Quem, em sã consciência, colocaria um desses carrões na lama ou enfrentaria com eles caminhos difíceis para a grande maioria dos veículos? Eles foram concebidos para enfrentar barro, buracos, ladeiras com pouca aderência, estradas alagadas… Não faltam a eles recursos técnicos para isso, como tração integral, grande vão livre do solo, motores com bom torque em baixas rotações e pneus de uso misto. Mas ambos continuam sendo veículos caros, atraentes, confortáveis e luxuosos, como sugerem suas prestigiadas marcas.

Apesar das propostas semelhantes, há diferenças conceituais entre o Mercedes GLK e o Audi Q5: o primeiro tem traços inconfundíveis de um legítimo SUV, com linhas mais retas, janelas maiores e centro de gravidade mais alto, enquanto o Q5 tem formas e principalmente dinâmica mais parecida com uma station – é um típico crossover. Em resumo, o Mercedes é mais uma perua disposta a enfrentar duras condições de estrada, enquanto o Audi é um utilitário que não quer se distanciar das positivas características dinâmicas de um bom carro, mas nem por isso deixa de ser muito valente na terra.

No GLK, o conjunto motor/ câmbio é mais convencional: um 3.0 V6 que gera bons 231 cv de potência, com 30,6 kgfm de torque máximo, ligado a uma transmissão automática sequencial de sete marchas. Mas, com mais de 1.800 kg, não espere dele respostas nervosas ao acelerador: como na maioria dos Mercedes, tudo nele é suave e tranquilo. Algumas vezes essa característica chega até a incomodar, dando a impressão de que o carro é pesado e lento. Sua suspensão independente nas quatro rodas oferece ótima estabilidade, sem perder conforto.

Os freios são eficientes e a direção, suficientemente rápida. O acabamento interno impecável justifica a marca Mercedes. Estranhamos a diferença nas dimensões dos pneus, nesta versão: rodas aro 19 com pneus 235/50 na dianteira e 255/45 na traseira. Um recurso desnecessário em um 4×4.

Já o Q5 tem outra personalidade. Mais nervoso nas atitudes e respostas ao acelerador, não tem nada comum em seu powertrain: motor 2.0 quatro cilindros com comandos variáveis, turbocompressor e injeção direta, produz bons 214 cv, mas impressiona pelo comportamento quase plano de sua curva de torque, cujo topo (de 35,7 kgfm) começa a 1.500 rpm e vai até 4.200 rpm. Ou seja, sempre que o motorista pisar fundo terá disponível toda sua força, conciliando economia e desempenho.

Mas as novidades do Q5 não param aí: o câmbio automatizado de dupla embreagem é excepcional, com trocas suaves e rápidas no uso diário e esportivas e rapidíssimas quando no modo sequencial. Um exemplo a ser seguido. O opcional Audi Drive Select é quase indispensável: possibilita selecionar o comportamento das suspensões, uma tocada mais esportiva do conjunto motor/câmbio, direção mais leve ou pesada, mais economia de combustível ou melhor desempenho, e assim por diante. As rodas têm 18 polegadas, com pneus 235/50. Para quem curte mais esportividade, o Q5 vem com a quantidade exata deste belo ingrediente.

No preço, o valor sugerido para o GLK é mais alto que o do Q5: a partir de R$ 225 mil e R$ 206 mil, respectivamente. Mas vale a pena pesquisar, pelo menos no caso da Mercedes: a marca tem trabalhado com um superbônus que faz seu preço médio despencar para pouco mais de R$ 180 mil, segundo a tabela Fipe / MOTOR SHOW. No caso do Q5, o preço médio está na casa dos R$ 215 mil.