigo. No início, ainda tentei explicar que se tratava de outro conceito, mas decidi não prolongar a discussão.

Comparo o Tiguan mais ao Audi Q5 do que aos crossovers em sua faixa de preço. Afinal, o motor 2.0 é praticamente o mesmo (o Audi tem 13 cv a mais por conta do duplo comando de válvulas variável) e o câmbio, exatamente igual. Já a plataforma é diferente, mas, o resultado, parecido. Os dois têm comportamentos semelhantes em curvas, contam com tração integral e controle de estabilidade. O resumo da ópera é que o Q5 é mais refinado, mas cobra muito por isso (R$ 217.258). Para mim, a diferença de preço não é equivalente à de produto.

Teste de emissão realizado na oficina FRISON TECH Tel.: 11-3901-0813 – www.inspecaoveicular.com.br

O design bem equilibrado e o ar de carro esportivo aliam-se ao seu excelente desempenho e ao seu comportamento dinâmico irrepreensível

Contraponto

No contraponto eu teria que mostrar uma visão diferente sobre o Tiguan. Mas o carro é tão bom que fica difícil. Apesar de alguns concorrentes oferecerem maior porte pelo mesmo preço, esta não seria minha prioridade – prefiro prazer ao volante e desempenho, e nisso o Tiguan é imbatível em seu segmento, ou até mesmo se comparado a diversos sedãs, hatches e outros modelos de categorias diferentes. Extremamente ágil, estável e confortável, nem parece um crossover. Fiquei um pouco decepcionado com seu consumo nos poucos momentos em que consegui conter minha empolgação e aliviar o acelerador – esperava mais economia. Destaque para o novo e impressionante sistema opcional de auxílio de estacionamento (confira os detalhes na seção MotorNews), vendido por atraentes R$ 3.765. Sem dúvida, por R$ 99.990 (preço com desconto temporário), levaria um Tiguan – e com esse opcional.

Flávio R. Silveira | Repórter